Eu posso estar no meio de alguma aula, posso estar em meu carro, posso estar simplesmente estar em casa sonhando ou talvez esteja morto e tenho que passar por isso antes de ir para algum lugar onde os mortos vão.
Não sei bem, mas acho que dessa vez foi forte demais, talvez eu tenha mesmo morrido de overdose ou alguma coisa assim.
Eu me sinto tão estranho.
Tem uma puta luz forte me cegando agora, como se todas as luzes do país estivessem focadas em mim, como se mil flashes fossem acesos enquanto eu estivesse olhando. Faz minha cabeça doer mais que meus olhos, admito.
Quando a luz parece aumentar mais ainda, tudo se torna escuro, tudo está imerso na escuridão.
Até eu perceber que estou de olhos fechados.
Abro-os lentamente, esperando ser cegado pela luz ofuscante outra vez, mas a única coisa que vejo são as paredes brancas e sem graça da enfermaria da escola.
Espera, enfermaria?
Como eu vim parar aqui?
Me levanto rapidamente da maca e tudo a minha volta gira, parece que vou vomitar ou desmaiar, não sei, talvez os dois.
_ ei, calma. - a voz da sra. Neigh surge próxima ao meu ombro esquerdo. Ela me ajuda a sentar em uma cadeira que estava perto dela.
_ Como eu vim parar aqui? - pergunto massageando minha têmpora devagar.
_ um amigo seu te trouxe e disse que havia encontrado você desacordado perto dos banheiros, ele parecia realmente preocupado com você. - ela diz sacudindo a cabeça e sorrindo. - Como se sente agora?
_ amigo? - pergunto confuso, ignorando sua pergunta.
_ ele pediu para não o informar sobre quem ele era. Disse que você era esperto e um dia vai acabar descobrindo quem é de um jeito ou de outro. - ela dá de ombros.
Amigos estariam aqui agora, resmungo mentalmente.
Penso em dizer que uma hora ou outra eu vou acabar esquecendo, porque eu iria fazer de tudo para não ter memórias sobre isso nem sobre como minha vida é uma mentira, mas provavelmente ela só iria me prender ali por mais tempo, ligar para os meus pais e dizer o quanto eu preciso de uma psicóloga.
_ você sabe em que horário eu estava? - pergunto voltando minha atenção para ela, que estava balbuciando alguma coisa que eu não havia entendido.
_ educação física. - a senhora me olha como se pedisse desculpas pela vergonha que passei, mas eu não estou com roupas de ginástica nem nada assim.
Sei que nem cheguei perto da aula, sei que não estava saindo do banheiro porque havia tirado a roupa da educação física e ela também sabe disso, mas provavelmente finge que não sabe de nada assim como todos os adultos que eu conheço fazem comigo.
Eu realmente não sei se dou um prêmio a eles por disfarçarem tão bem ou um a mim por não dar a mínima para isso.
_ Ah... - finjo desanimação e me levanto. - posso ir agora?
_ você não pode ir embora, hoje ninguém sai cedo, não lembra? - reviro os olhos por dentro.
Essa escola idiota e suas normas imbecis sobre 2 dias da semana prender todos os alunos na escola e não deixar ninguém sair mais cedo.
Os dois piores dias dessa porcaria.
Agradeço, falo que estou melhor e que tenho aula para assistir, como se eu fosse prestar atenção.
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On Drugs (L.S.) #Wattys2016
Non-FictionQuando uma história é inspirada em fatos reais, ela se torna tão confusa quanto nossos pensamentos, e faz questão de entrar em nossa cabeça, para depois se despedaçar juntamente com nosso coração. E, mesmo quando faltar palavras entre eles, você a...