CAPÍTULO 15 - DIA 3: FRAGILIZADA

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⚠️ ALERTA DE GATILHO: tentativa de violência sexual ⚠️

Pela primeira vez desde nossa chegada, não sou acordada por Phoebe ou por um despertador. Acordar sozinha é uma sensação maravilhosa. O quarto ainda estava escuro, o que tornou mais difícil meu processo de acordar. Eu gostaria de ficar naquela cama o dia inteiro, levá-la comigo para qualquer lugar que eu fosse. Mas você não vai para lugar nenhum hoje, disse uma vozinha em minha cabeça.

Liguei o abajur e olhei para baixo do cobertor. Minha perna ainda estava envolta naquela maldita faixa. Toquei meu rosto, que ainda doía. Bufei e levantei-me, indo em direção ao banheiro. Passei a mão delicadamente em meu tornozelo e em minhas bochechas. Teria que passar mais dois dias naquele quarto de hotel. Só poderia voltar à esquiar no quinto dia. Só poderia ver Jonathan no quinto dia.

Retornando ao quarto, encontrei um papel próximo à uma sacola sob a mesa da televisão. Você perdeu o café da manhã. Coma algo - Phoebe e John. Shawn não se importava mais!? Abri a embalagem, deparando-me com um café ainda quente e um donuts. Deixei-os de lado, ignorando a fome.

Na tevê, escolhi o canal que transmitia informações sobre o Valle Nevado. Deitei-me na cama, evidentemente entediada com aquela situação. Imaginei o que meus amigos deveriam estar fazendo. Nesta altura do campeonato, Shawn já deveria estar esquiando. Phoebe e John deveria estar aventurando-se pelas pistas de diferentes níveis, desafiando um ao outro.

Resolvi brincar de ser compositora. Abri meu caderno em cima da cama e pensei em uma história. Começaria minha letra dessa maneira: com começo, refrão e fim. Não sou apenas uma garota que escreve músicas sem significados, sem um porquê por trás daquelas palavras. Escolhi um tema bastante popular: ciúmes.

Rasguei a folha diversas vezes, tendo dificuldade em combinar a letra com o ritmo. No final, acabei desistindo. Ainda era cedo. E eu estava fragilizada demais para aquilo.

Uma batida na porta fez com que eu me assustasse. Chequei as horas. Já deveria estar almoçando. Corri os dedos pelo cabelo e a abri. Parado ao lado de fora estava Jonathan.

- Posso entrar?

Limpei alguns flocos de neve presos ao seu cabelo e dei-lhe passagem. Não pude acreditar quando vi o que segurava. Em suas mãos, havia uma embalagem do Mc Donalds.

- Acabei de chegar de Santiago - explicou, tirando o cachecol que estava em seu pescoço.

Ele estendeu o pacote em minha mão, dizendo que havia trago almoço para mim. Aparentemente, ao encontrar Shawn sozinho na aula, Jonathan resolveu perguntar sobre meu paradeiro. O rapaz - que precisou visitar a avó na capital - resolveu fazer uma parada no fast food e visitar-me. Sorri diante de sua preocupação.

Sentei-me na cama ao seu lado. Para mim, ele havia escolhido um Big Mac. Não era meu favorito, mas eu poderia lidar. Melhor ainda só se fosse um Mc Chicken. Comemos enquanto conversavamos. Com Jonathan, o assunto fluía de maneira fácil. Muitas vezes, pegava-o olhando para minha boca do mesmo jeito que Shawn me olhava. Merda! Não poderia pensar nele. Se tenho um rapaz gentil e atencioso ao meu lado, porque sempre encontro meu caminho de volta a S.?

••••••

Shawn

Não havia ido visitar Katherine hoje. A garota estava ocupada demais aproveitando seu repouso ao lado de Jonathan. Quando o instrutor perguntou-me onde ela estava, segurei-me para não socar seu rosto. Então sorri.

- Ela está no quarto hoje.

Fui um idiota. Deveria tê-lo deixado pensar que ela não ligava. Havia jogado minha melhor amiga - ou mais do que isso - nos braços daquele rapaz tapado. O que havia demais nele?

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