Capítulo 16

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"Estamos frente a frente expondo nossos medos,confissões...Afinal,podemos nos ajudar."

- Jogo Anna? Que jogo? - ele franziu a testa. Coitado acho que ele está pensando que vou fazer outra coisa...

- É um jogo que ajuda a gente a nos conhecer. Você pergunta algo do tipo: Um artista favorito? e eu respondo. É tipo assim...

- Acho que entendi. - ele respondeu.

Fomos pra sala e nos sentamos no chão. Enrolados em edredons que Jonas tinha pego. Eu comecei:

- Um amigo?

- Amigo...Não sei. Qual o nome do seu melhor amigo?

- David. - respondi.

- Então o meu melhor amigo também é ele. - eu ri - Ah,tem o Dan também.

- Dan? - eu não conhecia esse Dan...

- É...é um garotinho de 3 anos que têm cancer...

- Acho que sei quem é. - respondi depois de ter lembrado de ver Jonas segurando Dan em um dos dias em que fui no hospital.

- E você? - ele perguntou.

- Eu o quê?

- Um amigo.

- O David, Jonas. Já tinha dito. - nós rimos.

- Ah, é. - ele coçou a nuca.

- Pergunte agora. - fiz um gesto com a mão.

- Uma amiga.

- Dããã, a Lucy. - eu respondi sem nem pensar.

- Eu também, ela é a minha amiga. - ele riu - Depois de ter me ajudado hoje então...

- Verdade. Sinta-se sortudo. Agora sou eu...Uma cor?

- Azul,eu acho... - ele deu de ombros.

- Eu gosto de roxo. Acho que a maioria das coisas que tenho são roxas... - falei e esperei que ele continuasse.

- Ah é,sou eu... - ele mordeu o lábio inferior e parecia que estava pensando em algo pra perguntar - Uma decepção...

- Bem... - eu mexia em um detalhe da almofada - Acho que foi com meu pai. Mas, agora recentemente foi com a minha mãe, sabe? Tudo o que ela falou de nós dois...e também ela em nenhum momento mostrou estar aqui do nosso lado pra ajudar. Acho que é isso. - ele assentiu com a cabeça e ficou me olhando. Ele não precisava dizer nada. Eu entendia o que ele queria transmitir.

- Eu acho que decepção eu não tive com ninguém... Talvez comigo mesmo por não ter feito nada pra impedir a morte de meu irmãozinho e da minha mãe. Eu era louco pelo dia da chegada dele.

- Chegada? - eu perguntei confusa.

- É Anna. Minha mãe morreu com ele na barriga. Tentaram salvá-lo mais não deu certo. Foi horrível. Me tiraram as duas coisas mais importantes da minha vida de uma vez só. Mas, vamos terminar o assunto por aqui? - assenti - Vai, é a sua vez.

- Uma saudade? - ele mordeu o lábio inferior.

- Da família. - ele esticou as pernas.

- Eu sinto do meu pai. - ele concordou com a cabeça - Não o vejo há muito tempo. - fiz aceno com a mão - É a sua vez.

- Um medo?

- Tenho medo de perder você. - respondi sentindo os olhos cheios d'água.

- E eu tenho medo de acabar com a sua vida. - senti uma lágrima rolar em minha bochecha e ele veio pra mais perto passando a mão para secá-la, em seguida beijando-me na testa.

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