Parte 2 - livro 2

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Capítulo 4 – Você me enganou

Por dentro, o castelo não era assim tão incrível. Eu, particularmente, esperava mais. Começamos a atravessar o longo caminho de pedras brancas cercadas por arbustos e árvores, tudo branco. Depois de um quilômetro andando, chegamos às escadarias do imenso Castelo Branco. Aliás, chamar de imenso é pouco para o tamanho do lugar. Ao redor, ninguém pelo pátio esbranquiçado e sem graça. Apenas os dragões no céu entre as nuvens coloridas.

- Que sorte que o portão se abriu sozinho, não é? – pigarreei e encarei o rosto preocupado de Heloisa. Ela parecia prestes a desmaiar desde que chegamos.

- Sim – ela deu um sorriso falso. – Muita.

Ambas paradas há dois metros das escadarias de diamantes reais, nos entreolhamos. Estranhamente, não fiquei tão alarmada por estar ao lado do lugar onde habitava uma deusa idiota que prendeu minha mãe. Minha mãe está aqui dentro! Tive um pequeno surto. Respira, Dimitria, respira...

- Algum problema? – perguntei, exasperada, do quarto degrau quando percebi que ela hesitava em subir as escadarias reais comigo.

- Não... – Heloisa respirou fundo e foi até mim, hesitante e lentamente.

- Olha esses diamantes – apontei para o chão, no vigésimo oitavo degrau. – Vamos, sei lá, tentar pegar um? – falei e me ajoelhei. Tentei soltar um pedaço grande e reluzente de diamante da escadaria, mas não consegui. Ouvi um dragão voando baixo, mas não me preocupei, pois eu tinha uma amiga feiticeira que podia soltar fogos explosivos na cara dos inimigos.

Heloisa estalou o dedo e ouvi uma faísca sair do chão. Peguei o diamante, recém-solto, na mão e o analisei. Ele parecia ter uns mil quilates. Quando eu sair daqui, vou vender. Fiquei em pé, segurando com cuidado minha nova renda extra. Ali tinha milhões deles, claro que a falta de um não seria problema pra Selene.

- Nós não temos armas – constatei ao perceber que Heloisa estava quase chorando. – É por isso que está com essa cara?

Ela me olhou e uma lágrima escorreu pela sua bochecha.

Então eu a abracei, para acalmá-la.

- Não é isso... – ela me empurrou pra longe e limpou o rosto.

- Então o que é? – sem resposta. – Olha, eu também estou com medo, pode não parecer, mas estou me cagando aqui – tentei sorrir.

Ela deu um sorriso rápido, mas logo fechou a cara e correu até o alto da escadaria real e brilhante. Tinha cinquenta e quatro degraus. Dei de ombros e corri atrás dela, ainda segurando o diamante entre os dedos. Do alto das escadas era possível ver toda a extravagante extensão do labirinto. Seus corredores cinza e escuros, algumas sombras desconhecidas, as partes onde estava sol, onde chovia... mais cedo, Heloisa me dissera que andamos por quase onze horas. Nem percebi, pois o tempo não era muito normal no labirinto.

Parei em frente à gigantesca porta desenhada que se abriu para nós silenciosamente.

- Estranho essas portas se abrirem do nada – falei, me decepcionando com o fato do castelo ser minúsculo por dentro. Digo, ainda era grande, mas por fora era "enormegrande" e por dentro só enorme mesmo.

Adentrei a sala principal me sentindo rica, então, me imaginei sendo a vilã da vilã que lutaria contra qualquer um que aparecesse ali...

- Senhora! – um anão velho e enrugado vestindo um smoking branco apareceu de uma fenda na parede e fez uma reverência tão exagerada que seu nariz tocou o chão de diamantes.

O filho de HécateOnde histórias criam vida. Descubra agora