Capítulo 2 - Seus olhos

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Elena

Eu estava distraída, pensando em como eu vim parar nessa situação. Estou no carro de um estranho, quase fui violada e sequestrada. Por favor universo, já deu por hoje! Fiquei contorcendo minhas mãos, estou um pouco nervosa e com medo. Eu não sei o que fazer, uma parte de mim quer ir embora e esquecer de tudo isso, mas a outra, quer que eu fique e encare tudo de frente.

A porta se abriu e eu virei apenas meu rosto para ver quem era. Era ele! Olhei para sua boca e um pouco de sangue escorria, sua roupa estava amassada, mas ele continuava impecável. Seus olhos encontraram o meu e eu fiquei paralisada, eu não me atrevi a desviar do seu olhar. Eu sou tímida, mas naquele momento eu não me senti intimidada por ele, era como se uma onda de coragem me invadisse. Ele se arrastou no banco e ficou do meu lado.

— Eu tenho que ir para a casa. – sussurrei com a cabeça baixa.

— Lá não é seguro. Eu vou te levar para um lugar onde possa ficar em segurança. – ele me olhou como se quisesse passar confiança, mas falhou. Nesse momento a única pessoa que eu confio agora, sou eu mesma.

— Como assim "lá não é seguro"? Minha mãe está lá. Eu vou pra casa, você queira ou não, eu vou. – falei determinada e com um misto de raiva, mas ele não mostrou nenhum desconforto ou frustração, apenas me olhou com a mão coçando o queixo, ele está me avaliando.

— Você não está em condições de tomar nenhuma decisão, mas não se preocupe. Sua mãe está protegida, eu mandei seguranças vigiarem ela, como fizeram com você antes. – disse. Como assim fizeram comigo antes? Eu estou tão confusa, seguranças me vigiaram esse tempo todo e eu não percebi?

— Que é você? – perguntei com o cenho franzido.

— A pergunta não é quem eu sou, a pergunta certa é; O que eu vou fazer? – sua voz é aveludada, me fazendo ter arrepios em toda parte do meu corpo. Estou com medo, mas algo me faz querer ficar nesse carro. Não sei se é medo de morrer lá fora ou se é alguma outra coisa. Eu acabo decidindo ficar, algo dentro de mim dizia isso.

— Por que está fazendo isso? – olhei em seus olhos buscando uma resposta.

— Você faz pergunta demais. – comentou.

— E você responde de menos. – rebato. Ele tem um ar misterioso, será que ele é algum serial killer? Acho que não, ele não tem cara disso, mas se bem que assassinos são bem discreto e eles não tem cara de assassinos, eles seduzem as mocinhas e depois ás mata. Ok, parei. Eu ando assistindo CSI demais.

— Eu não sei o que faço com sua boca inteligente. – ele balança a cabeça em negação.

— Que tal nada?! – repondo sorrindo. Mas se bem que um beijo não faria mal.

(...)

Chegamos em um aeroporto particular, o caminho foi longo. Já estava anoitecendo, estou quase dormindo. Meu corpo está exausto, toda essa frustração me deixa cansada. Eu preciso da minha cama, da minha mãe, dos seus abraços, dos seus conselhos e que ela diga que vai ficar tudo bem. Eu preciso que minha vida volte ao normal.

Eu estou andando com a cabeça baixa, eu não aguento mais, eu preciso de algum descanso. Levantei minha cabeça e vi uma pista de partida, um pouco mais na frente um jatinho. Com certeza eu não vou andar nisso, eu tenho medo de altura.

— Eu não vou andar nisso nem amarrada. – falei esfregando minhas mãos.

— Não me tente... 

Ele olhou para o jatinho e logo depois para mim.

— Idiota. – murmurei baixo.

— Temos que decolar agora ou você quer ficar aqui e ser morta. Se bem que você não tem escolha. – ele puxou meu braço e me fez entrar no jatinho.

— Me solta, eu sei ir sozinha.

— Eu tenho fita adesiva, se quiser eu posso usar em você.

— Grosso. – respondi com raiva.

(...)

Depois de quase cinco horas de viagem, chegamos a uma cidade que não sei o nome. O clima é de inverno, mas não é tão frio.

— Onde estamos? – perguntei entrando no carro junto com ele.

— Na Virgínia, é só o que precisa saber. 

— Você poderia dizer seu nome? – ele hesitar um pouco, mas acaba cedendo.

— Matt.

— O meu é.... — ele me interrompe

— Não precisa dizer, eu sei que é Elena.

— Como você sabe tanto sobre mim? 

Ele se virou para mim com uma expressão séria.

— Sem mais perguntas. – diz. Ele liga o carro e saímos pelas as ruas de Virgínia.

Estamos em uma casa afastada da cidade, ela parece confortável. Espero que não demore muito para me voltar para casa.

— Seu quarto fica na segunda porta a direita, tomo um banho e se sinta à vontade. – ele foi para seu quarto, me deixando sozinha no corredor.

— Vai ser um pouco difícil, isso não se parece com minha casa. – falei sozinha entrando dentro do quarto. As lembranças invadem minha mente no dia em que entrei no quarto da minha para dizer sobre minha nota.

— Mamãe, eu tirei um 10 na prova de ciência. – falei entrando toda animada, minha mãe teve um susto quando me viu, mas logo abriu um sorriso.

— Parabéns, meu amor. Você merece. – deitei do seu lado na cama e ela me encheu de beijos.

— Quando eu crescer, eu vou fazer faculdade de medicina. – sorri abraçando ela.

— Você será minha medica particular. – Ela disse se gabando.

— A senhora nunca mais vai trabalhar, eu vou te dar tudo que quiser.

— Eu não quero ser um peso em sua vida. Eu te amo e quero seu melhor. Você quer mesmo fazer medicina ou é só para cuidar de mim? – ela me olhou séria.

— A senhora nunca será um peso em minha vida. Eu quero muito fazer medicina, eu quero poder cuidar das pessoas que precisam de mim e eu quero cuidar da senhora.

— Tudo bem, se é isso que você quer eu vou te apoiar. 

Ela me puxou para seus braços e me apertou forte.

— Eu te amo, mamãe. – disse segurando minhas lagrimas.

— Eu também te amo, meu amor. – ela beijou o topo da minha cabeça e ficamos ali deitada.

E tudo vem como um tsunami em minha vida, estou longe das pessoas que amo. E tudo agora não passa de um jogo, preciso saber as regras, eu preciso vencer meus inimigos. Agora, eu só tenho que saber quem quer me sequestrar. Eu posso lidar muito bem com isso, eu sou forte o bastante. Eu tenho um grande motivo para voltar para minha casa, eu vou voltar e fazer minha mãe ter a vida que merece. Agora tudo gira em torno de mim, eu não posso quebra as regras se não serei punida. O jogo é simples, só basta saber jogar.

Desejo ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora