5. Mas... Você tinha desaparecido!

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Dimitria está segurando o bilhete e me encarando, assustada.

Encaramos-nos por alguns segundos. Ela quebra o silêncio:

- Viu? Não é culpa sua. É um simples bilhetinho. Eu ainda estou aqui.

Sinto-me envergonhado. Eu tinha certeza que esse tal bilhete fazia as pessoas desaparecerem. Desço as escadas e pego o livro. Não sei o que falar agora. Dimitria ainda está me encarando.

- Eu não estou imaginando coisas. - Falo, chateado - Aliás, você fez uma árvore crescer do nada, deveria ser menos cética.

Ela suspira:

- Eu não sou cética. E estou demorando pra engolir essas... Novidades.

- Dimitria - Digo - Você está mais reservada, menos escandalosa, está quase... Tímida!!

Ela abre a boca, mas a fecha novamente. Sabe que tenho razão.

Sento no sofá ao lado dela, e reparo que ela exala um aroma de... Flores. Não falo nada. Abro o livro na segunda página. Ela lê. E quando vai dizer alguma coisa, o vento faz o livro ir para a página três. E me assusto quando percebo que tem algo escrito: Mas ontem não tinha nada nessa página!!

Leio:

"Lição 2: Convocação do Submundo.

Feche os olhos e concentre-se. Imagine uma luz em forma humana, guie-a até você e a receba."

- Que tipo de livro é esse, Héditer? - Dimitria pergunta olhando para mim. Desconfiada.

- Outra lição! Apareceu outra lição!! - Falo animado. - Tenho que fazer isso agora!!

Dimitria me olha com a testa franzida, sem entender. Pego-a pela mão e conduzo-a até lá fora. Está escuro, e eu gosto disso.

- Héditer! Está frio, vamos entrar.

- Confie em mim, Dimitria. Fique aqui.

Vou até o mesmo lugar em que realizei a lição 1. Coloco o livro aberto aos meus pés. Ergo as mãos para a lua e fecho os olhos.

- Héditer, você está fazendo macumba? - Dimitria pergunta, séria.

- O que? Não! Apenas... Espere.

Com os olhos fechados, tento imaginar uma luz em forma humana. E de repente vejo uma pequena luz, ou imagino, não sei, então a chamo mentalmente, ela se aproxima de mim e começa a parecer uma silhueta, fica cara a cara comigo.

Dimitria grita. Quando abro os olhos percebo que tem uma pessoa na minha frente! Um homem. Ele é meio transparente e brilhoso, totalmente esbranquiçado. Usa uma roupa diferente, de outra época. Parece ter uns 25 anos, ou menos. Os cabelos parecem loiros.

Encaramos-nos. O homem parece assustado. Sinto Dimitria me puxando pra trás.

- O que você fez? - Ela está desesperada.

- Olá. - O homem/espírito fala com uma voz meio rouca.

- Olá, como vai? - Respondo, sorrindo.

- O QUE? Você vai mesmo conversar com um morto? - Dimitria grita.

- Olha, eu sei que é estranho, mas esse livro - Pego o livro do chão - me ensina a fazer coisas. É incrível, Dimitria, ontem eu...

O filho de HécateOnde histórias criam vida. Descubra agora