Love Assistant

Capítulo 14 - Dia 2: Queimaduras

— Katherine, acorde agora ou eu vou ser obrigada à usar violência!

Abri os olhos lentamente, acostumando-me com a claridade. Devo ter pego no sono enquanto fingia, pensei. Tateei o criado mudo atrás de meu celular, mas, ao pegá-lo, notei que a bateria havia acabado. Uma Phoebe raivosa estava parada ao lado de minha cama, segurando um travesseiro acima de sua cabeça. Ergui as mãos para proteger meu rosto a tempo. Ela bateu-me com aquilo uma ou duas vezes.

— Tô acordada! Tô acordada!  — gritei, segurando o travesseiro no ar.

— Ai que bom! Já pensei que você estava morta!

Revirei os olhos diante de seu exagero. Levantei-me e fui em direção ao banheiro. Joguei um pouco de água no rosto e agasalhei-me em dobro. É, nós aprendemos com os erros.

Passei um pouco de perfume para encontrar-me com Jonathan. Nada de Shawn. Se ele realmente queria estar com Louise, que se dane então! Joguei tudo para o alto. Pensaria mais em mim mesma.

No corredor, encontrei somente Phoebe. Os meninos já haviam descido; foi o que ela disse. Conectei meu carregador portátil a meu celular, na esperança de poder falar com Ed mais um pouco. Chequei as mensagens por ordem. Uma delas era de Cameron. Nem sequer cheguei à abri-la, mesmo sentindo uma leve pontada no coração. Outra era de Sheeran. Ele dizia que era para afastar-me um pouco de Shawn, dando-lhe espaço para tomar suas próprias decisões.

Abri o Twitter e resolvi postar algo.

Chile is soooo sick! Having a lot of fun*
(*O Chile é tãoooo foda! Tendo muita diversão)

Ao entrar no restaurante, deixei com que meu aparelho carregasse em paz. Não havia jantado na noite anterior e comecei a sentir as consequências. Meu estômago roncava alto. Fui em direção à máquina de waffles. Porém, ao ver que Shawn estava lá, mudei meu caminho. Ovos mexidos pareciam mais apetitosos.

— Por que demoraram tanto para descer? — perguntou John assim que me sentei.

— Meu celular estava sem bateria e meu alarme não despertou.

— Explicado — disse S., juntando-se à nós.

Tratei de ficar calada imediatamente. No entanto, ele não se importava. Estava sempre com um sorriso arrogante no rosto, parecendo estar indiferente. Como ele poderia não perceber que aquilo estava me deixando chateada? Pensei que me conhecesse o suficiente para isso. Mas vejo que estava enganada.

No carro, Phoebe conectou seu celular ao rádio. A primeira música foi Stitches. Eu a amava, desde sua melodia até sua letra. Podia ver quantas emoções haviam naquela música. Mas, durante o trajeto, optei pelo meu fone de ouvido e minha playlist. Emocionei-me ao som de Who Are You.

Who are you today?

(Quem você é hoje?)

Will you be the sun or the pouring rain?

(Você será o sol ou o dilúvio?)

Sim, era assim que eu me sentia. A música se comunicou comigo e até mesmo me entendeu. Essa era uma conexão inexplicável.

Chegamos à loja tão rápido quanto no dia anterior. Desta vez, fiz a questão de ser a primeira à pegar os equipamentos. Acoplei à bota ao esqui, vesti as luvas e o casaco quente, pronta para mais um round. Nem sequer dei-me o trabalho de esperar pelos outros do lado de dentro; resolvi esquiar um pouco.

Uma garota atravessava a pista avançada no momento em que comecei. Tentei frear, mas não consegui. Por pouco não a atinjo. Virei-me para trás afim de brigar com a vítima. Louise.