A Amante

Capítulo 7 - O jantar

Cassie saiu do elevador, diretamente em uma sala. Piso branco, que ela suspeitou ser de mármore, com um tapete largo em um tom entre vermelho e marrom. No canto esquerdo, uma mesa de vidro com um vaso grande e um telefone sem fio e do lado direito, um piano. Haviam três sofás espalhados pela sala, com uma poltrona alta e uma mesa central, com alguns jornais e um cinzeiro – usado por cima. A parede frontal da sala era totalmente de vidro, que fez com que ela pudesse notar as luzes roxas que, nessa noite, iluminavam o Seattle Eye. Ela deu passos lentos, reparando no quadro que havia numa parede que dava à uma porta fechada, parecia à um quarto. Não havia nenhum porta-retratos e apenas esse único quadro. O apartamento não parecera ser visitado muitas vezes, apesar de parecer não ser um lugar alugado.

Dando mais alguns passos, seu salto começou a ecoar e a sincronizar à outros passos vindos da sua direita. Adrian vinha da cozinha, vestindo uma calça social preta e uma camisa azul, visivelmente vindo do trabalho. Seu cabelo não estava molhado essa noite e trazia um resto de gel que não era suficiente, deixando seus cachos à mostra. Na boca, um cigarro de canto e nas mãos, duas taças vazias.

"Oh, você apareceu. Não interfonaram.", disse, sorrindo de lado, segurando o cigarro entre os lábios.

"Sinto muito por isso.", riu.

"Não sinta.", deixou as taças na mesa e a beijou na bochecha. "Não cheira à chuva, dessa vez."

"Fico feliz que notou! E então, o que cheiro?"

"Preciso me aprofundar...", puxou-a pela cintura, roçando o nariz no seu pescoço. "Mulher decidida. Dior, arrisco."

"Dior..."

Ela repetiu a palavra tentando imitar sua pronuncia francesa, ainda arrepiada por sentir o nariz em seu pescoço, fazendo um leve círculo, enquanto Adrian inspirava e expirava um pouco antes de se afastar. Sentir sua respiração a deixou em outro mundo por uma fração de segundos e não havia se recuperado totalmente, antes de repetir tal palavra. A mão dele ainda pressionava pelo menos três de seus dedos em sua cintura, trazendo o corpo para perto e quase unindo ambas as cinturas. Já haviam se abraçado e mantido seus corpos próximos, mas nada como isso. Nada antes se remetia à essa sedução.

Adrian mantinha a outra mão distante, agora segurando o cigarro e parte do corpo afastado, livrando-a do que trazia na mão. Apesar disso, os corpos pareciam estar se aproximando em um silêncio que nasceu após seu acerto. Sua mão apertou a cintura de Cassie, deslizando suavemente o polegar, enquanto a trazia para mais perto. Seu antebraço agora estava encostado às costas dela, deixando-a presa em um pequeno meio círculo.

Quando os corpos se tocaram, os dois seguraram a respiração. Era como se uma corrente elétrica houvesse passado entre os dois e era humanamente impossível ter qualquer reação oposta à isso. Os olhos de Adrian pareciam negros e convidativos, nesse momento, como se ele tivesse jogando algo sem avisá-la. Ele deu um sorriso largo, com os lábios fechados, um pouco pressionados entre si e ela lembrou-se de respirar, limpando sua garganta, com vergonha de si mesma.

"Você veio jantar, então vamos à isso. Eu pedi comida, espero que não se importe.", soltou-a.

"Na verdade, não. O que pediu?"

"Salada e frango grelhado. Tenho vinho por aqui. Branco ou tinto?"

"Tinto..."

"Um momento, então."

Cassie assistiu-o ir em direção à um mini bar, que ela não havia notado antes, enquanto lidava com a ausência da mão de Adrian sobre seu corpo. Ao parecer, ele havia pressionado com mais força do que ela pôde identificar no momento do toque, pois agora ela sentia perfeitamente o sangue voltando à correr por ali e um pequeno formigamento em volta de onde estavam os dedos dele. Sua virilha vibrou por um instante e ela assustou, fechando as pernas rapidamente, como se ele pudesse notar isso, ainda que estivesse de costas.