Capítulo 6

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*Adiantei o capítulo porque não vou poder postar dia 19/02*

Meninas que dias vocês gostariam que fossem as postagens? Escolham dois dias e deixem nos comentários.
Obrigada por lerem, votarem comentarem, adoro ler os comentários, se vocês quiserem me ajudar a divulgar a história eu agradeço, espero que gostem do capítulo.
Beijos e bom fim de semana.

Douglas estava se sentindo desconfortável no meio daquelas pessoas, todos eram seus conhecidos, não que ele não gostasse deles, só se sentia claustrofóbico em lugares com bastante gente.
Silenciosamente levantou da sua poltrona confortável, precisava tomar um pouco de ar puro, respirar e tentar pelo menos naquele dia deixar de lado seus medos e ressentimentos.
Sabia bem qual era o lugar certo para ir, na lateral da casa havia uma pequena estufa de rosas de todas as cores, mas a maioria eram vermelhas, essas se destacavam entre as outras, imponentes e cheias de vida.
Era ali que Kate passava a maior parte de seu tempo livre, cuidar das rosas era seu passatempo favorito, ela mesma podava e as regava com água fresca todos os dias. Suas favoritas eram as vermelhas, com elas tinha o maior cuidado do mundo, chegava a chorar quando uma destas morria.
Douglas desenvolveu o gosto pelas rosas por amor à esposa, tudo o que ela gostava ele também gostava. O lugar se mantinha intacto, às vezes quando tinha tempo ele mesmo as regava e podava quando era preciso, senão Maria cuidava com todo seu amor e carinho, sabia que elas eram especiais para o patrão.
Ele não gostava que entrassem ali sem sua permissão, ficava furioso quando algum curioso entrava ali, era seu paraíso particular favorito.
Qual foi sua surpresa ao entrar na estufa e se deparar com uma mulher de longos cabelos loiros ali, seu primeiro pensamento foi de gritar com ela e exigir que saísse imediatamente dali, mas ele não fez nada disso, sabia que a pobre moça se assustaria e provavelmente choraria, e ele odiava que chorassem em sua presença.
Além do mais ela não estava fazendo nada, parada de costas para ele com os braços soltos ao redor do corpo e o rosto ligeiramente inclinado para cima inspirava o ar, ele sabia que sim pois conseguia ouvir o suave som de sua respiração.
Se aproximou devagar não querendo assusta-la. Olivia sentiu quando o corpo imponente dele parou ao seu lado, ela corou até ficar no tom vermelho das rosas, pelo visto elas também não eram imunes a ele.
Abriu os olhos lentamente, mas não ousou olhar para o lado, focou seu olhar para a frente, esperava que ele fosse lhe repreender por ter invadido o lugar sem permissão. Mas ele estava relaxado demais. O silêncio era constrangedor e quando Olivia pensou em pedir licença e voltar para a cozinha ouviu sua voz grave e paralisou no lugar.

- Essa estufa era da minha esposa, foi ela quem plantou cada uma dessas rosas. - Ele abriu um sorriso de saudade, que não chegou aos olhos. Abriu a boca para falar algo mais, mas se calou.

- São lindas. - Murmurou tímida arriscando olhar na direção de Douglas. Ele concordou com a cabeça.

- São sim - disse por fim - esse era o lugar preferido dela.

Olivia não sabia o que dizer, então ficou quieta, ela conseguia entender o porquê de a esposa dele gostar tanto das rosas. Ela não chegou a conhecer Kate, pelo pouco que sabia pelos vizinhos sobre ela dava para se perceber que era uma mulher apaixonada pela vida, daquelas que até os inimigos se rendem aos seus pés, mas ao mesmo tempo era meiga e delicada, uma dona de casa exemplar.
Olivia não se sentiu intimidada na presença dele, só sentia seu coração batendo enlouquecido no peito querendo sair pela boca por estar na presença do "amor de sua vida". Olhando para ele, ela não entendia porque as pessoas achavam ele monstruoso, um verdadeiro carrasco, tudo o que ela conseguia ver era um homem com a alma fragilizada, ele parecia uma criança de rua solitária que ficou sozinho no mundo.
Ela não sentia pena dele como os demais, seu sentimento era outro compaixão. Conseguia se colocar no lugar dele, mesmo sem nunca ter passado por essa situação, o sofrimento dele era quase possível tocar. Olivia sentia vontade de lhe afagar os cabelos e dizer que ele era especial para Deus, que deixasse tudo nas mãos dele e veria o milagre acontecer.
Mas sabia que o gesto não seria bem visto, afinal ele mal conhecia ela e talvez fosse mão interpretada. Suas mãos coçaram, ela as juntou na frente do corpo para impedir que ganhassem vida própria.
Ficaram ali parados cada um perdido em seus pensamentos, ele pensando na esposa e ela pensando nele, até se darem conta que precisavam voltar para dentro antes que alguém chamasse o resgate, ela se virou primeiro e ele seguiu atrás, incomodado por não ter se sentido irritado na presença dela. Douglas se surpreendeu por ela não ter se jogado em seus braços, isso era o que geralmente as outras faziam.
Deu uma última olhada para as rosas e trancou a porta, sabia que essa calmaria toda não duraria até o dia seguinte. Do outro lado da cozinha uma moça chamada Karen fuzilava Olivia com o olhar, ela teria tirado a outra pelos cabelos da estufa se na hora que pôs a mão na maçaneta sua mãe não a tivesse chamado.
Olivia fingiu não notar o olhar que lhe foi direcionado, não estava afim de iniciar uma guerra de olhares, o que a outra sentia era inveja por não ser ela a estar na companhia de Douglas. Não precisava ser um gênio para perceber que Karen era uma predadora. Por sorte ninguém notou o clima tenso entre as duas.
Isso é recalque, pensou Olivia enojada, mulher que se dá ao desfrute não merece o respeito de alguém, era isso que ela tinha em mente. Desde pequena aprendeu com seus pais a respeitar os mais velhos, a ser solidária, e principalmente ser uma mulher digna e honesta, primeiro vinham as necessidades da alma e do coração, depois as do corpo. Olivia aprendeu tudo ao pé da letra. Era mansa até alguém pisar em seus calos, literalmente.
Todos os sábados ia a missa e uma vez por mês se confessava com um padre, talvez fosse isso o que Douglas precisava, o pensamento veio em sua cabeça. Quem melhor que Deus para nos orientar?
Todos se reuniram à mesa a convite do anfitrião conversando alegremente, o banquete estava servido, o cheiro delicioso de peru assado chegado aos narizes. Douglas sentou-se na cabeceira da mesa.
Ele não fez menção alguma de fazer uma oração antes de iniciarem a ceia, Anthony chutou suas canelas por baixo da mesa, pra que ele percebesse que ninguém ia tocar na comida antes dele se pronunciar.
Pietro que estava sentado à direita de Douglas, vendo que irmão não se pronunciaria tomou a palavra, numa oração que aprendeu em sua igreja, ele e a esposa eram evangélicos. Todos fecharam os olhos.

