Julian
Entrei no consultório de Richard e coloquei Tanya sentada na cadeira.
– Richard, sei que seu plantão acabou, mas trouxe Tanya, pois ela diz estar grávida, para uma ultrassonografia e exames. Desculpe a invasão, mas sabia que você estaria desocupado, por isso entrei assim.
– Tudo bem Julian. Então, Tanya, quando foi seu último ciclo menstrual? - Richard perguntou.
– Sinceramente, Dr. Richard, eu nem lembro. Tem dois meses ou mais que não vem nada, mas eu nem percebi, sempre desregula quando tomo a pílula do dia seguinte. - Eu olhei para ela. Como assim pílula do dia seguinte? Eu sei que ela não tomava nada, nenhum tipo de anticoncepcional, afinal ambos sabíamos que jamais aconteceria uma gravidez.
– Certo, mas você entende que essas pílulas fazem mal quando se toma várias vezes no mês? Afinal elas têm um grande valor hormonal, para prevenção de uma possível gravidez. Bem, se deite ali na maca, vamos fazer uma ultrassonografia. - Tanya assentiu e eu acompanhei. Estava curioso para ver se ela estava mesmo grávida, mas quando Richard colocou o aparelho na barriga dela, a primeira coisa que escutamos foi o coração acelerado. Ela está mesmo grávida, meu Deus! Levei a mão à boca e ela me olhou sorrindo.
– Richard, tem como saber pela ultrassonografia o tempo de gestação?
– Bem Julian, não é algo certo, mas o melhor seria Tanya lembrar o último dia do ciclo menstrual, assim ficaria mais fácil para que o acompanhamento seja completo e que não haja problemas com as contagens. – Richard tirou fotos da ultrassonografia, e colocou para imprimir.
– Sim, mas eu não lembro, doutor. - Tanya falou, se ajeitando depois da ultrassonografia.
– Bem, o que podemos fazer é depois você vir aqui, Julian, e conversamos sobre isso.
– Por que eu não posso estar presente? Afinal, o bebê também é meu.
– