Entre flechas e adagas

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Quando o destino não quer que façamos algo, ele nos impede. O destino não quis que eu viajasse para a Cidade do Porto porque se ele quisesse, não teria incendiado o meu reino. Assim que vi a fumaça, fiz o cavalo dar meia volta imediatamente para o reino.

Chegando no início da cidade, vi pessoas correndo para todos os lados. Gritos em meio ao caos. Parece que o fogo se originou em algum lugar no centro do reino e se espalhou em todas as casas. Nós, elfos, temos casas de madeira bem detalhada e o reino todo camuflado por vinhas e folhas no meio da selva densa de Thinidrid, então se alguma coisa pegasse fogo no reino, tudo pegaria.

Ao chegar na praça central eu deixei o cavalo, mas quando olhei para o castelo fiquei abismada. Tudo em chamas, tudo. Os quartos, estábulos, cozinhas... tudo destruído. Então eu ouvi um grito familiar vindo de lá. Era a Diana.

- Socorro! - gritava Diana em meio ao fogo.

- Diana! - eu gritei - Cadê você?!

- Rany? Rany!! Estou aqui no Castelo!

- Estou indo te pegar!

Gritei aquilo e entro por uma janela, já que a porta principal não estava digamos "acessível". A cozinha estava já virando cinzas, porém o grito de Diana não veio de lá. Eu segui pela sala desviando das chamas e me assustava as vezes quando um pedaço de madeira caía bem na minha frente. Naquele momento minha cabeça estava em uma passarela de perguntas do tipo : " Onde está meu pai?" , "o que será que começou o incêndio?" e "para onde vai o reino agora?".

- Rany! - escutei um grito vindo da sala ao lado - Me ajuda, eu vou cair!

- Calma, eu estou indo! - eu gritei em resposta - aguenta firme, Dia!!

Mas tinha um pequeno problema na sala que a Diana estava. Acho que a palavra " pequeno" é pouca para descrever o tamanho do problema. A sala estava coberta em chamas em literalmente todas as partes. Como eu iria entrar? Não sei, talvez se eu desse uma de Chuck Norris e quebrasse a parede. Até que não era má ideia. Me dirigi um pouco para trás e corri em direção a parede. Ao contato eu dei um chute e o máximo que consegui foi uma dos enorme no pé. Teria que ir pela porta da frente mesmo. Saltei as chamas e vi. Eu vi a Diana se segurando apenas pelos quatro dedos a madeira e um buraco enorme para o térreo.

- Dia, segura minha mão - eu falei mantendo a calma.

- Eu não consigo - ela disse e lágrimas brotaram dos olhos dela.

Nunca havia presenciado Diana Peak chorar. Era ela quem sempre me pegava nos braços quando eu estava triste e o Clau a ajudava, mas agora essa cena rara acabou de se realizar.

- Rany, eu não consigo mais aguentar - ela disse e suas mãos estavam escorregando.

- Diana, eu não vou deixar você cair - eu disse com minha voz firme.

A mão dela escorregou e eu a segurei, mas mesmo assim eu não conseguia aguentar o peso dela. Se eu ficasse segurando por muito tempo, nós duas poderíamos cair.

- Rany, me solta - eu não a deixaria morrer.

- Não, Diana, não!

Então ela soltou minha mão e caiu para as chamas. Eu não deixaria minha melhor amiga morrer. Joguei o arco em volta de sua mão e o segurei pela corda. Segundo o treinador, a corda era de um material muito resistente que era capas de suportar mais de 300 quilos. Eu sabia que aquilo poderia segurar umas cinco Dianas. Puxei ela para cima e agora nos duas estávamos no chão firme. Não tão firme assim.

- Obrigada, Ran.

- Me agradeça depois que nós sairmos daqui - eu disse enquanto checava os outros cômodos - é o seguinte, Diana, não temos outra saída fácil a não ser a janela.

Por trás de Máscaras e EspelhosOnde histórias criam vida. Descubra agora