9.Dimitria: Descubro que não sei dirigir

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Dimitria

- Você é o irmão do Héditer... – Sussurro. Só que eu não sei sussurrar! Affs! Reviro os olhos. O mundo inteiro me ouviu.

Braeno paralisa e me encara fixamente:

- Espere, você disse Héditer?

- Sim! Eu o conheço, mas no momento ele está meio longe... Tipo em outra dimensão... É complicado, na verdade somos amigos.

Braeno ainda me encara. Sorri.

- Agora tudo faz sentido! Minha mãe me disse que eu o encontraria! Cadê ele? Está lá fora? – Ele anda até a janela e olha pra fora.

Ernesto intrometidamente fala:

- Ele e uma garota entraram em outra porta, ou portal... Não sei. Mas não tem como voltar... A passagem se fechou.

Braeno se vira para nós, seu rosto murchando:

- Ele... Por acaso está na Floresta dos Lírios?

Fazemos que sim, mesmo não sabendo exatamente se é nessa tal Floresta dos Lírios que Héditer e Kiera estão. Braeno se cala.

- Acho que você nos deve uma explicação. – Falo. Isso está confuso, e eu quero respostas.

Beatrix, injustamente linda, e Giancarlo, os gêmeos, estão sentados no sofá velho, ao lado deles, Braeno. Eu e Ernesto estamos no sofá menor. Esse apartamento está velho e destruído. Braeno começa:

- Há dez anos, eu fui pescar com meu pai no Lago Lagosta. Mas, houve um acidente... Enquanto estávamos à deriva... Fomos atingidos por um raio, meu pai morreu na hora... – Ele funga – E eu, bem, só me lembro de acordar em um hospital, eu perdi a memória. Lembrei-me disso há alguns meses, quando minhas lembranças voltaram. Eu morei com uma mãe social por três anos, até alcançar a maioridade e depois disso... Não importa! Acontece que ontem eu recebi uma mensagem da minha mãe, sei lá... Um holograma eu acho... – Me lembro da imagem da senhora Hécate no chão da sala – E ela disse que precisava de ajuda...

Braeno para e suspira, olhando para seus tênis. Levanta-se e pega um papel dobrado no bolso de sua calça e me entrega:

- Recebi essa carta ontem. Apareceu no meu quarto, junto com um mapa estranho.

Abro e leio:

"Braeno, encontre seu irmão".

- Viu? Eu não entendi nada! Onde está o Héditer? E onde está minha mãe? E por que encontrar o meu irmão? – Braeno anda de um lado pro outro. Deixando-me zonza! Affs!!

Mas meu único pensamento é: Que fome. Ah, não é hora pra isso.

Preciso encontrar o Héditer, assim, ele e Braeno, juntos, talvez saibam o que fazer... Mas como?

Vou até o parapeito da janela, olho pra baixo, vejo que é alto e resulta em uma bela queda e me jogo, cansada da vida!

Mentira! Mas eu quero esquecer tudo isso. Affs! Quero voltar a trabalhar no mercado Boros, quero minha mãe em casa e quero voltar a ter minha antiga vida sem graça, quero minhas sementes... Mas isso significaria não ter conhecido o Héditer...

Ernesto está calado, fitando o vazio.

- E como vocês vieram parar aqui?

Giancarlo decide se pronunciar:

- Ontem a gente estava na casa do Braeno assistindo um filme. Daí o Braeno foi na cozinha e depois voltou dizendo que viu a mãe dele pedindo ajuda, mandando ele ir até a praça da cidade. Mesmo a gente falando que era maluquice, ele foi, e nós também. Quando chegamos lá tinha um buraco que não tinha antes e ele estava brilhando! O Braeno pulou no buraco e não voltou mais. Eu e minha irmã fomos atrás dele e acabamos aqui. Ainda não entendi como. É confuso.

O filho de HécateOnde histórias criam vida. Descubra agora