Capítulo 4 : Oh Deus, onde está sua cultura?

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Aquelas três horas pareciam ser infinitas, e não havia se passado nem dez minutos. Brya estava sentada no sofá que lembrava o sofá de Christina, ao lado de Dylan, apenas pensando. Nenhum deles havia falado nenhuma palavra desde que haviam partido para a viagem, e para Brya e Dylan, parecia um silêncio ensurdecedor. Gotham nem estava tão preocupado, já que estava conversando com Raion sobre como a nave era legal.

– Oh meu Deus! Nem sabemos se a atmosfera desse planeta é toxica ou não. Onde eu estava com a cabeça? – gritou Maureen.

– É tarde demais pra desistir, gata. – Dylan disse, com o olhar fixado no chão e a voz como se estivesse falando com uma comida que ele iria se arrepender de comer, mas comeria do mesmo jeito, uma pimenta.

"Gata" pensou Brya. "É algo tão... ultrapassado. Mas porque ele a chamou de gata? Ele a acha bonita? E porque eu me importo com isso? Ele não é sequer meu amigo. Porque estou com ciúmes? Mas eu não estou com ciúmes!" Brya se assustou, falava mais em seu pensamento do que havia falado naquela capsula. Resolveu puxar assunto com Caih e Vermo, que estavam ao seu lado no sofá, ignorando Dylan,

– Então, hey, obrigada por virem. Achei que vocês iriam desistir. – Brya soou nervosa, sentiu que estava atrapalhando alguma conversa que havia se tornado intima para Caih e para Vermo.

– Oh, eu adoro adrenalinas. Além do mais, o que eu tenho a perder? Já vivi o que precisava, agora quero viver o que eu realmente quero. – Vermo estava entusiasmado.

– Eu nem sei por que vim. Talvez vocês precisem de mim. – Caih deu uma risada tímida, tentando disfarçar o nervosismo.

– Bom de qualquer forma, muito obrigado. Espero que seja legal. Então, me contem a história de vocês, com detalhes. Adoraria saber onde nasceram e coisas assim. – Brya virou se totalmente para o lado deles, excluindo Dylan.

– Bem, minha história é curta. Nasci no Sul, família de classe média, terminei os estudos e me alistei no exercito, guarda marcial. Viaja a outros planetas, procurando vida, fontes de energia, recursos que Pani poderia usar, e foi isso. Fui dispensado com honras e resolvi seguir meu sonho de infância de fazer agronomia, e bem aqui estou eu indo a Terra. – Vermo fazia gestos com as mãos enquanto falava, entusiasmado.

Pessoas adoram falar de si mesmas, Brya pensou. Mas ele até que era charmoso, tinha um ar divertido, se fazia querido aonde chegava. Ótima companhia num lugar onde metade as pessoas acha que você quer mata-lós.
– E você, Caih?

– Eu... Não há muito sobre mim. Eu nasci no Sul também, mas era de uma família de classe muita alta. Desde que me entendo, conheço a Luna, somos amigos desde então, irmãos... E eu estou me especializando em medicina, pois meu pai iria querer isso... – Caih falava sempre com a voz mais baixa do que qualquer ruído.

– Seu pai iria querer? Ele está... –

– Morto, enterrado, e em fase de decomposição. – Caih não parecia nem um pouco afetado, talvez até feliz com isso.

– Uau... Bem, sinto muito por isso... – Brya pegou na mão de Caih, que ficou vermelho no instante em que ela pegou, e logo soltou. – Mas, mudando de assunto, Vermo... – Ela olhou para Vermo – Você não tem namorada? Quero dizer... Não é da minha conta, mas... Não sei, pra termos um assunto. – Brya deu um sorriso nervoso.

– Ah, tudo bem, vivem me perguntando se sou casado ou tenho filhos. Atravessar atmosferas diferentes da de Pani envelhecem quem morou em um planeta como aquele pela vida inteira... – Ele fez uma pausa após ouvir um "Mas o que?" histérico de Maureen. Até se divertiu com isso, e deu uma leve risada. – Mas, respondendo sua pergunta, tenho, tenho sim.

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