8.Héditer: Surge uma vilã

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Héditer

A queda parece nunca acabar. Kiera grita incessantemente. Tudo à minha volta está um borrão verde e azul. Algum tempo depois caio em alguma superfície elástica, nesse meio tempo sinto tudo dentro de mim saindo do lugar, depois voou novamente e caio de novo. É uma rede? Quando tudo se acalma, olho em volta, e confirmo minha suspeita: é uma enorme rede feita de grossas cordas entrelaçadas.

Kiera fala, parecendo com dor:

- Acho que meu pâncreas saiu do lugar. Ai...

Olho pro lado, ainda deitado, e vejo Kiera na mesma posição que eu, cabelos desgrenhados. Sento-me e sinto uma dor aguda na barriga. Vou engatinhando até a beirada e pulo no chão. Kiera faz o mesmo.

Estamos em uma floresta, o gigante parece ter sumindo, pois não o vimos. Lírios azuis estão cobrindo o chão, com diversas borboletas coloridas sobrevoando as flores e a floresta. Passarinhos cantam. Árvores enormes cobrem a paisagem, estamos em um ambiente iluminado. Ajudo Kiera a descer da rede. Seus olhos lacrimejando.

- Ai meu braço, minha perna, minha barriga... Nossa, que lugar lindo! – Ela subitamente para e observa os lírios.

O chão treme novamente, de novo, de novo... Caio no chão. O gigante está indo para o outro lado, vemos parte das costas dele entre as árvores, até desaparecer e tudo se tranquilizar.

- É um gigante mesmo? – Penso alto, enquanto me levanto.

Kiera responde, abraçada a uma árvore.

- Claro que é, nunca pensei ver um ao vivo! Ou que eles existiam!

Kiera passa as mãos pelos cabelos.

Decido andar pela floresta, saber onde estamos. Kiera corre atrás de mim, as árvores são grandes e cobrem o céu, passamos dos lírios e chegamos a uma casa abandonada em meio às árvores, está trancada. Kiera está reclamando da vida, nem presto atenção. Ouço um... Choro?

Vou em direção ao choro, atrás da casa, e me deparo com uma garotinha sentada no chão, com o rosto entre as mãos, chorando. Ela está vestida com um casaco amarelo. Kiera me olha.

- Oi, está tudo bem? – Digo enquanto me aproximo da garotinha.

Ela olha pra cima, o rosto parece normal, ela me fita e sorri.

A garotinha se levanta, ainda sorrindo. E começa a fazer uma única trança, quando termina ela se transforma em uma... Mulher? Ela está usando uma túnica curta verde que vai até perto do joelho , um colar de folhas e suas pernas estão à mostra, seus pés cobertos com uma espécie de bota de pano amarrada por pequenas cordas. Seus cabelos loiros presos em uma trança. Em suas mãos, um arco e flecha dourado apontado pra nós.

- Sim, eu estou bem, já vocês... – Sua voz soa melódica.

Diversas mulheres nos cercam, todas vestidas igualmente à garota/mulher. Suas feições raivosas, nos olhando e apontando flechas afiadas em nossa direção. Todas estão com o cabelo preso em uma trança.

Uma das quarenta mulheres anda em nossa direção, para em nossa frente e fala, sorrindo:

- Nossa Suprema ficará feliz em ver os dois.

O filho de HécateOnde histórias criam vida. Descubra agora