Ainda o último dia do ano, tentando escapar do iate
Assisti Rick North, um dos maiores famosos simplesmente desaparecer no mar. Até então não havia percebido as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. O sentimento de morte eminente pairava no ar e eu precisava tomar uma decisão. Ele estava certo, pular era a única salvação, eu sabia, mas mesmo assim me faltava coragem. Algo dentro de mim gritava para pular, achar Rick e dar o fora daquele lugar, mas mesmo assim, eu não conseguia mexer um músculo de meu corpo. Olhei ao redor e percebi o quão sozinha estava, que a minha sobrevivência dependia exclusivamente da minha coragem. Então abracei a loucura.
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Imaginei que a água estivesse gelada e me preparei para a enxurrada salgada que lavaria meu corpo por completo. Por sorte o oceano não estava gelado, mas as águas puxaram meu corpo para baixo por longos segundos, até que meus pulmões gritasse por ar. Emergi desperada por óxigênio, desnorteada pelo impacto que senti ao pular na água de uma altura horrenda. Assim que me recuperei, minha mente foi preenchida por preocupações, uma delas era Rick. Eu precisava encontrá-lo. Chamei por ele e não obtive respostas, enquanto procurava me dei conta de que não precisava dele e que poderia até ser melhor sem ele. Apesar da presença do popstar ser inútil, seu plano era bom. De acordo com ele, eu deveria nadar para longe do iate e assim que ele afundasse por completo eu retornaria para procurar destroços que suportassem meu peso e me mantivessem boiando.
O vestido longo atrapalhava meus movimentos na água, foi necessário subi-lo até a cintura e dar um nó, assim minhas pernas ficariam livres. Só então comecei a nadar, relembrei as pequenas competições de natação que participei durante a adolescência, eu deveria ser rápida e precisa, dar braçadas e bater minhas pernas o mais rápido possível. O cansaço começou a tomar conta de meu corpo e por alguns segundos eu pensei que iria afundar e morrer afogada. A exaustão acabou me vencendo e eu parei, desisti e me concentrei em fazer meu corpo boiar. O céu estava incrivelmente estrelado, um azul escuro infinito como o oceano que me rodeava, haviam estrelas de todas as cores, brilhantes como diamantes polidos. Consegui até identificar algumas constelações.
Então uma luz acendeu-se no céu, chamando minha atenção e me fazendo parar de boiar, outros clarões vieram em seguida, silenciosos, expandindo-se em luz, os fogos de artifício estavam diminutos no horizonte, já era meia noite.Passar a virada do ano vendo um barco afundar e esperando por socorro em alto mar não estava nos meus planos, ainda mais presenciar tudo isso ao lado de Rick, que graças às luzes dos fogos de artifício havia me encontrado em meio às águas e nadado em minha direção. Tudo parecia artificial, meu coração desejava que tudo isso fosse mentira.
Primeiros minutos do ano, iate submerso
Assim que a embarcação afundou, eu e Rick esperamos uns minutos e fomos até o local para encontrar objetos que flutuavam, assim poderíamos nos manter seguros enquanto aguardávamos socorro.
- Simplesmente cansei de nadar. Não vou entrar em uma piscina por meses, eu juro por Deus! - Disse reclamando.
- Pelo menos estamos vivos Karen - ele disse em um tom mórbido.
Eu queria estar morta. Pensei comigo, mas decidi ficar calada e nadar o mais depressa possível para longe dele, mas estranhamente, Rick parecia estar contando com minha companhia, ele estava sendo inteligente e simpático, coisas que ele nunca fora na vida. Quem sabe o desastre com o iate tivesse feito ele acordar pra vida e perceber que o mundo não gira em torno dele ou todo esse colapso mental o transformara em um gênio da sobrevivência em naufrágios.
Procurando por destroços com Rick, encontrei uma mesa flutuando. Desmontei-a desencaixando o cilindro de metal que a mantinha em pé, isso fez com que ficasse mais "leve" na água, perfeita para aguentar meu peso.
- Você acha que eles podem nos ver aqui? - Ele perguntou.
Percebi que Rick olhava para os botes, eles estavam muito distantes de nós, as luzes das lanternas nos permitiam identificá-los na escuridão.
Olhei para Rick ao meu lado, também com um disco de madeira.
- Acho que não.
- Espero que as equipes de resgate vasculhem os destroços à procura de sobreviventes ou vítimas.
Vítimas, será que houve mortos? Quando desisti de ir no bote, basicamente só haviam os funcionários no iate, eu e Rick. Rick, ele não deveria estar na "primeira classe" dos botes?
- Por que você não pegou um bote? - perguntei.
- Dei lugar à uma modelo que não sabia nadar.
- Sério? Você?
- E por que não faria isso?
- Por que você é Rick North, arrogante, egoísta, mimado, nunca colocaria alguém à frente de você.
- Uau. E você Karen Abernathy? É algum tipo de Madre Teresa não canonizada?
Estava demorando para isso acontecer, eventualmente brigaríamos, no fundo eu tinha essa certeza.
- Você sabe que estou longe disso. Eu não posso ser santa, mas não fico me exibindo e inflando meu ego.
Richard manteve-se em silêncio.
- Eu vou dormir um pouco.
- Como assim?!
Rick estava me encarando.
- Dormir? Em auto mar? Olha não acho que isso é algo certo - continuei.
Ele deu de ombros e disse: - Eu não vou soltar da mesa e se eu morrer, você ficaria mais feliz, não é isso o que você deseja todos os dias quando acorda, santa?
Minha boca abriu-se em um perfeito "Oh" e dela saiu apenas uma grande porção de ar. Mas espere, por que eu estou assustada? Por Rick ser um completo idiota? Por ele jogar baixo e fazer com que eu me sentisse mal? Não, não estou surpresa com nenhuma dessas coisas.
- Eu não vou te acordar caso o socorro chegue, por que suas fãs histéricas podem até sentir sua falta, mas eu? Eu com certeza nem notaria.
É, eu estava longe de ser canonizada.
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Minha boca estava seca, era como se toda a minha energia tivesse evaporado. Eu abri meu olhos. Espera. Eu abri meus olhos, então eu estava dormindo. Em um susto me desprendi da mesa e afundei, perfeito, um banho de água fria logo de manhã. Quando voltei a superfície, procurei de volta pelo meu disco de madeira, agora com um apoio eu poderia análisar calmamente toda essa situação. Ao meu redor não havia mais destroços, botes, e objetos flutuando. Eu parecia estar no meio do oceano sozinha, exceto por uma coisa: aves pairavam e majestosamente voavam no céu. Pássaros, isso significa que estou perto de alguma praia. Então quando olhei para trás fui supreendida pela paisagem e visão de um litoral paradisíaco, palmeiras, areia branca e pedras. Seria perfeito, se eu tivesse alguma noção de onde eu estava.
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Perdida Na Ilha
RomancePassar o Réveillon num iate no meio do oceano junto com uma estrela de rock pode ser o sonho de muitas jovens da idade de Karen, entretanto tudo o que ela deseja é que Richard Bradley Northwood desapareça do gigantesco iate alugado para sediar a fes...