Love Assistant

Capítulo 31 - A verdade

Há dias eu não sabia o que era dormir. Ou até mesmo ouvir a voz de outra pessoa que não viesse do meu computador. Desde que cheguei em casa, era como se mais nada fizesse sentido. Meus pais se assustaram ao me ver descer daquele táxi com a minha mala e uma dúzia de lágrimas escorrendo pelo rosto. Eu não sabia mais o que era se sentir chateada. Era como se eu não sentisse mais nada.

Minha expressão continuou a mesma ao avançar para mais um episódio de Friends. Como alguém conseguia assistir às três primeiras temporadas em dois dias? Bem, eu já estava na sétima e não faziam nem duas semanas. Era como se não houvesse mais nada para se fazer.

O meu quarto estava escuro. As luzes nunca mais foram acesas. A cortina permanecia fechada. Eu não queria olhar para a casa dele. Enchi a mão de Lays, mas coloquei apenas uma na boca. Outra parte boa naquilo tudo era que comida não parecia mais ser tão tentadora. Um hambúrguer não me atraía mais. Era triste.

Voltei a olhar para a tela do meu notebook. Era uma cena de Monica e Chandler. Eu não gostava de vê-los. Seu relacionamento fazia sentir-me um lixo. Fechei os olhos e esperei até ouvir a voz de Rachel novamente. Ela conversava com Phoebe. Phoebe. Aquilo não estava me fazendo bem.

- Katherine? - ouvi meu pai chamar. Ele não abriu a porta. Nenhum deles entrava mais no meu quarto. Eu não sabia se era por medo ou algo parecido. Tudo ali estava um caos. Talvez eles apenas não gostariam de chegar perto.

Porém, ele entrou dessa vez. Seus olhos pararam sob mim, seu rosto modelado em uma expressão triste. Era estranho ver meu próprio pai assim: decepcionado pelo o que sua filha se tornou. A cama afundou quando ele se sentou. Não podia olhá-lo. Não queria que visse o quão frágil eu estava.

- Como você está? - perguntou, apenas para pausar e continuar: - Certo. Essa não foi uma pergunta muito inteligente.

Permaneci em silencio, fitando meu cobertor. Ele achava que eu não poderia ficar assim para sempre. Eu provaria que ele estava errado. Eu simplesmente não queria mais fazer nada. Nosso mais novo gato - Summer - pulou na cama, aconchegando-se em minha perna. Por curiosidade, chequei a hora. Eram cinco da manhã.

- Cadê minha filha Katherine? - ele perguntou baixinho, levantando-se. Antes de deixar o quarto, ele disse um pouco mais alto - Estamos todos preocupados com você. Quando quiser conversar, nós moramos na mesma casa.

Ele voltou a fechar a porta e eu voltei a ficar sozinha. Olhei para cima, impedindo-me de chorar. Eu não choraria novamente. Estava cansada daquilo. Fechei a tampa do notebook e deitei meu rosto no travesseiro, abraçando Summer. Ele era meu novo companheiro de todas as noites. Era como se soubesse exatamente a hora em que eu iria dormir.

O pior era que, junto com o sono, vinha algo diferente. Os sonhos.

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Querido diário,

A vovó me deu esse caderninho para que eu escrevesse minhas aventuras na Itália. Eu ainda estou no avião. Mamãe e papai estão dormindo do meu lado. Ryan está com a namorada na fileira de trás. Ainda não acredito que a mamãe dela deixou ela ir morar com a gente. Papai disse que a Itália é longe de casa, mas ela vai com a gente do mesmo jeito.

Eu já sinto saudades do S. Vai ser tudo estranho sem o meu melhor amigo. Será que ele vai fazer outra amiga? Ele e o Ian ainda vão se falar? Mas tenho certeza que vamos ser amigos. Nós sempre seremos.

Katherine Grace

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Abri os olhos assustada. Meus lençóis estavam encharcados de suor. Meu gato miou e saltou para longe, visivelmente amedontrado. Olhei para o relógio em cima do criado mudo. Eram sete horas da noite. Eu havia dormido o dia inteiro. Levantei-me da cama, estalando o pescoço. Abri a porta que dava para o corredor e apurei os ouvidos. A casa estava silenciosa.