/NEWORLD/

Capítulo 15: Todos as loucuras possíveis.

Ficaram no banheiro por horas trancados, parecia que existiam apenas os dois no mundo e tudo parou. Brya nunca imaginou se sentir tão bem assim. Teve tanto medo de não ser boa o bastante, e no final não ligou para o que Gotham acharia dela, pois ela estava se sentindo muito bem. Quando tudo acabou, Brya aproveitou que estavam debaixo do chuveiro para banhar junto com Gotham, que a beijava em todos os lugares possíveis. Quando saíram do banheiro Brya lembrou que havia deixado à porta trancada e foi destrancá-la.
– Onde será que estão todos? Está tão tarde e nem sinal do pessoal. – Ela perguntou para ninguém em especial.
Gotham e Brya haviam se vestido e Brya pegou na maçaneta para sair quando Gotham a puxou para um beijo, mas ela desviou.
– Brya? – Gotham estava frustrado.
– Got, não podemos fazer isso. Não podemos voltar ao que éramos. Já discutimos isso. Tudo o que eu fiz foi em vão?
– Tudo o que nós acabamos de fazer foi em vão?
Brya apenas saiu sem olhar Gotham. Ele nunca saberia que ela havia saído com lágrimas nos olhos e o coração partido.

Meses depois, todos haviam se afastado. A equipe não era mais uma equipe. Brya treinava diariamente, Vermo também. Caih estava tentando entrar para a Patrulha junto a eles. Luna passava o dia na praça brincando com crianças, ou na sala de reuniões lendo os vários livros que havia lá. Gotham passava horas do dia pensando em Brya, assim como Dylan.
Maureen e Dylan estavam no refeitório jantando com Vermo e Calis. Maureen vestia uma roupa que sabia que provocaria Dylan e se passado todo esse tempo ele não tentara nada com ela, hoje tentaria. Ao terminarem de jantar, Maureen o pediu para ir para o quarto vazio ao lado do deles.
Dylan esperou Maureen se sentindo solitário. Só ele naquele quarto enorme cheio de camas vazias o arrepiava. Quando Maureen entrou, com um vestido vermelho colado e um sorriso malicioso estampado no rosto, trancou a porta.
– Você está... Maravilhosa... – Ele parecia ter perdido o fôlego.
– Eu sei. – Ela disse rindo. Seu plano estava funcionando. – Vamos aproveitar a noite...
Maureen foi para cima dele o beijou pelo pescoço até a clavícula, e Dylan se afastou dela.
– O que foi? – Ela disse, desapontada.
– Não consigo.
– Por quê? Não sou atraente o suficiente?
– Não. Você está espetacular. Eu só... Fico pensando demais.
– No quê? – Ela acariciava o rosto dele e começou a falar arrastado.
– Você não vai gostar... Não vai querer saber... – Ele se afastava dela, como se o toque de Maureen o queimasse.
– Dylan, achei que estivéssemos realmente tentando algo. Se quisermos ter alguma relação, não precisamos de segredos. Você está com medo? É isso? Você vai se sair bem. Confio em você. Você consegue fazer isso.
– Não preciso de uma palestra motivacional, Maureen. – Ele soava cauteloso. – Eu estou tentando. Realmente adoro você. Mas sentimentos são mais complicados do que um 'eu quero'.
– Sentimentos?
– Sim.
– Como assim? Se faça entender, querido.
– Você não quer saber. Vamos mudar de assunto. Vamos dormir. – Ele estava hesitando, indo até a porta.
– Pare. Pare onde está. Eu quero saber. Se tem algo que mais quero agora é saber o que está acontecendo. Você realmente tem agido estranho. Não que você sempre fosse carinhoso desde o começo, mas tem ficado tão distante. E nunca tenta nada, quero dizer... Você me entende. Parece que eu sou um enfeite na sua vida. Algo para você dizer "ah, uma namorada? Tenho sim." E só. Diga-me o que está acontecendo para que eu possa entender o porquê de tudo isso. Porque eu realmente gosto de você.
– Está bem. Você está certa. Você merece a verdade. – Dylan se sentou. – Alguns meses atrás eu conversei com Brya na praça. – Ele viu o olhar magoado de Maureen – Eu tentei me manter afastado, você sabe. Mas ela veio até mim e começamos a conversar. E ela disse que também me amava... Venho pensando nisso o tempo todo ultimamente. Porque sabe, ela nunca disse que me amava. Apenas dizia que gostava de mim, da minha companhia. E isso ficou na minha mente, quero dizer...
– Também te amava? Também? – Maureen o interrompeu furiosa.
Dylan ficou em silêncio. E Maureen começou a gritar:
– Não acredito que vocês ainda estão nesse estúpido jogo de dizer que gostam de alguém e se afastarem. Se você a quer, fique de uma vez com ela, meu Deus. Dylan, eu vi você com ela e foi a pior dor que eu pude suportar, mas eu suportei. Não fique comigo como artefato, como sobra. Não quero isso. Não quero ser feliz se você não estiver feliz. Pare de fingir, por favor. Eu preciso de você de verdade, inteiramente aqui comigo. Agora, nesse momento, sei que está pensando nela. Mas tudo bem. Quer saber? Pense o quanto quiser. Está livre para fazer o que quiser com ela, em pensamento ou não. Porque nós acabamos Dylan. Não quero um relacionamento assim. Quando só uma pessoa tenta, não dá certo.
Dylan estava paralisado. Ele gostava de Maureen, gostava de como ela o fazia rir com seu jeito mesquinho e egocêntrico de ser. Gostava do andar confiante dela e de seu sorriso exuberante. Gostava da pessoa de Maureen com ele, uma pessoa calma, tranquila, que não forçava nada. Eram tão naturais. Mas ele não podia deixar de pensar que parte dele estava feliz por ela ter falado isso, assim ele se livrava da culpa de pensar em Brya ou até mesmo ir atrás de Brya.
– Tentamos e não deu certo. – Ela soava fria. Ela ainda está falando? Pensou Dylan, que logo se arrependeu de pensar isso. Ele não se cansava dela, mas estava ocupado demais pensando no próximo passo para recuperar Brya para prestar atenção em algo que ela falasse. – E eu quero que você seja feliz. Tenha uma boa noite. Adeus. – Maureen saiu batendo a porta e logo ele ouviu a porta do quarto ao lado ser aberta e logo depois fechada em um estrondo.
Ele sabia o que deveria fazer. Olhou no relógio e viu que no horário local eram dez da noite, e Brya ainda estava no pátio treinando. Ele correu até a porta e a saiu.