[N/I] ficou bem curtinho, porém tenho que estudar etc etc.Se estão lendo: comentem pfvr, sunshines e votem também.
Boa leitura!
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Sinto um olhar preso às minhas costas e me reviro na cadeira, incomodado, tentando ouvir o que a professora está dizendo, mas não conseguindo.
Não consigo focar nela, não consigo me concentrar e nem ouvir suas palavras, e não é por conta de alguma falação.
Todos os alunos estão quietos, alguns dormindo, outros desenhando ou ouvindo música em seus fones altos.
Porém, um deles não está fazendo nada disto, pois está ocupado demais me encarando.
_ o que você quer? - viro minha cabeça um pouco para o lado, o suficiente para conseguir o olhar pelo canto do olho, sussurrando irritado.
_ saber que merda você deu para o meu amigo. - Liam diz baixo o suficiente para apenas eu escutar, me encarando com raiva enquanto mexe uma caneta entre seus dedos. Seu cabelo castanho está mais revolto que o normal, sua pele mais branca, e agora seus olhos estão com quase tantas olheiras quantos os meus.
_ Como se eu perdesse meu tempo com ele. - respondo um pouco antes de o sinal tocar, fazendo praticamente todos alunos saírem da sala apressados, não deixando a professora terminar alguma explicação sobre uma das equações na lousa.
Pego minhas coisas e caminho até o lado de fora, sendo seguido por um Liam mais irritado que antes, que me empurra com um pouco de força contra a parede ao lado da sala.
_ acha mesmo que não sei que vocês transaram? - ele aperta meu braço com força, seus olhos brilham, fazendo-o parecer um psicopata com todo esse cinismo em sua voz. - Harry é meu melhor amigo, acha que ele não me diz quando fode alguém?
_ solte meu braço. - digo entre dentes, ignorando as perguntas dele e sentindo o aperto ficar mais forte.
_ Não se iluda, Tomlinson. - MerdaMan ri, ainda com o brilho insano no olhar. - você não é a primeira pessoa com quem ele finge ser um cara legal, e muito menos será a última.
_ talvez você esteja falando isso porque sente algum tipo de atração por ele. Não sabia que você era gay, me desculpe. - o tom irônico é forte em minha voz, fazendo uma veia de seu pescoço saltar enquanto ele trava seu maxilar com vontade.
_ Não seja ridículo! Harry só faz isso porque sabe que a qualquer momento você poderá ter uma overdose, ele o trata assim porque sabe que você irá morrer. - o desprezo em sua voz está audível a quilômetros de distância.
_ todo mundo irá morrer uma hora, seu merda. - retruco com raiva, travando o maxilar com a dor.
Liam ri sem humor, sacudindo a cabeça negativamente e menosprezando.
_ não me venha com essas respostas clichês, cara. Você sabe que eu não estou brincando.
_ Louis? - eu e o Liam viramos a cabeça na direção da voz grave, dando de cara com um par de olhos e cabelos escuros. Zayn está nos encarando sério, ou melhor, encarando a mão do Liam fazer pressão contra minha circulação.
Merdaman me encara outra vez, dando um sorriso frio enquanto aproxima seu rosto do meu, usando sarcasmo.
_ tente ficar vivo. - ele sussurra, fazendo seu hálito quente arrepiar minha pele, e se afastando logo em seguida pelo corredor que ficava mais vazio a cada segundo.
Seguro o impulso de esfregar a marca rosada em meu braço, apenas a encarando antes de elevar meu olhar até o Zayn, que me fita de cima a baixo, sacudindo a cabeça negativamente e fazendo um barulho de desaprovação com a boca.
Malik está parecendo um daqueles badboys de filmes, com sua pele e músculos bronzeados dentro de uma blusa preta de malha fina, calça militar e botas escuras. Coisa que ele, definitivam, não é.
Encaro uma marca roxa quase imperceptível em seu pescoço antes de ajeitar minha mochila nas costas, sem encarar seus olhos tão repreendedores enquanto passo por ele, indo ao banheiro, já que não posso nem passar perto da sala em que não entro a quase um mês, por conta daquele incidente.
Encaro o espelho com certo pesar assim que entro.
Odeio tentar usar maquiagem da minha mãe para esconder algo, além de me incomodar, não está mais fazendo o que era esperado.
Aproveito para me analisar melhor.
Meus cabelos que costumavam ser curtos, agora estão médios, quase nos ombros, finos e tão sem vida quanto minha pele cada vez mais magra e clara.
Desvio o olhar do reflexo, me sentindo triste.
Eu não pareço o mesmo. Eu pareço algum cara de 23 anos que arruinou seus estudos em sua faculdade, por conta de uma bebedeira qualquer.
Encaro a pia clara e baixa, olhando o ralo e desejando poder deslizar por dentro dele e sair daqui, ir para qualquer outro lugar que não me prenda dessa maneira.
Este lugar me sufoca, lotado de garotas bonitas por fora e quebradas por dentro, cheio de caras com o ego maior que seu tempo de vida.
Lavo meu rosto lentamente, deixando a água gelada queimar meus olhos.
Volto a encarar o reflexo e me assusto com o que vejo. Não pareço mais a droga de um cara mais velho, eu pareço ter 18.
Um cara de 18 que está fugindo constantemente de algo e não consegue mais dormir a noite, pareço um cara que está pronto para morrer, mas não para viver.
Tudo que vejo são meus olhos refletirem um medo obscuro sobre a verdade, mas quem me olha sem me conhecer, com certeza confundiria com sarcasmo ou interpretaria como desgosto.
Mas eu apenas pareço mais um adolescente perdido, que não tenta se encontrar, apenas busca se perder de outro jeito.
Eu pareço eu mesmo.
Meu novo celular acende a tela, vibrando alto contra a bancada. O pego, vendo uma nova mensagem do Harry, sem me decidir se a abro ou a ignoro.
Então, simplesmente o jogo na parte mais funda e afastada de meu corpo na mochila. Estou acostumado a inventar que não ouvi ou senti o celular tocar, porém não quero ter que inventar outra desculpa.
O celular continua a vibrar, lembrando-me de parar de encarar meu reflexo quase de aparência morta a minha frente.
Deixo o banheiro, sem querer me importar com horários ou normas ridículas dessa escola, caminhando a passos firmes e largos até a tão convidativa saída do local, entrando em meu carro e cantando pneus o mais rápido que consegui, indo para um lugar qualquer que me tire esses pensamentos da cabeça, dirigindo sem rumo.
Tinha que ir para a casa do Styles assim que saísse da escola, mas não quero, estou completamente sem disposição para fingir não me importar, porque está tudo errado.
Porque eu sei que o Liam estava certo.
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On Drugs (L.S.) #Wattys2016
Non-FictionQuando uma história é inspirada em fatos reais, ela se torna tão confusa quanto nossos pensamentos, e faz questão de entrar em nossa cabeça, para depois se despedaçar juntamente com nosso coração. E, mesmo quando faltar palavras entre eles, você a...