Retorno e revelações

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De todas as pessoas no mundo, eu nunca imaginaria na minha vida que a tia de Diana fosse Vera. Ela nunca tinha me contado e eu sempre falei mal de Vera para a Dia e ela sempre concordava ou me apoiava. De repente deu uma vergonha tremenda de estar ali.

- Olá, Rany - disse Vera - surpresa em me ver?

- Eu acho que essa não é a pergunta certa a se fazer - eu disse em resposta.

- Então qual é? - ela disse - Você não pode me dar ordens agora.

- Eu queria saber o porquê de Diana nunca ter me avisado que você era tia dela - disse eu enfatizando a palavra 'você'.

- Eu ia te contar, Ran - ela disse - mas ela pediu para eu manter segredo.

- Você não pensou que podia mandar em todo mundo, não é "princesa"? - disse Vera.

- Eu preciso de um ar - eu disse e deixei as duas ali.

Fui caminhar um pouco na cidade do Porto. Vi várias crianças brincando felizes e os pais despreocupados, talvez eu nunca fosse ter isso. O Briel e eu estávamos cada vez mais distante um do outro e eu sabia que no fundo eu havia parado de amá-lo. Acho que o pedido que eu faria quando pegasse no tal colar fosse mais relacionado aos reinos do que ao amor.

Depois de tudo que eu passei durante esses dias, penso que responderia aquela pergunta de forma diferente. Aquela que eu disse entre o amor e o reino, devemos levar as responsabilidades em conta também. Eu sabia que Vera não me queria na casa dela e me faria de empregada se eu fosse ficar lá. Tenho outras coisas importantes a resolver.

- Senhorita Rany? - disse um homem se aproximando.

- Sim, sou eu - respondi.

- Carta para a senhora - ele disse entregando um envelope com um selo azul.

Finalmente havia chegado! Eu não sei como foi tão rápido mas o Briel me respondeu. Na carta dizia assim:

" Rany,

     Agora que eu virei o rei dos humanos, tenho algumas responsabilidades para seguir e não posso ficar tentando achar um colar estúpido para você. E também tenho outra notícia, eu não posso ficar esperando muito tempo por você e por isso vou me casar com a donzela Vanessa Blayde, me desculpe e fique bem. Espero que seu reino esteja bem.

                                              Agradeço,
                                             Briel Foucs."

- Desgraçado - gritei para ninguém.

Não pode ser, o Briel nunca me negou uma ajuda. Por maior que ela seja, eu tenho o pressentimento de que não foi o Briel que escreveu esta carta. Depois eu descubro. Já que não vai ter chances de eu pegar o colar então minha missão agora é outra. Tenho que achar o Claustrus e depois visitar todos os reinos do mundo para conseguir um acordo pelo menos.

- Rany? Você está bem? - eu escutei a voz de Diana atrás de mim.

- Oi, Dia - falei.

- Desculpe não ter te falado que a Vera era a minha tia - ela disse triste.

- Não tem problemas, Dia - eu disse - mas eu esperava que você me contasse. Eu tenho uma pergunta.

- Pode falar.

- Você não viu o Claustrus depois do incêndio? Tem certeza?

- Tenho - ela disse com a voz de dúvida - mas eu sei que ele está vivo em algum lugar por aí, procurando a gente.

- Não sei, - eu disse - mas eu ando preocupada.

- Eu acho que sei o que houve - ela falou - o Briel te respondeu não foi?

- Foi mas, - como ela sabia? - como você sabe?

- Intuição - ela disse.

- É necessário muito mais que intuição para saber disso, Diana - eu disse - qual é meu animal preferido? Só a Diana saberia disso.

- Cervo! Você me disse uma vez - ela falou.

- Você tem razão, é esse mesmo - eu disse - como eu duvidei de você?

- Eu aceito suas desculpas - ela disse e fomos em direção a casa de Vera.

Eu sabia que tinha alguma coisa errada com a Diana, ela já me perguntou qual era o meu animal preferido e eu nunca em minha vida respondi 'Cervo'. Eu falei que não tinha animal preferido, e sim que eu preferia as estrelas, mas eu resolvi fingir que estava tudo bem para ver até onde ia aquilo tudo. Acho que a Vera fez alguma coisa com a Diana, pois aquela velha não é de se brincar.

Dormi na casa de Vera com a Diana "falsa" ao meu lado. Quando eu acordei, tentei sair de fininho para procurar algo que me distraia.

- A onde vai tão cedo, Milady? - conhecia muito bem aquela voz.

- Já estou de saída, Vera - eu disse me dirigindo a porta.

- Que tal conversarmos um pouco? - ela disse.    

- Acho que não temos nada para conversar, Vera - eu disse rude.

- Você quer saber quem é o necromante, não é? Quer saber o que está acontecendo com a Diana? - ela disse - Se quiser então se sente.

- Então, o que está de errado com a Diana? - eu disse me sentando e sabia que aquilo era uma má ideia.

- Ela sofreu uma lavagem cerebral do necromante - ela disse - ele fez com que todas as ações da Diana fossem para te levar a um lugar.

- E que lugar é este?

- Aqui mesmo - eu me assustei ao ouvir aquilo.

- Esta casa?

- Não, sua burra - ela disse e eu ri de mim mesma por dentro - a Cidade do Porto.

- E o que tem de tão importante aqui?

- Aqui é onde o necromante se localiza - ela disse.

- E quem é ele?

- O necromante é... - ela foi interrompida por uma adaga que atravessou a sua cabeça. Vera caiu morta no chão e o sangue escorria de sua cabeça aos poucos.

- O necromante sou eu - apareceu Diana falando com uma voz demoníaca. Aquela não era ela, com certeza. Diana estava possuída.

Corri para a porta e a tranquei por fora. Fui em direção ao barco que estava saindo e quando olhei para trás, tive vontade de chorar. Minha melhor amiga foi possuída pelo necromante e agora estava no céu lançando chamas por toda a cidade.

Eu tinha duas escolhas para fazer. Ou achar o verdadeiro necromante que estava possuindo Diana na cidade ou ir para o barco com um destino que eu não sabia e fugir daquele local. Era difícil pensar enquanto corria de bolas de fogo e estilhaços de madeira caindo na sua frente. Se eu fosse procurar o necromante, pode até ser que eu não o ache e isso me custaria muito tempo. Decidi ir para o barco. Ele estava a uns 50 metros de distância da cidade, mas eu conseguia alcançá-lo. Esqueci de dizer que os elfos também nadam muito bem. Pulei dentro da água enquanto a cidade que eu acabava de deixar apodrecia na chamas. Eu nunca gostava de presenciar destruição ou mortes, ainda mais quando eu não conseguia ajudar ninguém. Eu já presenciei aquilo uma vez e não merecia presenciar de novo. O que me restava era nadar.

Quando eu cheguei ao barco, subi pela escada traseira e encontrei muitas pessoas estranhas de todas as raças e tipos.

- Para onde vai este navio? - perguntei para uma humana que estava próxima de mim.

- Para longe daqui.

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Notas Finais

E aí, galera!! Gostaram desse cap? Dêem as caras nos comentários e não se esqueçam do voto!! Gosto de interagir com meus leitores.

Obrigado por me acompanhar até aqui xD

Boa leitura!!

Por trás de Máscaras e EspelhosOnde histórias criam vida. Descubra agora