Capítulo 4

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Ele se sentou em uma das cadeiras da recepção, e usava uma daquelas máscaras cirurgicas. Ele não tinha me visto, e agradeci mentalmente por isso. Naquele momento de espera que fui perceber como ele realmente era muito bonito. Mesmo estando com aquela máscara, dava pra ver seus traços perfeitos, seus olhos claros, pele clara. Pena que era tão grosso e mal educado!

Vi que ele parecia mal, e segurava a cabeça com as mãos. Batia o pé no chão insistentemente mostrando que estava muito impaciente. Mas, com o quê? E por quê eu estava tão preocupada em saber?

- Boa tarde. sentei ao seu lado tentando ser simpática. Ele parou com os movimentos que fazia e olhou para mim, mostrando surpresa. Claro,nem eu sabia o porquê de estar ali falando com ele.

- Ah,é você Barbie?- ele disse voltando a bater os pés.

- Barbie não, meu nome é Anna. - respirei fundo, ele conseguia me irritar fácil, fácil. - A pessoa com quem você cisma em dar esbarrões é a Anna! Prazer. - estendi a mão que ficou ali, no ar. Vácuo total.

Que seja! - ele bufou - É quase a mesma coisa! - disse rispidamente, olhando pra mim com uma firmeza no olhar que deu medo.

- Já que não se apresenta, eu pergunto.Qual é o seu nome?

- Ah, qual é Barbie? Resolveu me seguir agora, resolveu falar comigo?

- É, não adianta mesmo falar com você. - ri sarcasticamente - Eu tô tentando ser gentil,e você...você... - me faltaram palavras na hora.

- Ah, cala a boca garota! ele se levantou e chamou a atenção de duas enfermeiras que passavam na hora - Quando você começar a mudar, talvez consiga algum amigo decente. Você não sabe com quem fala e quem trata mal. Deixa de olhar pro próprio umbigo e pensa nos outros! - ele finalizou saindo dali rapidamente e entrando em uma sala onde o chamavam.

Fiquei sentada onde estava com uma raiva imensa. Ah, ele tava achando que eu tava seguindo ele? Pra quê? Ele não tinha me dado a chance de falar, mas em breve eu sabia que teria uma chance de falar com ele de novo e colocar tudo pra fora, porque literalmente a gente se esbarrava por aí.

2 semanas depois...

Jonas P.O.V

- Ajudem, aqui! - sentia os olhos pesados,mas conseguia ouvir alguém gritando.

- O que houve? - ouvi um homem perguntar enquanto segurava meu pulso - Esse garoto está muito mal! Chamem o socorro!

Sei que sou portador do vírus da AIDS há algumas semanas e já me sinto morto.Por que? Essa praga me fez perder toda a minha vida. Nesse momento estou quase desacordado em uma rua.

- Cuidado com ele. - ouvi uma voz de que parecia ser de uma senhora.

Senti que pessoas me colocavam em algo macio,parecido com uma maca.Tentei falar, mas mesmo fazendo o máximo de força eu não conseguia sequer abrir os olhos.

- Não se mexa. - uma mulher disse, parecia que ela tinha percebido meu esforço em fazer movimento.

Senti algo sendo colocado em meu rosto, parecia ser uma máscara de oxigênio, porque só agora percebia que respirava melhor. Estava agoniado, me mexia muito na maca e agora mais de 2 pessoas cuidavam de mim. Senti isso quando duas mãos me seguravam no ombro enquanto outras duas trabalhavam na...injeção.

- Para o hospital mais próximo! Rápido! - foi a última coisa que ouvi a mulher falar antes de cair na escuridão total.

FIM Jonas P.O.V

- Nada como uma boa folga! - minha mãe disse entrando na cozinha. - Hum, já preparou o café?

- Uhum, eu tava com fome. - respondi dando um beijo nela.

- Parece estar bom. - ela roubou minha torrada. - Tá boa mesmo.

- Eu atendo! - levantei rápido da mesa e fui até o telefone que tocava. - Alô?

- Bom dia, sou Mary, do hospital. Sua mãe está?

- Uhum... Mãe, é pra você, do hospital!

Minha mãe veio correndo da cozinha e atendeu receosa. Quando ligavam pra ela era porque o assunto era sério. Ainda mais nos seus dias de folga. Fiquei olhando para ela e vi seu rosto se transformando de alegre para preocupação.

