Capítulo Dezessete

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Já faziam 21 dias, 9 horas, 21 minutos, e 53 segundos que Scott não falava comigo.
Quando chegamos ao hotel, ele me entregou a chave do carro. Me deu um beijo na testa e sussurou um "Desculpa " , me deixando pasma e sem entender nada. Tive de voltar para o apartamento, ele já havia deixado tudo pago, o carro, que devolvi no mesmo dia, o hotel, que abandonei aquela noite. Ele tinha sido tão... querido, mas ao mesmo tempo, bruto, por ter me deixado depois das palavras que eu disse.

Tranquei a faculdade, e coloquei em dia meu mês de férias no trabalho, que eles me deviam por eu ter trabalhado o mês todo de dezembro, incluindo no natal. Então eu utilizei as férias "guardadas" que eu tinha.

Chorei mais, agarrada ao meu balde de pipocas de caramelo, Morgan, que estava na faculdade no momento, voltou para casa depois de uns dias com sua mãe. Ela passava bem, e isso era minha única felicidade, ter minha amiga por perto. Era quinta feira a tarde, minha barriga roncava e só a pipoca, não me satisfazia. Decidi ir para a padaria, conversar um pouco com seu Carlos e comer pães de queijo e um capuccino quente.

Me vesti em meu quarto e peguei minha carteira. Andei solitária pela rua, esperando Scott esbarrar em mim e me abraçar. Algo meio bobo de se pensar. Mas ainda restavam esperanças.

Ouvi o sino tilintar, seu Carlos veio até mim e me deu um caloroso Abraço.

- Senhorita Thames! O que houve? Não aparece a dias! - ele choramingou, me apertando mais.

- Desculpe seu Carlos.

- Não, não. Está tudo bem minha querida. Fique tranquila. Tem uma mesa vazia lá no fundo se você quiser se sentar.

- Seria ótimo, obrigada.

- Oque deseja comer?

- Uma dúzia de pães de queijo e um capuccino com creme. Por favor.

- Certo, certo. Pode ir se sentar e logo você será servida.

Fui até a mesa do fundo e me afundei no banco. Olhei em volta, pela padaria, sentindo o cheiro de pão quentinho, engoli em seco, e olhei para mesa de novo. Pessoas conversavam suavemente e uma música clássica tocava em volume baixo. O sino, a coisa mais chamativa e barulhenta do local, tilintou, olhei para porta e vi um garoto, vestido com um casaco quente, foi até seu Carlos e falou algo com ele.

Seu Carlos apontou para mim e sorriu. Recuei indo para trás. Oque eu tinha haver com o garoto? O tal rapaz tirou a toca e sorriu maliciosamente. Era Roger. Uma das últimas pessoas que eu queria ver no momento. Ele se aproximou de minha mesa, deu um soco na mesma e se sentou ao meu lado. Encostado a parede.

- Olá Amyzinha... como vai a vida? Oh... - ele olhou para o meu rosto - Deixe - me adivinhar. Você está péssima! Acertei?

Me encolhi e olhei para o seu Carlos, que nos olhava confuso. Ele foi até dentro da padaria e gritou algo que ouvi apenas como um ruído.

Uma garçonete loira, alguém familiar, que eu parecia conhecer, saiu de lá de dentro com meu pedido, sorrindo de canto. Seu sorriso era familiar, mas eu não conseguia a reconhecer ou recordar seu nome. Ela colocou o pedido na mesa e me olhou arqueando a sombrancelha.

- Olá senhorita Amy.

Bethanny. O nome me veio a cabeça como um raio, era ela, a garota que infernizou minha vida um ano inteiro no colégio. A que tentou tirar Scott de mim, que fez de tudo para arruinar minha amizade pura com ele. Mas que não conseguiu.

- Bethanny... - Roger disse, sorrindo maliciosamente. - Meu amor.

Amor? Ela foi até ele e se sentou em seu colo.

- Amorzinho.

Eles se beijaram e ela deu uma piscada para mim. Eu não consegui me conter. Depois de me provocar tanto, o sangue me subiu a cabeça, a raiva tomou conta do meu corpo, e eu fiz, fiz o que não deveria ter feito.

Até Tudo AcabarOnde histórias criam vida. Descubra agora