capítulo 7

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Gabriel p.v.o

Poucos instantes depois que a Aila saiu de lá o diretor apareceu.

- Cadê a m... - ele deu uma pausa - Aila.

Achei estranho, mas não comentei nada.

- Saiu, meio abalada até por sinal. - meio abalada? A quem você está enganando Gabriel? Ela estava bem abalada e você piorou a situação!

Ele não disfarçou o semblante triste, como se tivesse terça culpa disso.

- Okay, assina os papeis aqui - ele disse olhando para os lados, procurando alguém - está liberado das aulas de hoje.

Não falei mais nada, nada mesmo apenas acenti com a cabeça.

Aquilo tudo estava tão estranho, o diretor agir daquele jeito e parecer abalado também? Nunca o vi assim antes. Muito menos agir assim!

Mas de qualquer forma não era naquilo que eu tinha que me preocupar, mas sim no que to fazendo com a minha vida.

Desde que esse raio de popularidade começou eu fui obrigado a largar certas coisas, que por sinal eu amo, mas claro que não por completo, tipo meus livros.

Um fato sobre mim é que eu amo ler, diferente de todos do colégio, até hoje não encontrei ninguém que é apaixonado por leitura que nem eu e para meu desespero total, nenhuma menina!

Outro fato, tinha que fingir ser burro, meu Deus como eu odiava aquilo. O fato de eu ser muito inteligente me deixava na vantagem quantos as notas e provas surpresas e o fato de eu estudar sempre me deixa em mais vantagem ainda. O ruim é que esse estudar é bem escondido, na biblioteca, ninguém frequenta ela a não ser quando precisa, e para evitar alguém eu chego ate ir de madrugada. Porém não acho que esse seja meu maior problema, mas sim o fato de ter que esconder minhas notas, ou melhor dizendo, fazer os professores não me elogiarem em público, o que certamente acabava comigo!

Naquele momento me peguei cogitando em duas opções 1) ir para biblioteca ler e correr o risco de alguém me ver, e 2) ir para meu quarto ler, meu colega está na aula. Quando estava quase me decidindo surgiu mais uma opção em minha cabeça, fora de cogitação, mas surgiu, ir falar com a Aila.

Claro que não, eu não iria mesmo até parece. Primeiro que não teria o que conversar, a não ser que brigar passe a ser considerado conversa e segundo que, acho que sou orgulhoso de mais para pedir desculpas para ela. Eu precisava pedir? Não. Mais minha consciência implorava por isso? Sim.

Que raios de consciência, justo agora? Cadê você quando eu precisava? Onde estava você para colocar um filtro entre meus pensamentos e minha boca, impedindo que eu falasse aquelas merdas para Aila? Ah, acho que estava hibernando! Só pode.

Neste momento me peguei parado no corredor, perdido no tempo e no espaço, que nem uma barata tonta depois de ser atingida por um jato de veneno, perdi a noção de tudo. Então em meio a essa confusão de sentimentos, optei pelo meu quarto, para dormir, lógico!

Talvez eu acordasse e me desse conta de que aquilo era somente um sonho, que eu estava bem e nada tinha acontecido e aqueles pensamentos faziam parte de um sonho maluco de apenas uma noite mas, não foi assim!

*PII, PII, PII.*

O despertador tocou sem dó de mim, nenhuma.

Desliguei ele e fui direto para o banho, até porque, pelo que pareceu eu havia dormido daquela hora até agora, aproximadamente 6hrs da manhã, horário de me arrumar para escola. Meu Deus, acabei hibernando que nem minha consciência? Só pode.

No chuveiro meus pensamentos não paravam de voltar no dia anterior, quando fui super grosso com a Aila mesmo que ela estivesse preocupada comigo.

Eu não queria conversar, ta, tudo bem, não devia ter tratado ela daquele jeito. Não mesmo. Aff'

-Gabriel, sai logo daí fey - o Matheus esmurrava a porta - eu também tenho que me arrumar!

- Da um tempo, to saindo já- desliguei o chuveiro e sai com a tualha amarrada na cintura, tinha esquecido as roupas.

- Caramba, não tem só você aqui não ouviu? - começou, ele só reclama.

- Foi mal, comecei a pensar e já sabe né! - vi um sorriso em sua boca.

- Pensando na Aila né? - ele gargalhou - estou sabendo.

- N-não - não podia mentir, mas - não mesmo.

- Gaguejou é porque é mentira - realmente não sabia mentir, não pra ele!

- Vai tomar banho vai. - ele foi, mas foi rindo.

Vê se eu mereço, agora ele acha que sabe o que ando pensando ou o que faço da vida. Ta bom, ele sabe, mas não pode sair por ai falando.

- Ah fey, vê se me espera para ir pra sala - ele gritou de lá do banheiro e eu nem respondi.

Acabei de me arrumar e sai, deixando ele, só pra faze-lo ficar bravo e também queria passar na biblioteca antes, porém ele odeia aquele lugar.

Chegando na biblioteca dei "Olá" para a bibliotecária e segui dereto pra os livros, e vejo quem?

- Aila? - sussurei para mim mesmo - ela vem aqui? Merda! - me escondi atrás das prateleiras de livros.

- será que nem aqui vou ter paz?

-Alguém ta ai? - ela veio andando na minha direção, merda, falei alto de mais.

Sai correndo, e acho que ela não me viu. Essa menina me persegue, só pode, agora vou perder a biblioteca também!

Nem Éramos Amigos !Onde histórias criam vida. Descubra agora