Capítulo 21 - Pelos olhos de Cassandra, parte 2

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Eu estou sonhando. Esses dias foram tão utópicos que, quando eu abro meus olhos e vejo Adrian ao meu lado ou por algum canto da suíte, sinto que estou adormecendo. Tudo passou em uma velocidade agradável, mas meu peito aperta ao pensar que terminou. Posso dizer que estou com a voz bem rouca pelas gravações intensas do meu disco, com o corpo todo dolorido e me sentindo um tanto... Ardida, mas não pelo mesmo motivo. Adrian me fez dele pelo menos duas ou três vezes em cada um desses dias e deliro só de relembrar.

Não imaginava que pudesse ter dias de paz com ele. Estar em Los Angeles, afastada dos problemas pedantes de Seattle e de todas as pessoas que complicam nosso caminho foi mesmo libertador. Vê-lo agindo como alguém meu e tendo uma rotina próxima à minha foi tudo o que meu íntimo desejou desde que começamos essa espécie de relacionamento proibido.

Mais uma vez, viajamos à noite, para evitar a confusão que o aeroporto traz. Diferente de dias atrás, algumas pessoas me reconheceram e isso me deixou eufórica! Abraços, sorrisos, autógrafos e fotos foram tiradas na calma e ele me esperou pacientemente. Não posso dizer que ele estava sorrindo para a situação, pois estava no seu momento protetor, mas seu olhar suave me davam a liberdade necessária. O mesmo aconteceu quando chegamos no nosso destino. Algumas pessoas murmuravam "Cassie!" e eu notei que esse nome realmente estava funcionando. Ótimo, minha luta para esquecerem o "Cassandra" pelas últimas duas décadas começara à funcionar.

Thomas, o motorista, estava nos esperando do lado de fora do aeroporto. Tomou as malas, gentilmente, da mão de Adrian e as guardou. É claro que ele não me deixou segurar nada além do meu travesseiro de avião e um leão de pelúcia que comprei na viagem. Apesar de eu ainda não ter ganho um centavo da gravadora, eu tinha que comprar algumas lembrancinhas e como Adrian fez da nossa suíte seu escritório em horário comercial, eu chegava com sacolas e... Estava feito! Ele até tentava discutir e insistir sobre eu usar o cartão dele, mas nada que beijos não resolvessem e o fizessem esquecer como ele estava sendo contrariado. Especialmente um certo tipo de beijo mais para baixo... Funciona como um perdão infalível com ele. 

É claro que, primeiramente, eles me deixaram em casa. Não estacionou precisamente na porta e eu entendi que isso era para a nossa comodidade e despedida final. Era difícil saber que essa noite eu dormiria sem aqueles braços me tomando para si e tendo cada pedaço de mim ou respirando perto da minha nuca até eu dormir. Meu coração se apertou e encostei-me ao seu ombro, entrelaçamos nossos dedos e esperamos um momento, até o corpo estar pronto para isso.


"Eu odeio saber que você tem que ir.", bufou e sem me olhar, encarou a janela.

"Eu odeio ter que ir.", sorri sem muitas esperanças.

"Terei um dia agitado amanhã e...", fechou os olhos. Eu sei o que ele queria dizer. Não seria o mesmo, nem teria o vasto tempo para mim.

"Eu sei. De qualquer forma, tenho muitas coisas da faculdade para colocar em dia. Está tudo bem.", menti um pouco. Largaria tudo para ter um momento com ele.

"Ligarei em breve. Teremos notícias da gravadora essa semana, estou certo.", ele parece nervoso por pensar que eu sinto que ele vai se afastar.

"Espero que sim. Vamos?", olhei para ele sob meus cílios.

"Não, espere."


Adrian segurou meu braço e curvou seu corpo sobre o meu, me beijando desesperadamente. Eu sei, meu amor, isso dói. E se isso estivesse doendo nele pelo menos uma parcela do que estava em mim, já explicaria a força de sua boca contra a minha. Nossas línguas se entrelaçaram com fome e segurei seu cabelo para mantê-lo mais ali e ele fez o mesmo com a minha cintura, pressionando seus dedos. Meu corpo começou à reagir com esse homem tão próximo à mim e me querendo na mesma intensidade. Não consegui recusar.

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