A semana seguinte foi horrível. Mabelle não tomava café da manhã e dormia o máximo possível.
Mas verdade era que ela não dormia há dias. Se limitava a ficar deitada no quarto. A expressão de fúria com que Marco tinha olhado para ela estava marcada em seu cérebro, e toda vez que fechava os olhos, podia vê-lo sair pela porta e sabia que ele não retornaria. Seu grito abafado preenchia o silêncio entre as batidas de seu coração.
Em todas as manhãs, ela não queria ter que levantar e se olhar no espelho. Ver a fracassada que ela tinha se tornado. Como ela pôde deixar isso tudo acontecer? Uma coisinha simples virando uma bola de neve...
Ela repassava todas as coisas que queria ter dito à Marco na noite da briga, mas ela não encontrava argumentos diante da fúria dele. De sua dor. Ela não conseguia se perdoar por aquilo. Desejava nunca ter causado dor à Marco. Mas ao que parecia, ela tinha pensado nela primeiro. Evitar sua própria dor. Não teve efeito. Tudo estava acabado.
Ela sentiu novas lágrimas escorrerem pela face, se encolhendo na cama. Ela continuava com essa mania. Uma frágil tentativa de não espalhar a dor que sentia.
Eu amo você. Estou apaixonada por você desde o dia que te conheci. Só precisamos conversar. Vamos ficar juntos. Vamos dar um jeito. Ela continuava repetindo essas frases na intenção de conversar com Marco e se convencer que tudo ficaria bem.
Mas não era assim que as coisas funcionavam. Ela não tentou falar com Marco de novo. Não se sentia mais no direito. Incontáveis vezes ela se pegou olhando para o número do telefone dele.
O número de seu telefone. Que ela havia discado facilmente milhares de vezes e agora não era capaz disso.
Mabelle não tinha apagado as fotos dos dois juntos. Ao invés disso, admirava uma foto tirada escondida de Marco dormindo. Era horrível perceber o quanto sua constante expressão de tranquilidade havia mudado para aquela mistura de amargura e raiva.
Mabelle não sabe quanto tempo esteve deitada imóvel na cama, mas sente que ainda não é suficiente para a realidade ter sida absorvida ainda. Intimamente, ela ainda esperava que tudo não passasse de um sonho.
Não era assim que as coisas deveriam terminar. Ela ficava em transe o dia todo. Não sabia nem que horas eram quando Sophia apareceu em seu apartamento.
Sim. Ela era uma idiota. Uma completa idiota. Mas no momento não precisava que Sophia jogasse isso na sua cara.
– Por que você não contou pra ele? – Ela perguntou novamente. Fazia essa pergunta a noite toda.
A amiga tinha retornado de mais uma viagem, tendo conhecido todo o drama por Erik. Mabelle não tinha falado com ninguém. A passagem de avião estava em seu criado-mudo, um lembrete pra ela que ainda tinha um meio de fugir da dor. Ela poderia estar partindo na manhã seguinte.
Mabelle sequer sabia como responder.
– Eu não sei. Eu afastei isso da minha mente, uma forma de fugir da realidade, sei lá... eu ia contar, mas aí ele teve que viajar com a seleção – ela toma um gole de suco, sentindo a voz ainda embargada pelo choro e horas sem uso. – E me pareceu ridículo explicar que eu iria embora por telefone. Depois ele se lesionou, e me pareceu impossível ir quando ele estava daquele jeito.
Mabelle tinha se alimentado com a comida que Sophia trouxera. Ela engolia a força. Não sentia o gosto de nada que colocava na boca.
– Você não está completamente errada, mas isso foi muito estúpido e... – Sophia continuou.
– Eu fiz uma grande merda, ok? Eu já sei disso – ela interrompe irritada.
Sophia senta na beirada da cama segurando suas mãos.
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Unpack Your Heart
RomanceUma cidade. Um time. Um jogador. Essas três coisas farão a vida de Mabelle mudar completamente. " - Que persona ingrata, você! - ele prossegue com o discurso falso - Um pobre rapaz precisando de um lugar para passar a noite... Você não tem coração...