Capítulo Quinze

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Parei em frente, em frente ao nosso lugar especial. Nosso lugar secreto que ficava no meio da mata, perto do parque. Era a nossa casinha da árvore.

Subi as escadas de madeira que levavam ao topo da árvore. Onde a casinha feita de madeira mole, com "sacada" e um cômodo pequeno ficava. Tínhamos lá várias fotos, jogos, tudo o que podia - se imaginar.

- Scott? - chamei batendo a pequena porta de madeira.

Antigamente, a porta parecia enorme. Mas, agora era tão pequeno, e quase impossível de se passar pelo "buraco". Abri, já que não obtive resposta. Olhei tudo em volta e me deparei com Scott meio acordado, segurando uma lata de cerveja e olhando fotos.

- Scott, oque você está fazendo?

Ele olhou para mim, confuso e com um olhar profundo, obscuro.

- Amy... - ele apertou o olhar e vi lágrimas escorrendo em sua face - Eu gosto tanto de você... mas você não gosta de mim. Você me odeia. Eu sou um grande idiota.

Mordi o lábio e olhei para lá fora, me sentei perto da porta e vi a profundidade da floresta, as árvores, as folhas caindo e o vento as balançando. Era tão bonito. Eu amava esse lugar. Tínhamos o achado quando completamos oito anos de idade. Mas quando Scott partiu, o abandonei por completo. Tudo ficou ali, largado.
As fotos, os posters, o nosso tapete, alguns baús com jogos, e outras coisas. Tudo o que fazia eu me lembrar da infância, da infância feliz em alegre que eu tive. Coisas que me faziam lembrar das risadas, das brincadeiras, das surpresas e arrependimentos. Tudo.

Senti Scott me abraçar por trás, ele chorou em meu ombro. Minha blusa se manchava com suas lágrimas, não me importei. Eu não tinha por que me importar. Ele estava bêbado, e tudo não passava de mentira, tudo oque ele falava era baboseira.

- Amy... Não me abandona! Amy... olha nossas fotos. Eu, eu te amava. - arregalei os olhos e Engoli em seco.

- Amava? - cochichei.

- Eu amo! Tá bom, eu admito, eu te amo Amy...

Eu queria que fosse verdade, mas eu sabia que não era. Era apenas mais uma baboseira de bêbado. Coloquei algumas fotos em meu bolso e carreguei Scott até o chão. Ele se segurava em mim enquanto cambaleava, tonto e falando besteiras.

- Amy... Você lembra, da nossa música?

Parei. Engoli mais uma vez em seco.

- As folhas caindo, o seu aplaudindo, o nosso amor, o nosso amor. - ele cantou.

- Os sonhos fluindo, sorrisos surgindo, como eu amo, o nosso amor, o nosso amor... - completei suavemente.

- Lágrimas, alegrias, surpresas, despedidas, como eu adoro, o nosso amor, o... nosso.... amor. - ele terminou sorrindo e caiu no chão, desmaiado.

***

Terminei meu banho, ainda me lembrando da canção. Era tão bonita, fora escrita por mim e por ele aos nossos onze anos. Éramos inocentes, considerávamos nossa amizade como um amor profundo. Era comum, sem malícia, tão inocente, tão puro.

Enrolei meu cabelo na toalha e passei a mão no espelho, tirando o calor que deixava - o fosco. Meus olhos fundos demonstravam que eu havia acabado de chorar. Era tão óbvio assim? Sim, era. E isso era péssimo. Eu queria estar bem... queria que ele não estivesse bêbado, e que suas palavras fossem reais.

Mas, eu sabia que era tudo bobeira, desilusão. E isso, era oque mais doía. Sonhar acordada.

Até Tudo AcabarOnde histórias criam vida. Descubra agora