Fiquei visivelmente envergonhada com o que aconteceu na Casa Monstro. Ainda estou, pra falar a verdade, mas... O passeio está perfeito, nunca tinha vindo aqui, exatamente porque eu morava em Minas Gerais.-O que acha de irmos na roda-gigante? - Caíque me parou e apontou para o brinquedo.
-Ela é tão... grande - fiquei dividindo meu olhar entre o brinquedo e o garoto que estava na minha frente.
Minha mente às vezes prega uma peça em mim, e faz com que eu me sinta atraída por ele. Mas aí, a parte boa do meu cérebro me lembra do quanto eu sofri com o Luca. O quanto que uma pessoa pode machucar você, sem ao menos te tocar. Ela fere você de outra maneira.
Com as palavras.
-Eu sei que é alto e você viu como eu fico com a altura - riu sem mostrar os dentes. - Mas você também viu como fiquei com você ao meu lado.
Respirou fundo antes de continuar:
-É mais fácil você enfrentar seus medos com alguém, do que enfrentar sozinho.
Sorriu pra mim, tombando de leve a cabeça para o lado.
-Você está mesmo comparando a altura da montanha-russa com aquilo?! - começo, mas ela me fuzila com os olhos. - Tudo bem, Caíque. Vamos logo antes que eu desista.
Estávamos na fila da roda gigante, quando alguém cutuca o Caíque por trás.
-Caíque? Quanto tempo, cara! - um garoto loiro de olhos escuros abre um sorriso amigável.
-Davi? - se abraçaram. - Cresceu, hein.
-Ainda bem, né. Você está mais forte também - se afastaram e o Davi olhou pra mim.
Seu sorriso aumentou.
-Quem é essa princesa?
Princesa? Eu?
-Essa é a Amélia. - Caíque passa o braço pela minha cintura, puxando-me para ele. - Davi é meu amigo de infância. Éramos vizinhos.
-Até eu me mudar de casa - Davi confirma com a cabeça. - Desculpa, mas você é uma graça, Amélia.
-O-obrigada. Eu acho... - digo, um pouco desconfortável.
-Olha, eu tenho lábios, você tem lábios. Interessante, não é?
Ele estava dando em cima de mim?
-Eu tenho uma mão, você tem uma cara. Interessante, né? - Caíque se intromete, dando uma risadinha cínica.
-Ah, vocês estão...? - ele aponta para nós dois. Parece estar sem graça.
-Nós não temos nada - falo rápido e Caíque me olha com cara feia.
-Então não faz mal, não é, princesa?
-Não mesmo - retribuo o sorriso.
-Olha só, depois vocês conversam, temos que entrar no brinquedo. Foi bom te ver Davi - Caíque falou me puxando.
-Digo o mesmo. Tchau, Amélia - disse acenando. Fiz o mesmo.
-Vem cá, o que estava fazendo? - Caíque me perguntou enquanto entrávamos no carrinho.
-Achei engraçado o jeito que você ficou. E se eu quiser ficar com ele, eu posso.
-Pode... Davi é gente boa. Mas eu sou melhor - piscou.
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A Última Aposta
RomanceCaíque, um típico adolescente de dezessete anos, filho de um famoso empresário e irmão de Daniel, que está diagnosticado com leucemia desde os quatro anos de idade, era louco por uma aposta. Amélia, nascida em Minas Gerais, é obrigada a se...