Capítulo quarenta e oito - Narrado por Caíque

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Espero que meu pai não se importe caso eu tenha deixado a porta aberta ou talvez alguns vasos quebrados espalhados pela sala. Só deu tempo de pegar a chave do carro.

Realmente não me lembro se a tranquei, porque meus pensamentos estão em uma pessoa.

Amélia.

Tenho medo de chegar tarde demais. Medo de que mesmo se eu encontrá-la, ela diga não. Mas não vou deixar ela escapar tão fácil assim. Preciso tentar.

Agora mais do que nunca, tenho certeza de que Amélia é a garota certa para mim. Ou melhor, ela é a garota da minha vida. Não sei o que vou fazer se já tiver partido. Não posso mais perder ninguém.

Às vezes penso em como nossas vidas estariam se o Alan não tivesse escolhido cursar engenharia aqui, e não posso me esquecer de que a culpa por Amélia não sair da minha cabeça também é dele. Irônico, não? Arisco a dizer que ainda seria o mesmo babaca com o Dani. Um cara babaca com todo mundo.

Minha sorte é que não peguei muito trânsito, apesar ter demorado quase vinte e cinco minutos para eu chegar até o aeroporto. Estaciono o carro e desço às pressas, entrando naquele lugar gigante.

O ar-condicionado quase congela meu nariz, mas não dou muito valor pois estou ocupado demais procurando o amor da minha vida. Só consigo escutar as inúmeras rodinhas das malas das pessoas batendo contra o chão, causando um som irritante.

Tic Tac, Caíque.

Volto meus olhos para o painel de voos mas não encontro nenhum com destino à Minas Gerais. Tarde demais. Ela se foi. E não sei se vai voltar tão cedo.

-Não... - sussurro baixinho.

Começo a correr e correr e não sei para onde estou indo, sinto o suor começando a se manifestar pelo meu rosto, e ainda assim não encontro ninguém. Nada.

Quando menos percebo, estou com a respiração acelerada com os braços apoiados no balcão em frente à atendente.

-Moça, pelo amor de Deus, diga que aquele painel está errado e que o avião para Minas ainda não decolou.

-Sinto muito, senhor, mas ele acabou de sair - ela me olha com atenção e vê que não era a resposta que esperava. - Deseja mais alguma coisa?

Não a respondo e me afasto.

Ponho meus braços atrás da minha cabeça, desesperado e ao mesmo tempo tentando pensar em alguma coisa que não seja ela. Óbvio que falho.

Cambaleio até a cadeira mais próxima e não percebo que há alguém em minha frente até bater de cara em suas costas.

O sujeito se vira aos poucos.

-Olha por onde anda, seu maluco! Esse casaco é novo - e imediatamente um sorriso brota dos meus lábios.

-Alan! - jogo-me em cima dele. - Nunca pensei que diria isso um dia, mas estou tão feliz em te ver!

Ele tem a mesma reação que eu.

-Cara... - retribui meu abraço. - Nunca achei que te encontraria aqui.

Não perco mais tempo.

-Onde está a Amélia? - pergunto, e tenho certeza que ele nota o nervosismo em meu olhar.

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