Signal and Someone

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Liberdade. Era essa a sensação que Mabelle tinha quando corria. Correr a livrava de pensar nas tarefas, problemas e consequentemente, do estresse. Enquanto seu corpo trabalhava para permitir seu movimento,sua mente vagava por entre as paisagens da cidade. Estavam no começo de fevereiro, em pleno inverno na Alemanha. Porém
Havia  várias  outras pessoas correndo também, famílias no parque, crianças jogando bola. Todas muito agasalhadas, óbvio.
Bola. Futebol. Futsal. Suas paixões. Mabelle morava no Rio desde sempre,mas nasceu em São Paulo,e seguindo o exemplo do pai torcia pelo tricolor paulista. Ela tinha mais dois irmãos: Levi, o mais velho, e Vivian,a do meio.
Levi já era casado e morava em Curitiba, e Vivian estava noiva.
Não tinha o que reclamar de sua família, eram unidos se apoiavam bastante.
Mas voltando ao assunto futsal. Ela era um projeto de jogadora. Ganhou alguns títulos na seleção da universidade e só. Depois, o trabalho aumentou, e o futsal ficou de lado. Quanto ao futebol... Era o que a levava à loucura, gritos e choros em uma partida. Se bem, que ela era assim diversos esportes. Mas, Mabelle enxergava uma magia no futebol, que a fazia vibrar de emoção.
E por falar em emoção...
Mabelle lembrava de alguns pontos de sua pesquisa, e o estádio da qual se aproximava era um deles: Sinal Iduna Park. O palco dos jogos do principal clube da cidade, Borussia Dortmund.
Mabelle já tinha visto alguns jogos do time,mas não era grande fã. A única coisa que havia lhe surpreendido era a paixão da torcida. Não existia em nenhum lugar do mundo uma trupe como aquela, que lotava o estádio em todos as partidas.
Porém, hoje, o local estava praticamente deserto, e Mabelle se deixou imaginar como seria estar dentro de campo com milhares de pessoas lhe apoiando.Incrível.
Mas no futebol, poucos jogadores davam valor à isso. Isso era um ponto triste da globalização do futebol: dinheiro em primeiro lugar. O jogador crescia tecnicamente, taticamente e pessoalmente em um clube, e dava adeus.
E o amor ao clube, à história deste e à torcida, onde se encaixa ?
Mabelle seguiu caminhando, ainda olhando o estádio,e começou a correr, quando esbarrou em algo. Nem teve tempo de ver o que era, já estava debruçada no chão.
Só escutou o forte sotaque alemão e uma mão apareceu em sua frente. E ela percebeu que o algo, era na verdade alguém.
" Gott, bist du in ordnung?"
Demorou um segundo pra Mabelle traduzir o que ele disse, e apenas mais um para o seu modo " não preciso de ajuda" aparecer.
"Sim, estou ótima." Levantou - se, afastou a mão do estranho.Na verdade,sentia- se envergonhada por ser tão desastrada. Envergonhada, e sem sorte. Logo em sua primeira interação com um nativo, ela tinha que pagar de louca.
"Olha, me desculpe, eu não tive tempo de desviar,você disparou como uma bala. E eu estava vindo nessa mesma direção e quando vi..." Mabelle o interrompeu,ainda sem olhar pra pessoa à sua frente.
" Tudo bem, eu que peço desculpa, sou muito desastrada. Não prestei atenção."
E sorriu pro desconhecido, afim de. confortá-lo. E fazer isso, fez seu coração dar um salto.

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