Adrian atirou a taça dele na parede e foi, dando passos rápidos e fortes ao bar, pegando a garrafa de uísque, bebendo gole a gole sem algum copo. Sentia suas mãos queimarem de ódio. Sentia impotência. Nada poderia mudar o que aconteceu e da forma que aconteceu, então só lhe restara beber. Ele sempre teve problemas com a bebida, desde a adolescência, mas após algumas reabilitações em segredo e algum foco, conseguira deixar isso de lado e ser o empresário impecável, de reputação peculiar.
Em todas as vezes que suas crises de ódio atingem altos picos, seu vício se torna incontrolável. Uma garrafa cheia, em 20 minutos já alcançava menos da metade. Sentado no sofá, olhando de longe o Seattle Eye parando de se mover, provavelmente pela hora, não tinha nenhum pensamento em seu interior. Estava dopado pela rapidez em que bebeu e sufocado em um silêncio que falava por si só. Ele estava sozinho, como sempre e pelas suas próprias escolhas. Mentir sobre Carla foi a sua decisão e ele pagou por isso. Carla. Esse nome cruzou ligeiramente seus pensamentos antes de seu celular tocar.
"Sim?", disse baixo e lento.
"Adrian, onde está? Já passam das 11!"
"Com Edward...", fechou os olhos.
"Você vai dormir na casa dele?"
"Eu não sei. Você sente minha falta, Carla?"
"Que droga de pergunta é essa? Você bebeu?"
"Diga, Carla. Apenas diga que sente minha falta e eu irei para você!", riu.
"Apenas venha, Adrian."
"Não. Não, não. Tsc, tsc... Me diga."
"Eu sinto sua falta. Apareça em casa em menos de meia hora ou vou dar um escândalo quando você aparecer."
"Você vai me dar outras coisas, querida. Você vai...", mordeu o lábio.
"Bêbado!", desligou.
Ele riu e se levantou, permanecendo no mesmo lugar por um momento, esperando que o mundo parasse de girar bem em frente aos seus olhos. Deixou a garrafa na mesa, indo para o elevador, passando pelos cacos de vidro e restos de vinho pelo chão.
"E esse foi o último brinde para a Senhorita Nunca Mais. Palmas!"
Desceu e foi para o carro que havia sido deixado para ele. O mesmo ainda cheirava Cassie, o que o deixou irritado e o fez correr mais. Excedendo limites, cruzando semáforos. Uma rota de 20 minutos, Adrian concluiu em oito.
"Eu não posso acreditar que por uma pequena mentira ela me deixou! Não me deixou se não tínhamos porra nenhuma, mas não é evidente que tínhamos alguma conexão? Fez um escândalo como se fosse solteira. Nunca mais. Neurótica! Injusta! E como pôde pensar que a beijei me aproveitando de sua fraqueza do passado? Eu poderia tê-la beijado assim que chegou, porque eram exatamente onde meus pensamentos estavam. Você quer assim, Cassandra, então será. Eu nunca me importei com mulher alguma e você não vai ser a primeira. Tenho mulheres que morrem por mim, tenho Carla e tenho muitas que morreriam por esse beijo que eu te dei. Odeio que seu gosto esteja na minha boca. Eu tomei quase uma garrafa para te afastar! Eu vou apagar você. Garota estúpida. Nunca mais."
Chegou em casa tropeçando, mas, por sorte, Carla não estava na sala. As luzes principais já estavam apagadas, ficando apenas uma que dava acesso ao segundo andar, indicando que ela já havia passado por ali. Ele deixou a chave do carro na frente de um porta-retrato com uma foto do casal em Roma, como de costume, mas esbarrou os dedos, movendo-o para trás. Ele o tomou nas mãos e observou a foto por um tempo, como se estivesse se programando para o que o aguardava ou tentando lembrar o que havia lhe trazido para casa. Colocou-o no lugar e subiu as escadas lentamente, contando cada degrau e tocou a parede para se guiar ao quarto e entrou, rindo.
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A Amante
RomanceCassandra Hale é uma garota sonhadora e de caráter forte, mesmo com o passado traumático o qual ela tenta esconder. Seu maior sonho é se tornar uma cantora famosa, mas isso ainda parece distante. Até que em um dia chuvoso, como normalmente Seattle...