Espero que meu pai não se importe caso eu tenha deixado a porta aberta ou talvez alguns vasos quebrados espalhados pela sala. Só deu tempo de pegar a chave do carro.
Realmente não me lembro se a tranquei, porque meus pensamentos estão em uma pessoa.Amélia.
Tenho medo de chegar tarde demais. Medo de que mesmo se eu encontrá-la, ela diga não. Mas não vou deixar ela escapar tão fácil assim. Preciso tentar.
Agora mais do que nunca, tenho certeza de que Amélia é a garota certa para mim. Ou melhor, ela é a garota da minha vida. Não sei o que vou fazer se já tiver partido. Não posso mais perder ninguém.
Às vezes penso em como nossas vidas estariam se o Alan não tivesse escolhido cursar engenharia aqui, e não posso me esquecer de que a culpa por Amélia não sair da minha cabeça também é dele. Irônico, não? Arisco a dizer que ainda seria o mesmo babaca com o Dani. Um cara babaca com todo mundo.
Minha sorte é que não peguei muito trânsito, apesar ter demorado quase vinte e cinco minutos para eu chegar até o aeroporto. Estaciono o carro e desço às pressas, entrando naquele lugar gigante.
O ar-condicionado quase congela meu nariz, mas não dou muito valor pois estou ocupado demais procurando o amor da minha vida. Só consigo escutar as inúmeras rodinhas das malas das pessoas batendo contra o chão, causando um som irritante.
Tic Tac, Caíque.
Volto meus olhos para o painel de voos mas não encontro nenhum com destino à Minas Gerais. Tarde demais. Ela se foi. E não sei se vai voltar tão cedo.
-Não... - sussurro baixinho.
Começo a correr e correr e não sei para onde estou indo, sinto o suor começando a se manifestar pelo meu rosto, e ainda assim não encontro ninguém. Nada.
Quando menos percebo, estou com a respiração acelerada com os braços apoiados no balcão em frente à atendente.
-Moça, pelo amor de Deus, diga que aquele painel está errado e que o avião para Minas ainda não decolou.
-Sinto muito, senhor, mas ele acabou de sair - ela me olha com atenção e vê que não era a resposta que esperava. - Deseja mais alguma coisa?
Não a respondo e me afasto.
Ponho meus braços atrás da minha cabeça, desesperado e ao mesmo tempo tentando pensar em alguma coisa que não seja ela. Óbvio que falho.
Cambaleio até a cadeira mais próxima e não percebo que há alguém em minha frente até bater de cara em suas costas.
O sujeito se vira aos poucos.
-Olha por onde anda, seu maluco! Esse casaco é novo - e imediatamente um sorriso brota dos meus lábios.
-Alan! - jogo-me em cima dele. - Nunca pensei que diria isso um dia, mas estou tão feliz em te ver!
Ele tem a mesma reação que eu.
-Cara... - retribui meu abraço. - Nunca achei que te encontraria aqui.
Não perco mais tempo.
-Onde está a Amélia? - pergunto, e tenho certeza que ele nota o nervosismo em meu olhar.
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A Última Aposta
RomanceCaíque, um típico adolescente de dezessete anos, filho de um famoso empresário e irmão de Daniel, que está diagnosticado com leucemia desde os quatro anos de idade, era louco por uma aposta. Amélia, nascida em Minas Gerais, é obrigada a se...