Capítulo 2: Brandon

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No día seguinte voltei ao skype e falei com ela como se nada tivesse acontecido. Comecei a inventar desculpas do tipo: "a internet tinha ido abaixo" ou alguma coisa do tipo e voltei a falar com ela normalmente.

Brandon era um rapaz de 17 anos na época e morava no mesmo estado que ela, mas numa cidade diferente. Ela não me deu detalhes da cidade, mas disse-me que não era nem muito longe, nem muito perto. Ela descreveu-me Brandon de uma maneira que daria inveja a qualquer homem. Ele é alto, com cabelos loiros como o sol, olhos azuis como oceano e corpo de atleta (sim, porque além de inteligente e lindo, também fazia parte da equipa de futebol americano)

Sarah e ele também conheceram-se pela internet e pra minha sorte, ou não, os nossos horários da escola faziam com que eu podesse estar com ela quando o Brandon não estava, e ás vezes quando ele estava, eu não estava. O problema era quando nós os dois estávamos (Bem, posso dizer que nunca fiquei sozinho, porque tinha outros amigos, que nem a Sue, o John e a Jenny, com quem também falava muito, especialmente quando a Sarah não estava, ou estava com o Brandon.)

Brandon ia pelo menos uma vez por semana a Nova York pra visitar a Sarah. Isso me punha sempre com raiva, porque as viagens pra lá são bastantes longas e caras pra mim (tenho de ir até ao aeroporto de Los Angeles, pegar o avião e além da espera de pelo menos uma hora no aeroporto, ainda tenho uma viagem de cinco horas e meia se for sem escala, podendo se alastrar a mais horas caso pegue com escala) A viagem pode chegar a custar 500 dólares (o salário mínimo é 7,25 doláres por hora) se for sem escala, mas acho que se for, vou pegar viagens mais baratas que seja com escala (mesmo tendo que passar a noite em algum hotel pra poder descansar, mas pra encontrar ela até valeria a pena)

*1 semana depois*

Bem, eu já não tava a aguentar, tinha passado a semana inteira a ouvir o quão o Brandon era perfeito, que o Brandon fez isto, que o Brandon fez aquilo e sinceramente nunca lhe perguntei nada, mas pronto, ás vezes a gente tem que ter paciência, o que não foi o caso nesse dia. Desliguei de novo a chamada na cara e tentei dormir em meio a lágrimas, mas não conseguia. De repente, senti meu telemóvel a vibrar e quando vi, era a Sarah a ligar-me. Fiquei entre dois pensamentos sobre o que eu deveria fazer naquela situação, mas decidi atendê-la e a conversa foi intensa:

"-Andrew, diz-me o que se passa contigo! Já na semana passada me desligaste na cara, e me deste a desculpa da internet ter caído.

-Sarah, não é nada mesmo, a internet voltou a...

-Andrew, não digas essa desculpa de novo porque eu sei que ela tá a funcionar, acabaste de partilhar uma coisa no facebook e tás com a voz estranha. Sério, diz-me o que se passa!"

Quando Sarah me falou essas palavras fiquei entre dois pensamentos, não sabia se havia de contar o que sentia por ela, ou se deveria guardar o que sinto, manter segredo e inventar outra desculpa qualquer. Sem me aperceber, já tinham passado 20 segundos e eu estava em silêncio. Foi quando de repente comecei a ouvir a voz suave da Sarah dizer:

"-Andrew, estás ai? Está tudo bem?
-Sim, eu..."

Dei um pequeno suspiro e voltei a pensar, mas desta vez só fiquei em silêncio por 5 segundos e consegui tomar a decisão sobre o que iria fazer naquele momento.

Um namoro à distânciaOnde histórias criam vida. Descubra agora