A Amante

Capítulo 19 - Avião

Cassie deixou a gravadora vibrando em seu interior, com o recomeço que ela estava tendo, após Christopher. Eram altas horas da noite quando a festa acabou e por mais que ela quisesse se perder no corpo de Adrian, sabia que ele tinha suas obrigações e já estava impaciente com seu celular tocando à cada fração de tempo. Ela, por sua vez, tinha muito o que explicar em casa e sabia que não poderia mais fugir ou dar frases quebradas para a sua mãe. Sua nova vida seria parte de uma exposição sem fim, então ela teria que decidir com quais segredos jogar.

Adrian lhe ofereceu uma corrida de táxi, que ela aceitou sem contestar, já que logo ela poderia começar à pagar qualquer favor que ele a prestasse e seguiu para casa, tentando formular o que dizer para sua mãe, mas sem sucesso. O caminho parecia mais iluminado e com algo especial. Era o mesmo, apesar de sua empolgação ver tudo diferente. Ela tinha o homem que queria e, de quebra, o que sempre sonhou — o contrato com a maior gravadora de Washington. Ir pra casa, essa noite, era prova de dever cumprido. Esse era o brilho especial.

Empurrou a porta de casa e encontrou sua mãe e irmão na sala, como se esperassem por ela, mas foi apenas sua vã impressão. Assistiam um filme e uma caixa de pizza estava aberta na mesa de centro, junto com duas sodas abertas e uma fechada, aguardando por ela. Seu irmão pausou o filme e ambos a encararam. Cassie tinha um sorriso extenso ao balançar o contrato.

"O que é isso, Cassandra?", a mãe olhava o papel com preocupação.

"É um teste de gravidez? Cassie está gravida.", Mike bufou.

"Claro que não, garoto.", bateu com os papéis no ombro dele e prosseguiu. "Eu quero comunicar aos dois que eu acabei de assinar um contrato com a Rising Records!"

"O que? Como?", sua mãe puxou o contrato e deu uma lida breve. "De onde tirou tanto dinheiro?"

"Eu venho guardando, mãe e o que faltou, fiz um empréstimo!", riu e seu irmão levantou para abraçá-la.

"Como você pretende pagar isso? Que essa loucura não sobre para mim, Cassandra, eu já tenho muito com o que suprir nessa casa."

"Mãe, eu trabalho!", virou os olhos. "Pode ficar feliz por mim por cinco minutos? Isso é real, eu vou gravar um CD!"

Marie suavizou ao ver a empolgação da filha e ao ver pelo contrato que não era uma brincadeira. Ela estava totalmente feliz por Cassie, mas como toda mãe, tinha suas reservas. Ambas se abraçaram e ela desejou o melhor para sua filha, que contou-lhes sobre o que ela faria nos próximos dias entre viagens, gravações e eventos.

A jovem teve uma noite familiar simples, longe de conflitos, como há muito tempo não fazia. Essa era a paz depois do tiroteio e de todo o trauma que passou nos últimos dias. Uma noite fraternal que servia tanto para que ela se recompusesse, bem como os aproveitasse antes da viagem. Sua família se estendia apenas à essas duas pessoas. A família de sua mãe, mesmo sabendo os problemas conjugais, não demonstravam tanto apoio. Os três se tinham e se bastavam. E Cassie sentia que realmente iria devolver todos os esforços de sua mãe em breve.

***

O vento estava forte aquela noite, mas é o natural estando em um aeroporto. Aquele vento parecia empurrar os maus pensamentos e dúvidas para outro lugar, dando espaço à um frio na barriga e excitação sem fim para a garota. Adrian retirava as malas do táxi, enquanto ela o olhava com encanto. A ideia dele havia funcionado perfeitamente e eles teriam sua primeira viagem. Estariam afastados do mundo, sem se preocupar com o exterior ou voltar para casa. Seriam apenas os dois e a carreira de Cassie. O que mais ela poderia pedir?