Capítulo quatro - Narrado por Amélia

14K 939 143
                                    




     -Como foi o primeiro dia de aula da minha maninha? - Alan perguntou, ainda dirigindo.

     -Até que foi legal - mais ou menos, na verdade. - E a faculdade?

     -Também. Sem muita novidade, ainda.

     -Hum.

     Alan ficou dois anos depois do ensino médio estudando para passar em Medina até que, com 21 anos, conseguiu a tão sonhada vaga. Admiro a sua dedicação e, apesar de discordar na mudança, estou feliz por ele.

      A aprovação do meu irmão não foi o único motivo de termos nos mudado para Fortaleza. Meus avós estão bem idosos e minha mãe precisava dar uma atenção a mais para eles. Sei que pode parecer egoísmo da minha parte, mas eu nunca estive de acordo com isso. Aliás, nem lembro a última vez que os vi e tenho certeza que  eles não dão valor para minha família, já que nunca apoiaram o casamento dos meus pais e muito menos fazem questão de falar comigo ou com Alan.

     Lembro-me que eles nunca presenciaram nossos aniversários porque são extremamente religiosos e claramente não respeitam meu pai, que é ateu. Pelo visto ficar no mesmo ambiente que ele era sinônimo de confusão. A última coisa que eu precisava era de avós conservadores e intolerantes.

     Um celular começou a tocar.

     -Pega aí e coloca no meu ouvido, é a mamãe.

     -Cadê ele? - pergunto, o procurando.

     -Eu sei lá, Amélia, procura aí.

     -O celular é seu ou é meu, hein?

     -Procura debaixo do banco.

     -Achei! - peguei, tirando ele de lá de baixo e colocando em seu ouvido.

     -Fala, minha rainha - ele disse.

     -Baba ovo... - piscou.

     -Hum, tá, a gente vai pra casa então. Também te amo. Tchau. Pode tirar, Mel - guardei seu celular.

     -Ué, a gente não vai pegar a mamãe?

     -Não, ela já está em casa, arrumou carona no trabalho.

     -Ah.

     Depois de um tempo chegamos no nosso apartamento, Alan estacionou o carro na nossa vaga e o desligou.

     -Cadê o seu carro? - perguntei. Esse em que estávamos era o do meus pais.

     -Está na casa da vovó, ainda estamos negociando uma vaga aqui no prédio. Já já ele tá aqui - sorriu. - Vamos, eu estou com fome - falando isso, ele saiu do carro, abriu a porta de trás, e pegou sua mochila.

     Fiz o mesmo. Fomos indo para o elevador e assim que abriu, entramos, apertei no 7º andar e ele subiu.

     -Meus amores! - minha mãe falou assim que abrimos a porta. - Como foi o primeiro dia de aula de vocês? - andou até a sala e eu a acompanhei.

     -Legal, mãe - Alan falou passando pela enorme sala de jantar e desapareceu no corredor.

     -E você, Memelha? Já arrumou amiguinhos? - disse, piscando.

     -Mãe, é a vigésima vez que peço, não me chama assim.

     -Mas qual o problema? Você hein.

     -Respondendo à sua pergunta, não os considero amigos ainda, estão mais para colegas... mas eles são muito legais e, ah! Semana que vem já tem handebol, viu? Uma das minhas colegas faz.

A Última Aposta Onde histórias criam vida. Descubra agora