Temporada de caça ao Beto

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Alexandre estava a caminho do encontro com o Chefe Supremo quando soube da morte de seus irmãos, Gustavo e Marcelo. A agonia em seu peito fez com que ele tivesse ódio do Chefe Supremo, no entanto, ao decorrer do percurso o ódio foi se sucumbindo ao medo de também ser morto. Alexandre tem história no Red Eye, mas ele sabia que isso não impedia que fosse morto, seu irmão Marcelo também era um grande nome da organização, e mesmo assim foi morto.
Wilson não arriscara a trocar nenhuma palavra com Alexandre durante todo o trajeto que fizeram, ele percebeu o estado em que Alexandre estava, mas não se atrevia a perguntar o motivo. Então estacionou o carro na frente de uma casa simples, tinha um muro, tendo a base com cento e dez centímetros de altura, possuía ainda um metro de grades fortes. O carro fora estacionado na sombra de uma árvore posicionada na frente da casa.
Alexandre desceu do carro e andou rapidamente em direção ao portão, tentou abri-lo, estava destrancado, ele continuou em direção à porta, o olhar ainda pesado, tentou a maçaneta, mas a porta estava trancada. Então ele tocou a campainha, ouviu passos em direção à porta. A porta se abriu com um pequeno rangido revelando o terno, de algodão egípcio com colarinho italiano, do seu ocupante.
- Entre Alexandre. - Ordenou ele.
Alexandre sentia como se agulhas estivessem sendo pressionadas contra seus músculos, sempre que ouvia a voz do Chefe Supremo.
- O senhor queria me encontrar? - Alexandre disse, retirando força de algum lugar dentro de si.
- Sim... - Disse ele apontando uma cadeira para que Alexandre se sentasse. - Precisamos acabar logo com esse pessoal do Treta. Eles já nos deram muito prejuízos quando conseguiram levar cocaína para a universidade de nosso domínio.
- Mas o que vamos fazer Chefe? - Perguntou Alexandre verdadeiramente assustado com o olhar que o Chefe supremo empreendia a ele.
Um dos grandes dons do Chefe Supremo era o de reconhecer o medo na expressão das pessoas. E Alexandre estava aterrorizado com a possibilidade de ser assassinado.
Antes de responder a pergunta de Alexandre, ele deu uma risadinha e seus olhos gelados faiscaram.
- Não precisa se apavorar Alexandre. - Disse observando a expressão de Alexandre. - Preciso de você vivo.
Alexandre se viu engolindo a seco, gaguejando, ele tentou se explicar:
- Mais o Gustavo e o Mar...
Mais antes que ele pudesse terminar a frase, o Chefe supremo respondeu dando de ombros:
- Eles foram pegos no flagra. Não havia jeito de tirá-los de lá. E o único jeito possível foi matá-los. Eles eram bons no trabalho, mas eu não tive opção.
Alexandre pareceu ainda mais furioso, ou amedrontado, nem ele sabia explicar, com a naturalidade que o homem responsável pela morte de seus irmãos contara como decidira fazer isso.
O Chefe Supremo não estava ali para se explicar, ele queria acabar com o Treta, mas não só com eles, ele queria a cabeça dos investigadores que estavam atrapalhando seus negócios.
- Sabe. - Disse ele acendendo um charuto. - Acho que o ponto fraco do Treta é aquele tal de Beto. Méier pode até ser o chefão, mas se quisermos acabar com aqueles miseráveis, temos que pegar o Beto. - Deu uma pequena pausa no discurso para apreciar seu charuto. - Além disso, o pessoal da narcóticos está chegando muito perto da gente, principalmente aqueles policiais, Gusmão e Wellington.
Alexandre permanecera em silêncio. No entanto, ele sabia que se quisesse sair vivo daquele encontro, ele tinha que concordar com as ações do seu chefe e executá-las com todo o êxito possível.
- Concordo chefe. - Disse Alexandre finalmente voltando a olhar para o Chefe Supremo. - O que o senhor quer que eu faça?
- Ora, faça tudo que tenha que fazer para acabar com Beto e aqueles investigadores metidos a anjos da lei... - Disse em tom áspero. - E faça rápido.
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- Delegada Milena. - Disse ela estendendo a mão, primeiro a Wellington e depois a Gusmão. - O delegado Moreira mandou avisar a vocês que ele já foi para casa, e que tem que conversar com vocês, entretanto, não poderia esperar o término dos seus depoimentos.
Virando-se ela foi em direção a porta e disse aos investigadores:
- Vocês podem almoçar antes dos depoimentos. Não quero que alguém desmaie enquanto responde minhas perguntas. - Disse com um sorriso de lado.
Quando ela cruzava a soleira da porta, Gusmão e Wellington se levantaram e Wellington foi surpreendido pela atitude de Gusmão:
- Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça. - Cantou baixinho, como se cantasse para somente ele mesmo ouvir.
Wellington se surpreendeu consideravelmente, no entanto, resolveu não perturbar alguém que estava aparentemente perturbado desde o primeiro contato visual com a delegada Milena. "Gusmão até parece estar apaixonado" pensou Wellington quando saiam do DP. "Que bobagem, o Gusmão? Nunca"
Eles estavam absortos demais em seus pensamentos para conversarem enquanto caminhavam até o restaurante da esquina.
Assim que entraram, eles se sentaram e pediram o que costumavam comer.
- O que você acha que aconteceu no DP nessa madrugada? - Perguntou Wellington levando o garfo à boca.
- Difícil... Os peritos ainda não falaram nada, nós nem sabemos o que houve direito. - Disse Gusmão apreciando água mineral como nos típicos dias pós-noitadas.
- Mas nem uma ideia? - Perguntou Wellington interessado nas conclusões de Gusmão.
- Espero obter as mesmas respostas que você, meu caro. - Disse Gusmão parecendo estar interessado em outra coisa, que com certeza não era os assassinatos da madrugada.
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