Capítulo 11 - Pelos olhos de Cassandra

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"Boa noite, Senhor Delatour. Precisa de ajuda?", alguém perguntou de longe.

"Não. Eu posso com isso.", isso? O quê?


***


Meus olhos pesavam demais e uma luz me impedia de abrí-los totalmente. Eu estava em um sofá branco, quase duas vezes maior que eu e estava descalça. Logo reconheci uma voz que estava presente no mesmo local e abri mais os olhos, observando Adrian na janela, falando ao telefone. Ele estava com a mesma camisa social branca e uma calça jeans escura, que eu não havia notado no bar. Casual chic caía bem para ele ou eu já estava acostumada à vê-lo assim, não tenho certeza.

Ainda estava escuro, então eu acho que cochilei. Sentei, sem tirar os pés do sofá e abracei minhas pernas, focando a atenção no que ele dizia. Ele seguia de costas, mas me observando pelo vidro, com o rosto sério de sempre. Adrian não gostou de eu ter acordado no meio da ligação e era óbvio, mas ele poderia ter ido para outro cômodo atender e de todos os modos, a voz dele não me acordou, embora ele não saiba disso.


"King J nem é um nome, Edward, por Deus!", passou a mão em seu cabelo, segurando com força, me observando. "Está bem, Thomas está a caminho e Jeffrey está cuidando de todo o resto. Eu preciso ir. Me informe se algo sair do previsto." E desligou sem um simples adeus, para variar.


Quem diabos era King J? E Thomas era seu motorista, mas Jeffrey? Minha cabeça começou a latejar com tantas perguntas – e também porque não comi. Era difícil eu comer no bar e sempre ficava ansiosa demais para jantar antes de sair de casa, então fazia um lanche rápido na madrugada, o que não aconteceria pois 1- eu não estava em casa e 2- eu não estava com fome, apenas dor.

Adrian desligou e deslizou o celular pela mesa, como se estivesse afastando de nós todo um mundo lá fora e se lançou para o sofá. Eu agradeci mentalmente pelo feito, porque eu não tinha intenção de lidar com o mundo, essa noite. E se ele falou com Edward, Christopher também estava a salvo, então eu poderia me dar um descanso mental. Seus olhos me diziam que eles estavam bem, mas ele escondia coisas. Eu queria saber isso no momento? A resposta é não. Amanhã, depois, mas hoje, não.

Violência me lembra meu pai, eu não posso evitar. A cena que passamos há, eu não sei, algumas horas, talvez, me lembrava o quão rude uma pessoa pode ser. Não importa a razão, nunca é justificável a tentativa de assassinato. Nunca, embora algumas pessoas não entendessem isso e nesse grupo, incluo meu pai. Por isso chorei e eu não sou assim, mas como todas, tenho minhas fraquezas.

Da última vez que chorei, me cuidei para que Adrian não visse, mas agora, tudo havia ido por água abaixo e ele tinha aqueles olhos magnéticos em mim, como se esperasse que eu fosse chorar à qualquer momento.

O silêncio já era grande e eu seguia sem me mover, ele me observava como um caçador com o rei da floresta. Gentilmente, tocou o braço que estava na minha perna. Adrian tinha uma coleção de toques, pelo visto e a maioria deles indicava que ele iniciaria ou retomaria uma conversa e não queria que eu fugisse, outra vez. Eu não estava em condições de fugir, contando com que eu mal tinha me dado conta que agora estávamos em seu apartamento e eu nem me lembro como cheguei.


"Eu quero que saiba que Christopher está bem.", acariciou meu pulso com o polegar.

"Eu sei.", certo, eu não deveria ter dito isso, mas eu sabia mesmo, os olhos dele me contaram antes dele começar.

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