Capítulo Doze

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Respirei fundo e concordei. Indo em direção a sala de onde eu havia visto ele sair.
Entrei lá, Scott deitava na maca, coberto por algo, ele deu um sorriso fraco, me aproximei dele e me deitei por cima de seu corpo, desabando em lágrimas.

- Você me assustou! - falei em meio ao choro. - Oque você tem? O que você quer falar comigo?

- Amy. - ele pegou em meu queixo e fez com que eu olhasse em seus olhos, seu olhar sereno me fez acalmar. Apertei sua mão com força e assenti - Eu, eu estou bem. Foi só, - ele parou um pouco para pensar - é normal. Minha tia tem isso as vezes. É normal. - ele sorriu e olhou para o chão, meio chateado.

- Me conte a verdade Scott. - falei séria.

- Eu estou contando! - ele disse.

Suas palavras pareciam tão reais, mas era algo tão bobo. O abracei e ele começou a se levantar. Pronto para ir para casa. O médico o deixou sair, fomos até o carro e fomos em silêncio até o hotel. Entramos pela recepção e falamos com a recepcionista, ela disse que já haviam limpado e que estava tudo pronto. Subimos pelo elevador.

Eu seguia cada passo de Scott, eu estava muito preocupada e aquilo era muito estranho. Foi de repente, não parecia algo "comum". Entramos no apartamento, o aroma dos produtos de limpeza invadiu minhas narinas, respirei fundo apreciando e fui direto para o banheiro lavar o rosto e escovar os dentes.
Me deitei na cama ao lado de Scott, ele acariciou o meu rosto e me deu boa noite. Se virando para o lado.

***

- Amy?! Acorda!

Abri os olhos lentamente e olhei para o relógio. Eu estava muito atrasada para a o trabalho. Vi que não teria mais tempo de chegar, me deitei de novo.

- Me desculpe. Não acordei a tempo.

- Talvez eu seja demitida. - falei rindo.

- Nada. Quantas vezes você já faltou?

- Apenas essa.

Ele pegou meu celular que estava na cômoda ao lado da cama e deslizou o dedo pelos contatos. Até achar o número da loja de roupas onde eu trabalhava, ele ligou e esperou que alguém atendesse.

- Alô? Sim. Aqui é do hospital, a senhorita Amy pediu para que eu ligasse do celular dela. Ela está com uma virose e vai ter de faltar o trabalho hoje. Hmm... certo. Claro, claro. Ela fica agradecida. Adeus. - ele desligou e me olhou sorrindo - Você tem o resto da semana de folga. Parece que uma nova garota começou a trabalhar lá, e que ela tem de fazer os dois expedientes para passar no teste e entrar lá. Então nessa semana em que ela estará em teste não será necessário você ir, ela disse que iriam mandar você ficar de folga mesmo que fosse.

Comecei a rir e pulei no colo de Scott, o abraçando firme.

- Obrigado, obrigado! Mas... e minha faculdade?

- Bem, essa sua virose, está meio avançada sabe. - ele riu e deu uma piscada - Eu vou começar a trabalhar semana que vem em uma loja de música. Podemos aproveitar essa semana.

- Será ótimo. - sorri e lhe dei um beijo no rosto.

***

Fomos comer em um restaurante, pedimos um prato especial e ficamos conversando sobre o hospital. Ele parecia cada vez mais suspeito, enquanto falava, percebi que suas mãos tremiam, e que um sorriso falso sempre estava em seu rosto. Eu não queria incomoda - lo com isso. Talvez ele tivesse se lembrado de alguém da família quando foi para o hospital, e seu não queria despertar um sentimento de dor a Scott.

- Não ligo para Morgan faz um bom tempo. - falei, tentando desviar do assunto indesejado.

- Pode ligar para ela, vou terminar e te encontro no carro.

Peguei meu celular e fui para fora do restaurante. Disquei o número correto e esperei que alguém atendesse.

- Morgan? - falei quando a chamada foi atendida.

- Oi Amy.

- Como você está?

- Minha mãe está um pouco melhor. Mas eu ainda acho melhor ficar aqui ao lado dela. Eu ficaria grata se vocês ficassem no hotel e com o carro alugado pelo resto da semana.

- Falarei com Scott, te mando uma mensagem depois. Mas, como estão indo as coisas? - perguntei meio aflita, queria muito ouvir um "eu estou bem de verdade", mas eu sabia que no fundo Morgan estava com medo, medo de perder sua mãe, medo de ficar sozinha, mesmo me tendo como amiga, eu a compreendia, nada substitui uma mãe.

- Ela está fazendo muitos exames, toma remédios de hora em hora. Coisas comuns, mas está indo bem, pelo fim da semana ela será liberada. Eu irei entregar o carro e as coisas de Scott para vocês e vou passar alguns meses em sua casa.

- Ok. Estou com saudades, me liga quando souberem de algo, espero que ela melhore.

- Eu também.

Desliguei o celular e fui até o carro, Scott não estava lá, Morgan e ele estavam me irritando com essa mania de sumir de repente. Aflita, entrei novamente no restaurante e rodei pelo local a sua procura. Mas nada, fui até a moça do caixa.

- Moça, você viu para onde foi o homem que estava me acompanhando?

- Vi sim. - ela falou simpática - Ele veio pagar mas saiu correndo para o banheiro. Não sei oque aconteceu.

- Obrigada.

Corri para o banheiro masculino e bati a porta, chamando por Scott. Ouvi barulhos de tocidas, era ele.

- Eu estou bem. - ele disse gaguejando, com uma voz fraca.

- Não, você não está! Scott! Sai daí agora.

- Eu estou bem, Amy, me espere no carro.

De novo isso? Fiquei com medo, me encostei na porta e as lágrimas ameaçaram cair.

Até Tudo AcabarOnde histórias criam vida. Descubra agora