Capítulo dezenove - Narrado por Amélia

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      Sou só eu que me sinto incomodada assim?

      Durante toda a viagem de volta para casa, fiquei pensando. Pensando no que aconteceu ou no que poderia ter acontecido.

      Fiquei curiosa. Curiosa para saber como seria.

      Quando chegamos na minha casa, minha mãe já foi nos recebendo com um enorme sorriso no rosto.

     -Pode entrar, Caíque. Nossa, como vocês estão sujos! Quanta tinta! Vai tomar banho, filha, e entregue uma toalha para o seu... amigo. E Alan - gritou. - Empreste uma camisa para ele também.

     -Não precisa... - falou Caíque.

     -Também acho - Alan apareceu na sala.

      -Ah, não fique com vergonha, querido! Meu filho vai adorar te emprestar uma roupa, não é? - o fuzilou.

     -Está bem! - bufou meu irmão - Vem logo, cara - Caíque o seguiu pelo corredor e eu aproveitei pra tomar um banho rápido.

      Quando acabei, fui checar se Caíque ainda estava vivo.

      -É claro que ficou bom! - ouvi cochichos.

      -Não, cara.

      Entrei no quarto onde eles estavam.

      -Tudo bem por aqui? - perguntei.

      -Seu amiguinho está reclamando da camisa e eu ainda fiz um favor!

      -Ela está toda rasgada! - Caíque estica a blusa na minha direção.

      -É a minha blusa favorita - Alan ergue as sobrancelhas e finge estar ofendido. - Se não quiser, me devolva.

      -Posso ficar sem camisa se preferir.

      -Pelo amor de Deus - abro o guarda-roupa do meu irmão e retiro a primeira blusa que encontro. Entrego ao Caíque enquanto Alan protesta no meu ouvido.

     -Obrigada, boneca - ele diz com um sorriso e tira a camisa que vestia, jogando na cara do Alan logo depois.

     Caíque leva todo o tempo do mundo para se vestir novamente e sei que faz isso de propósito. Me irrito por querer olhar para o seu corpo, mas estou envergonhada demais para tentar.

      -Meu filho - Alan berra e cobre os meus olhos. - Agilize o processo.

     -Já estou vestido - ouço ele falar e dou um tapa nas mãos que cobrem minha visão.

      -Venham, crianças! O jantar está pronto - minha mãe gritou.

     Meu pai já estava na mesa quando fomos para a sala e se levanta rapidamente quando avista o Caíque.

      -Como vai, rapaz? - ele pergunta estendendo a mão.

      -Muito bem. É um prazer conhecê-lo.

      Todos nos sentamos e apreciamos a comida.

      -O que é isso? - perguntou Caíque, apontado para um prato.

      -Tutu de feijão, seu bobão. Olha, até rimou!

      -Está se orgulhando disso? - nego com a cabeça para o Alan.

       -É uma comida típica de Minas, coloca o feijão-preto ou o roxinho amassado em forma de purê antes de colocar a farinha de mandioca - minha mãe fez questão de explicar.

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