-Como foi o primeiro dia de aula da minha maninha? - Alan perguntou, ainda dirigindo.-Até que foi legal - mais ou menos, na verdade. - E a faculdade?
-Também. Sem muita novidade, ainda.
-Hum.
Alan ficou dois anos depois do ensino médio estudando para passar em Medina até que, com 21 anos, conseguiu a tão sonhada vaga. Admiro a sua dedicação e, apesar de discordar na mudança, estou feliz por ele.
A aprovação do meu irmão não foi o único motivo de termos nos mudado para Fortaleza. Meus avós estão bem idosos e minha mãe precisava dar uma atenção a mais para eles. Sei que pode parecer egoísmo da minha parte, mas eu nunca estive de acordo com isso. Aliás, nem lembro a última vez que os vi e tenho certeza que eles não dão valor para minha família, já que nunca apoiaram o casamento dos meus pais e muito menos fazem questão de falar comigo ou com Alan.
Lembro-me que eles nunca presenciaram nossos aniversários porque são extremamente religiosos e claramente não respeitam meu pai, que é ateu. Pelo visto ficar no mesmo ambiente que ele era sinônimo de confusão. A última coisa que eu precisava era de avós conservadores e intolerantes.
Um celular começou a tocar.
-Pega aí e coloca no meu ouvido, é a mamãe.
-Cadê ele? - pergunto, o procurando.
-Eu sei lá, Amélia, procura aí.
-O celular é seu ou é meu, hein?
-Procura debaixo do banco.
-Achei! - peguei, tirando ele de lá de baixo e colocando em seu ouvido.
-Fala, minha rainha - ele disse.
-Baba ovo... - piscou.
-Hum, tá, a gente vai pra casa então. Também te amo. Tchau. Pode tirar, Mel - guardei seu celular.
-Ué, a gente não vai pegar a mamãe?
-Não, ela já está em casa, arrumou carona no trabalho.
-Ah.
Depois de um tempo chegamos no nosso apartamento, Alan estacionou o carro na nossa vaga e o desligou.
-Cadê o seu carro? - perguntei. Esse em que estávamos era o do meus pais.
-Está na casa da vovó, ainda estamos negociando uma vaga aqui no prédio. Já já ele tá aqui - sorriu. - Vamos, eu estou com fome - falando isso, ele saiu do carro, abriu a porta de trás, e pegou sua mochila.
Fiz o mesmo. Fomos indo para o elevador e assim que abriu, entramos, apertei no 7º andar e ele subiu.
-Meus amores! - minha mãe falou assim que abrimos a porta. - Como foi o primeiro dia de aula de vocês? - andou até a sala e eu a acompanhei.
-Legal, mãe - Alan falou passando pela enorme sala de jantar e desapareceu no corredor.
-E você, Memelha? Já arrumou amiguinhos? - disse, piscando.
-Mãe, é a vigésima vez que peço, não me chama assim.
-Mas qual o problema? Você hein.
-Respondendo à sua pergunta, não os considero amigos ainda, estão mais para colegas... mas eles são muito legais e, ah! Semana que vem já tem handebol, viu? Uma das minhas colegas faz.
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A Última Aposta
RomantizmCaíque, um típico adolescente de dezessete anos, filho de um famoso empresário e irmão de Daniel, que está diagnosticado com leucemia desde os quatro anos de idade, era louco por uma aposta. Amélia, nascida em Minas Gerais, é obrigada a se...