- Eu já vou. - foi tudo que ela conseguiu responder.

- Vai pro hospital? - cruzei os braços.

- Sim, um paciente está super mal.

- Eu vou também. - sorri fraco - Não quero ficar aqui sozinha.

Filha, melhor não...fique aqui  - ouvi minha mãe me falar enquanto colocava algumas coisas na sua maleta.

- Ah, não! - reclamei - Vou ficar na sua sala, dá na mesma do que ficar em casa trancada!

- Já disse, o movimento no hospital hoje está grande, se um dos médicos chefe te ver por lá dá problemas para mim. - ela disse fechando a porta.

Catei meus pertences e corri até o carro. Abri a porta e minha mãe ficou rindo. Rindo?

-Você deve ter um parafuso solto, hein? - ela disse girando a chave. Isso era uma autorização para ir, certo?

***

Viva o Ipod! Sorte a minha ter levado,liguei ele e me pus a ouvir a minha lista de músicas preferidas. Logo depois, cansada de esperar a volta da minha mãe, larguei minha bolsa na mesa e saí da sala. Andava sem rumo pelos corredores, sem saber o que estava procurando ou pra onde ia. Cheguei em uma porta com o aviso: 'Entrada somente permitida aos funcionários'. Parei por 1 momento, pensando se passaria por aquela porta ou não, mas preferi seguir em frente. Me deparei com um outro corredor bem mais vazio,onde pareciam estar os quartos, que tinham em uma parte da parede vidro, que possibilitava a todos que tivessem visão interna. Quando olhava para os quartos via pessoas em camas, umas desacordadas, outras com visitas... O último quarto chegava e eu andava mais e mais devagar. Notei que o paciente me era familiar.

- O que aconteceu? - murmurei colocando a mão no vídeo e apoiando a testa ali.

Ele estava muito pálido, de olhos fechados e estava conectado a aparelhos. Vi o aparelho que estava acima de sua cabeça, e vi que seus batimentos estavam fracos. O movimento rápido de seu peito, pelo pouco que eu sabia, mostrava que ele tinha dificuldade em respirar. Ele não estava bem. Fui até a porta, em seguida entrando na sala fria, andando até bem perto de sua cama. Percebi que o aparelho acusava que seu coração batia menos e menos. O aparelho apitava insistentemente e rapidamente, o que me fez ficar muito nervosa. Passei a mão por sua testa, vendo que ele estava suando. Avistei a campainha de emergência e a apertei bastante, pedindo que alguém viesse ajudar. 

Corri até a porta, abrindo-a rapidamente e gritando por socorro. Voltei até ele e comecei a dar umas espécies de socos em seu peito enquanto chorava e tremia muito. Pode ter parecido loucura, mas foi a única coisa que veio em minha cabeça. Minhas mãos tremiam e parecia que eu tinha um nó na garganta. Os médicos e enfermeiros não apareciam, e continuei fazendo o mesmo movimento até perceber que o aparelho voltara ao normal. Logo que o aparelho se instabilizou a porta foi aberta,e minha mãe era uma das pessoas que entravam no quarto. Eles se dirigiam a ele e fizeram algumas observações.

- Anna, saia daqui,agora! - minha mãe me disse,parecendo estar muito brava. E estava.

Antes de sair da sala o observei ainda, e quando uma das enfermeiras saiu da frente dele eu vi que ele  estava acordado e olhava para mim com um olhar confuso...com um semblante fraco. Ele continuou me encarando até que eu cruzasse a porta. Saí dali rapidamente, querendo que tudo aquilo não tivesse acontecendo. Passei na sala da minha mãe e deixei um bilhete dizendo que tinha ido embora. Iria pra casa da Lucy. No hospital que eu não iria ficar mais.

Tudo estava muito perturbador.




HEEEEEEY PESSOAS! OBRIGADA A TODOS OS OLHINHOS E COMENTÁRIOS, ESPERO QUE EU ESTEJA AGRADANDO A TODOS! COMENTÁRIOS ABERTOS PARA SUGESTÕES E ELOGIOS. PROXIMO CAPÍTULO NO DOMINGO, OK?

BEEEIJOS!   :*

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