Capítulo quinze - Narrado por Amélia

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     Fiquei visivelmente envergonhada com o que aconteceu na Casa Monstro. Ainda estou, pra falar a verdade, mas...  O passeio está perfeito, nunca tinha vindo aqui, exatamente porque eu morava em Minas Gerais.

     -O que acha de irmos na roda-gigante? - Caíque me parou e apontou para o brinquedo.

     -Ela é tão... grande - fiquei dividindo meu olhar entre o brinquedo e o garoto que estava na minha frente.

     Minha mente às vezes prega uma peça em mim, e faz com que eu me sinta atraída por ele. Mas aí, a parte boa do meu cérebro me lembra do quanto eu sofri com o Luca. O quanto que uma pessoa pode machucar você, sem ao menos te tocar. Ela fere você de outra maneira.

     Com as palavras.

     -Eu sei que é alto e você viu como eu fico com a altura - riu sem mostrar os dentes. - Mas você também viu como fiquei com você ao meu lado.

     Respirou fundo antes de continuar:

     -É mais fácil você enfrentar seus medos com alguém, do que enfrentar sozinho.

     Sorriu pra mim, tombando de leve a cabeça para o lado.

     -Você está mesmo comparando a altura da montanha-russa com aquilo?! - começo, mas ela me fuzila com os olhos. - Tudo bem, Caíque. Vamos logo antes que eu desista.

     Estávamos na fila da roda gigante, quando alguém cutuca o Caíque por trás.

     -Caíque? Quanto tempo, cara! - um garoto loiro de olhos escuros abre um sorriso amigável.

     -Davi? - se abraçaram. - Cresceu, hein.

     -Ainda bem, né. Você está mais forte também - se afastaram e o Davi olhou pra mim.

     Seu sorriso aumentou.

     -Quem é essa princesa?

Princesa? Eu?

     -Essa é a Amélia. - Caíque passa o braço pela minha cintura, puxando-me para ele. - Davi é meu amigo de infância. Éramos vizinhos.

     -Até eu me mudar de casa - Davi confirma com a cabeça. - Desculpa, mas você é uma graça, Amélia.

     -O-obrigada. Eu acho... - digo, um pouco desconfortável.

     -Olha, eu tenho lábios, você tem lábios. Interessante, não é?

     Ele estava dando em cima de mim?

     -Eu tenho uma mão, você tem uma cara. Interessante, né? - Caíque se intromete, dando uma risadinha cínica.

     -Ah, vocês estão...? - ele aponta para nós dois. Parece estar sem graça.

     -Nós não temos nada - falo rápido e Caíque me olha com cara feia.

     -Então não faz mal, não é, princesa?

     -Não mesmo - retribuo o sorriso.

     -Olha só, depois vocês conversam, temos que entrar no brinquedo. Foi bom te ver Davi - Caíque falou me puxando.

     -Digo o mesmo. Tchau, Amélia - disse acenando. Fiz o mesmo.

     -Vem cá, o que estava fazendo? - Caíque me perguntou enquanto entrávamos no carrinho.

     -Achei engraçado o jeito que você ficou. E se eu quiser ficar com ele, eu posso.

     -Pode... Davi é gente boa. Mas eu sou melhor - piscou.

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