Uma visita ao tio

157 24 13
                                    

- Como assim longe daqui? - eu perguntei a mulher.

- Este barco está indo para a Ilha de Wash, perto do vilarejo daqueles Elfos Noturnos - a mulher disse a última parte com um certo desprezo.

- Ok, obrigada - eu disse.

A ilha de Wash era uma das únicas maneiras de entrar na floresta onde viviam os Elfos Noturnos e eu seria obrigada a visitar meu tio. Ele era um elfo traiçoeiro e esperto ao mesmo tempo. Não sei se vocês se lembram daquele tio que eu falei lá no início, um que falou que o meu pai iria trair os humanos, mas ele não iria e desde então os elfos estão conhecidos como "traíras". Então, ou eu ficaria na ilha esperando outro barco passar, ou ficaria numa casa bem quentinha com comida farta para mim, eu teria que escolher.

Sabe, de vez em quando eu penso no Claustrus... Penso onde ele está, penso o que ele deve estar fazendo, penso se ele está morto. Não, eu não deveria pensar nisso no momento, tenho muito já com o que me preocupar. Eu passaria na casa do meu tio e vou perguntar se ele sabe algo sobre o necromante. Será que ele saberia? Não sei, mas tenho que fazer de tudo para extrair um pouco as fraquezas do meu atual inimigo.

Quando chegamos na Ilha de Wash, eu desembarquei primeiro que os outros para que ninguém notasse minhas orelhas pontudas em baixo do capuz. O vilarejo ficava floresta adentro e eu não sabia exatamente o caminho para o vilarejo dos Elfos Noturnos. Resolvi ir numa loja de mapas e ver se tinha algum caminho para o vilarejo.

- Boa tarde, você teria algum mapa Floresta Noturna? - perguntei.

- Mapa da Floresta Noturna? É meio raro alguém me pedir ele, mas vou ver o que tenho aqui - ele disse caminhando entre as várias prateleiras cheias de mapas.

" O Clau iria amar este lugar", pensei.

- Tenho um mapa de lá, mas ele está um pouco velho - ele olhou para mim - será que serve?

- Pode ser - eu disse - quanto custa?

- Bom, pelo estado do mapa eu farei de graça para você - disse ele sorrindo.

Até que tinha alguém simpático na cidade. "Alguém que não temia os elfos", esse pensamento me rondou durante anos, desde que o tratado de paz entre os elfos e os humanos foi desfeito. Passei em uma loja de suprimentos antes e peguei tudo que era necessário para a viagem.

A entrada da floresta não era lá essas coisas. Com muitas vinhas e arbustos, uma pessoa que não fosse elfo dificilmente conseguiria ver. Fui caminhando pela floresta seguindo o mapa e dificilmente eu conseguia interpretá-lo. Era como um quebra-cabeça que faltava uma peça.

- Está perdida? - uma voz falou atrás de mim.

Olhei para trás e não vi ninguém.

- Quem está ai? - perguntei ao nada.

- Sou apenas sua consciência - " sua consciência" , havia apenas uma pessoa que falava isso comigo.

Quem brincava muito comigo disso era o Claustrus... Claustrus! Será que era ele? Nesse momento eu não conseguia mais pensar porque eu apaguei.

- Dormiu bem, princesa? - perguntou uma voz conhecida.

- Tio? - olhei em volta e vi ele em pé olhando para mim - onde eu estou?

- Não é óbvio, Rany? - ele disse - você está no vilarejo dos Elfos Noturnos.

- E o que aconteceu comigo?

- Quem pergunta isso sou eu - ele disse - meus guardas a acharam apagada no bosque que dava na Clareira dos Defuntos.

Sabia que tinha alguma coisa errada com aquele mapa. Eu também tinha várias perguntas para fazer a ele, estava até esquecida.

Por trás de Máscaras e EspelhosOnde histórias criam vida. Descubra agora