- Senhor abençoa a nossa mesa. Ao menos por uma noite gostaríamos que o mundo fosse uma grande familia: sem guerras, sem miséria, sem drogas e sem fome. Que ao menos esta casa Jesus recém nascido acolha a tua palavra de amor e perdão.
Senhor tu serás bem vindo a está casa, até que um dia nós possamos nos reunir na tua. Amém.

- Amém - repetiram todos em uníssono.

Pietro e Carla não faziam parte da mesma religião de Douglas e Anthony que eram católicos. Mas não discordavam nem brigavam por conta de opiniões diferentes.
Encerrada a oração todos se serviram da deliciosa comida, Maria corava a cada elogio feito, ela tinha mãos de fada para cozinhar e naquele dia estava sentada à mesa com os demais por insistência de Anthony.
Karen devorava Douglas com o olhar, este estava alheio a ela, pois incrivelmente estava entretido em uma conversa sobre cavalos com os outros fazendeiros.
As mulheres tagarelavam sobre assuntos femininos, no fim das contas quase não era possível se entender diante de tanta algazarra.
Olivia era a mais tímida e ruborizava com os elogios que lhe eram dirigidos. Era uma timidez natural, não daquelas para chamar a atenção. Karen se mordia de raiva ao ver que a outra tinha a atenção de todos sem fazer esforço. Queria gritar que olhassem para ela, mas ninguém estava interessado em suas conversas fúteis.
Ao contrário das outras moças do interior, ela não sabia cozinhar e menos ainda entendia de bordados. Agora se você perguntasse a ela sobre outras "coisas" ela responderia sem o menor pudor.
Frederick e Louise esqueceram por aquela noite os problemas e dívidas da fazenda, e se permitiram deixar os pensamentos leves.
Ao final da ceia os convidados se retiraram da mesa e algum tempo depois retornaram para suas casas. De novo a casa se encontrava num profundo silêncio, já que novamente ele estava sozinho.
Anthony foi embora junto com Pietro alegando ter ficado tempo demais ali, dissera ele ao se despedir do irmão com um abraço apertado com direito a tapinhas nas costas, Douglas não renegou seu abraço, mas também não o convidou a voltar.
No silêncio daquela madrugada fria, fazia cerca de 10 graus, dezembro e janeiro eram as épocas mais frias do inverno em Austin, Douglas observava as estrelas no céu, elas pareciam olhar atentamente para ele. Viu uma estrela cadente e prendeu a respiração, não sabia se era digno de fazer um pedido. Mas então surpreendendo até a ele mesmo pediu que dias melhores viessem, riu de seu pedido idiota, ele não acreditava que isso fosse acontecer e logo se repreendeu por ser tão idiota e acreditar em lendas.
A casa estava mergulhada na mais profunda escuridão, Douglas desceu as escadas e se dirigiu à estufa de rosas, num cantinho havia um banco feito de bambu que Kate costumava sentar e ler um livro, ela era uma grande amante da leitura. Ele se aproximou e sentou ali sentindo uma energia diferente atravessar sua pele, um arrepio percorreu seu corpo fazendo ele abrir os olhos, mas não viu nada de mais, só as rosas se balançando como se uma suave brisa tivesse passado por ali. Que estranho! Pensou ele, a estufa estava toda fechada e não tinha por onde entrar correntes de ar.
Deve ser coisa da minha cabeça!
Decidiu sair dali antes que enxergasse coisas.
Subiu para o quarto, ao passar em frente o quarto de Josh parou diante da porta trancada e encostou a testa na madeira, mas não entrou. Era muita emoção para uma noite só.
Deitou na cama por cima dos edredons sem se dar ao trabalho de se ajeitar numa posição confortável.

Não muito longe dali Olivia sem sono lia um livro sentada na poltrona macia em seu quarto, por mais que tentasse não conseguia se concentrar na história, seus pensamentos estavam longe, num certo moreno musculosos de olhos escuros.
Seu coração acelerava só de lembrar da presença dele ao seu lado na estufa. Sem perceber caiu num sono profundo onde Douglas era seu príncipe encantado num cavalo branco, mesmo dormindo seus lábios estavam repuxados num sorriso de contentamento que não desapareceu depois de acordar e perceber que tudo não passou de um sonho bom.
Mas não tinha importância!
Ao menos no sonho ele era dela sem arrependimentos.

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