Capítulo 29

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Douglas esperava ser chamado para sua primeira consulta com a Dra. Rachel, ela era uma experiente psicóloga formada pela universidade de Boston. A demora em ser atendido já estava fazendo ele quase desistir, seu pé direito batia em um ritmo constante no chão incrivelmente branco da sala de espera.

Ele nem sabia porque estava ali, o lugar não lhe era nem um pouco agradável, só o fazia lembrar de coisas ruins. Ele afastou esses pensamentos negativos para o fundo da memória e se concentrou em ler o jornal.

Cerca de quinze minutos depois a secretária o chamou, a moça parecia ser feita de cera de tão branca que era sua pele, os cabelos vermelhos iam até o final das costas, em seu rosto haviam muitas sardas, além do olhar arrogante. Parecia ter uns vinte anos, Douglas não reparou muito em sua aparência, não estava ali para isso.

Andaram por um curto corredor até chegar a uma porta com a plaquinha Dra. Raquel psicóloga. A secretária bateu na porta, enfiou a cabeça para dentro e falou algo para a doutora que Douglas não entendeu.

- Pode entrar. A Dra. Raquel vai atender o senhor agora - ela abriu quase totalmente a porta para ele, gesto totalmente desnecessário.

Douglas assentiu com a cabeça e entrou na sala bem arejada, atrás da doutora havia uma grande janela de vidro que dava vista para boa parte da cidade. Ela estava sentada atrás de sua grande mesa em seu elegante terninho com os óculos na mão.

Ela apontou para uma cadeira em frente à mesa.

- Sente-se por favor - pediu com um sorriso encorajador.

Douglas obrigou suas pernas a saírem do lugar, parou em frente à mesa e hesitou antes de sentar ereto na cadeira. Ele estava parecendo um adolescente que brigou com um colega e foi mandado até a secretaria.

Rachel o analisou bem o que o deixou constrangido, não ficaria espantado se seu rosto moreno estivesse adquirindo um tom rosado. Ele logo se recompôs.

Homem não cora!

- Bom dia - cumprimentou Douglas.

- Bom dia - a doutora abriu um sorriso amarelo e estendeu a mão para ele que apenas pegou nas pontas dos dedos dela com medo de machucar.

- Pode apertar não tenha medo - Rachel o encorajou a dar um aperto de mão verdadeiro.

Um pouco hesitante ele preencheu a mão dela com a sua e percebeu que não iria machuca-la, não precisava apertar forte, apenas segurar e pronto.

- Assim está melhor - ela riu e soltou a mão dele que a recolheu juntando-as em cima das pernas.

- Está confortável na cadeira ou prefere o sofá? - perguntou vendo que ele estava tenso na cadeira.

- Estou bem aqui - ele não queria que a consulta virasse uma sessão de terapia.

- Ótimo - ela colocou os óculos no rosto - antes de iniciarmos quero saber se você está seguro de ter que debater sua vida comigo - perguntou analisando suas feições.

Ela sabia tudo o que aconteceu com ele, tinha lido o prontuário que ele mesmo preencheu por isso perguntou.

Douglas apenas assentiu com a cabeça.

- Muito bem, então vamos começar - ela tirou novamente os óculos e apoiou os cotovelos na mesa - me fale um pouco sobre como era seu casamento com Kate.

Douglas se remexeu desconfortável na cadeira, não que ele não quisesse lembrar da esposa, só não queria compartilhar sua vida com alguém que mal conhecia, ele já começava a se arrepender de ter marcado a consulta.

Salvo Pelo Seu AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora