Capítulo 11: Cíumes.

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Brya acordou no peito de Gotham e só então se deu conta que tinha dormido com ele. Apenas dormiram, pelo menos, pensou Brya. Ela o observou, dormindo calmo e pensou em como adorava acordar abraçada com ele antigamente. Sentiu vontade de beijá-lo naquele estado sereno, mas se contentou com um suave beijo na testa. Ela olhou pela janela e viu que o sol ainda estava raiando, então saiu de fininho e deixou Gotham e Vermo dormirem. Não sabia o que Dylan falaria daquilo, já que de certo modo eles estavam juntos agora. Mas decidiu não comentar nada e foi comer. Então Dylan parou na divisória bem em sua entrada e olhou Brya fazendo sua torrada.
– Teve uma boa noite? – Dylan cruzou os braços e olhou para Brya friamente.
– Ah... Olha, não aconteceu nada. Eu precisava conversar com Gotham.
– Sim, trocar saliva também né?
– Dylan, pare. Confie em mim, eu precisava conversar com ele. É um assunto muito delicado, de muito tempo atrás.
– Por que você não falou comigo? – Dylan parecia indignado. – Eu sou o seu namorado. – Ele nem sentiu essas palavras saírem de sua boca, apenas saíram.
– Você é meu namorado? – Brya parecia curiosa
– Você disse que queria a gente juntos. Pra mim foi um jeito sutil de me pedir em namoro.
– Eu te pedi em namoro? – Brya riu.
– Sim.
– Ok, mas se isso for um namoro, precisa de confiança. Você tem que confiar que eu quero você, e quero estar só com você.
– Eu entendo isso, mas... Você e Gotham tem um passado juntos, e a gente se conhece há o que? Duas semanas?
– O que importa não é o tempo, sim a intensidade do que sentimos.
Dylan abraçou Brya. Isso era verdade. Ele não ligava se gostava dela há duas semanas, sentia como se fosse desde o momento em que nasceu.
Vermo apareceu na cozinha e Maureen logo atrás.
– Então o casal está mesmo junto? – Disse o ruivo, vendo eles abraçados.
– Pode-se dizer que sim. – Dylan disse.
– Mas aquilo não foi um pedido de namoro. – Brya olhou sorrindo para Dylan.
– Então eu peço... – Ele fez cara de entediado. – Quer namorar comigo? – Sorriu. Aquele sorriso derretia Brya.
– Claro. – Ela deu um beijo em Dylan e saíram para a sala de mãos dadas.
Maureen assistiu tudo com raiva, ódio por assim dizer. Eles não podiam namorar, não era certo. Quem devia ficar com Dylan era ela. E ela precisava provar isso para ele. Precisava chamar sua atenção, e sabia bem como.

Todos os outros acordaram e se aprontaram para voltarem para o acampamento para Caih. No caminho, Brya e Dylan não se desgrudavam, o que machucava Gotham. Tolo, ele dizia pra si mesmo, só por que ela te procurou não quer dizer que te queira de volta.
Maureen se aproximou de Raion, pegando em sua mão. Ele a olhou torto e tentou soltar.
– Tudo bem? – Ele perguntou, tirando sua mão da de Maureen.
– Melhor agora. – Ela sorriu.
Raion achou estranho, mas preferiu esquecer o que acabara de acontecer.
Passam-se duas semanas, o grupo continuava indo visitar Caih todos os dias, enquanto Calis os contava fragmentos de tudo o que acontecera, e Brya tentava se manter afastada. Maureen se aproximou de Raion. Ele pensara que ela só queria sua amizade, mas ela tramava algo diferente.
Quando completaram um mês no novo planeta, quiseram comemorar fazendo uma pequena reunião em torno da fogueira ao lado da cápsula na praia.
– Eu não imaginaria que seria tão feliz assim. – Dylan sussurrou no ouvido de Brya.
Todos estavam sentados ao redor da fogueira, comendo um prato que Calis pediu para preparar especialmente para eles.
– Nem eu. – Brya sorriu. Ela estava mentindo. Já havia sido feliz assim, com Gotham, quando tudo era garantido. Quando ela não sabia quem era seu pai, e sua mãe estava em casa, e Gotham a visitava todo dia, dormiam juntos, sorriam juntos. Mas precisava se concentrar em Dylan, esse mês ele havia sido o melhor garoto que pudera. Fez tudo ao seu alcance para fazê-la feliz. Ele realmente gostava dela, e ela gostava dele. Mas Gotham sempre por perto, ela machucava a si mesmo. Era egoísmo ser feliz sem Gotham. Sem estar ao lado dele.
– Ainda não entendi por que não estamos morando na vila. Quero dizer, já faz um mês que estamos aqui. E lá é um castelo, enorme, aqui é... Uma cápsula. – Caih disse para ninguém em especial.
– Não vamos morar lá. De jeito nenhum. – Brya se irritou.
– Por quê? – Caih ficou indignado
– Porque não. – Gotham disse.
Dylan sabia que havia algo intimo que só os dois sabiam. Isso o incomodava. Esse passado deles valia mais do que um mês. E era isso que Dylan mais temia. Que Brya desse mais valor ao passado do que ao presente.
Enquanto todos estavam conversando, Raion e Maureen riam de algo que ninguém sabia, nem eles mesmos. Haviam ficado tão íntimos que começavam a rir de estrelas. E Luna não gostou disso.
Quando todos estavam conversando, e se preparando para dormir, Maureen beijou Raion. Sem aviso prévio, sem alvoroço. Ela apenas o beijou, calma e solenemente. Não durou muito, mas o suficiente para despertar raiva em Luna e Dylan e um pouco de horror em Raion. Com esse beijo ele sentia que estava traindo Meriann, apesar de nem falar mais com ela ele ainda a amava, muito.
Dylan conteve sua raiva, não podia transparecer isso, principalmente com Brya ao seu lado. Mas não conseguiu disfarçar, sua cara de decepção foi automática.
– Estamos cheios de casais nessa viagem, han. – Vermo comentou para si mesmo.
Maureen pegou Raion pela mão e o levou para dentro da cápsula e os trancou no quarto das meninas. Brya e Dylan também entraram e foram para o quarto de Dylan.
– Só restamos nós três, hein. – Vermo sorriu, mas nem Gotham ou Caih ou Luna retribuíram o sorriso. – Vamos entrar, está ficando tarde.
Vermo convidou Luna para dormir no quarto em que ele e Gotham dormiam e pegaram no sono. Luna ficou acordada com uma sensação estranha. Ciúmes talvez. Não, ela afastou a ideia da cabeça. Não é possível.

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