10.Héditer: Surge uma aliada

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Héditer

Estou na floresta, correndo... O único barulho que ouço é o meu coração batendo e se sobrepondo a qualquer outro acontecimento digno de importância para o meu cérebro. Gritos. As Arqueiras estão correndo atrás de mim, em alta velocidade. Tropeço e caio de cara na grama, vejo as botas de pano de dezenas de mulheres me cercando. As Arqueiras. Levanto-me e percebo que estou no núcleo de um círculo feito por furiosas mulheres arqueiras... Suas flechas apontadas para mim, prestes a atirar... Mas uma explosão faz com que elas se virem para trás, olho para cima e vejo fumaça vinda do Templo da Suprema.

Quase todas se viram e correm pra lá. Menos duas, que me amarram em uma árvore e correm também em direção ao Templo. Fico olhando a densa e escura fumaça. Preciso escapar, mas como?

Uma Arqueira aparece do meio das árvores. Pronto, agora minha cabeça já era. O capuz cobre seu rosto, ela para na minha frente e tira o capuz. Reconheço seus olhos azuis profundos e seus cabelos negros. É a garota iniciada, Daniele? Ah não, seu nome é Isabelle.

Ela está segurando uma faca afiada, se aproxima mais ainda de mim... Ela está aproximando a faca da minha barriga para... Cortar a corda?

Ela cortou a corda!

- O que... Mas...

Isabelle faz um sinal para eu me calar.

- Me siga – Ela fala baixinho – Tente ser silencioso, por favor.

Isabelle guarda a faca e começa a andar na direção oposta ao Templo. A sigo. Passos... As Arqueiras! Isabelle percebe e começa a correr, eu corro também. Ela para de repente e eu esbarro nela.

- Ai, cuidado. Suba nessa árvore. Rápido. – Ela aponta para uma imensa árvore cheia de galhos.

Agarro o galho mais baixo e vou subindo pelos outros. Olho para baixo e vejo Isabelle colocando o capuz.

- Iniciada! O que você está fazendo aqui? – Vejo outra mulher encapuzada aparecer, depois outra, outra... Até ter diversas mulheres.

Meu sangue gela. E se ela me entregar? E se alguma delas olhar para cima e me ver?

- Eu me perdi no meio da correria, desculpe. – Isabelle fala, olhando em volta fingindo estar realmente perdida. Convincentemente.

- Você sabe a regra número um, não sabe? – A mulher fala, rudemente – Se não sabe, vou te ajudar: Nunca ande sozinha! Você viu o que aconteceu com a Lara, ela foi morta por andar sozinha, morta pela nova Suprema, aliás.

No seu melhor teatro de inocente, Isabelle responde:

- Ah, me desculpe. Eu me assustei. Não acontecerá novamente.

- É bom mesmo. – A mulher mostra algo para Isabelle, acho que é uma... Corda – O moleque fugiu. Alguém cortou a corda. Deve ter mais deles por aqui. Tome cuidado. Você viu ele?

A resposta de Isabelle faz meu coração quase parar:

- Vi.

- Onde?

- Ele está... Em algum lugar pra lá. – Ela aponta para o norte.

Respiro aliviado. Minha mão escorrega em um galho afiado e acabo cortando meu dedo, sangue começa a escorrer. Tento estancar o sangue do corte, mas antes que eu consiga, dois pingos escorrem e caem, acertando as costas da Arqueira que fala com Isabelle. A mulher parece sentir e olha pra trás, e quando vai olhar pra cima...

O filho de HécateOnde histórias criam vida. Descubra agora