Always will shine

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Marco mais uma vez não disse para onde a estava levando. Sentada no banco do passageiro, Mabellle mordia o lábio enquanto encarava seus dedos, desconfortável com a tensão que surgiu entre os dois.

Sabia que havia chegado num ponto sensível da história de Reus, porém não sabia se ele queria compartilhar aquilo com ela. Ou se ela era a pessoa mais indicada para ouvir tudo. Ma tinha grandes dificuldades em lidar com as pessoas. O que era um tanto irônico, já que era uma educadora. Enfim, ela acreditava que era cem vezes mais difícil lidar com adultos do que com uma adolescente de TPM.

- O que acha de uma parada para comermos algo? - sugeriu ele, virando o carro em uma esquina. Mais à frente estava um restaurante de ar aconchegante, onde estacionou.

- Como quiser, Reus - respondeu distraída, observando as pessoas circularem pela rua. Algumas crianças pulavam corda na praça, enquanto outras passeavam com seus cachorros. Havia flores por todo a extensão do local sendo banhadas pelo sol da tarde. Era uma imagem digna de cartão postal.

Mabelle se sobressaltou com o toque de Marco. Pegou sua mão e apertou.

- Eu quero conversar sobre isso, Mabelle. - ele virou seus olhos verdes para ela - Mas acho que não estou pronto...

- Está tudo bem, Marco. Não se preocupe com isso. - disse quietamente - Só vamos comer logo, antes que a fera ''Ma Faminta'' apareça, você não vai querer conhecê-la. - Mabelle brincou enquanto saía do carro.

Se surpreendeu ao ver um sorriso genuíno no rosto de Reus.

- Ah, como eu adoro você!- ele exclamou, segurando sua mão enquanto caminhavam juntos.

Mabelle se esforçou para fazer seu coração voltar ao ritmo normal depois da declaração e do toque quente da não de Marco unida à sua.

Mas vamos em frente...

•••••

Após uma enxurrada de boulette, Ma se deu por satisfeita. Reus por sua vez, mal tocara em seu Brezel, mas brincava pensativo com a massa no prato.

De volta ao carro, os dois começaram o processo de ''falar no assunto''. Conforme passavam pelas ruas de Dortmund, a tensão foi deixada de lado, dando lugar à uma atmosfera de cumplicidade. Juntos bolaram a estratégia de falar primeiramente sobre suas vidas, até que se chegasse no ponto alto de cada uma.

Conversaram sobre o quanto ele gostava da sua cidade e se pensava em ir embora algum dia. A resposta foi ''não''. Sobre as irmãs ciumentas de Marco, Yvonie e Melanie. Nico ''o melhor sobrinho do mundo'', nas palavras dele. Mabelle notou que ao falar de seus pais, sua voz se enchia de orgulho.

Mabelle falava pouco de si. Achava que tinha uma vida muito sem graça, mas Reus parecia muito interessado no que ela dizia. Falou de sua família, os amigos da faculdade, seu gosto por esportes, livros, música, crianças, flores e animais. Riram ao conversarem sobre os tempos de escola, ele sendo o atleta popular, e ela sendo chamada de lésbica pelas costas.

- Em pouco tempo, fui considerado uma ''estrela em ascensão'' - Marco resumiu novamente seu histórico. - Parecia que eu estava no topo do mundo, sabe, onde eu sempre quis estar. Mas veio essa estúpida nuvem escura chover sobre mim - Marco atirou mais uma pedra no lago.

Os dois estavam agora no Rombergpark, sentados lado a lado no cais, observando o pôr do sol. Mabelle permaneceu em silêncio, deixando espaço para ele prosseguir.

- Eu cheguei a pensar em nunca voltar a jogar novamente. As primeira semanas foram as piores. Durante o dia ficava no dilema entre ficar feliz por meus companheiros no Brasil ou com inveja. A maior parte do tempo eu sentia raiva de tudo. - Ele meio que cuspiu as palavras.

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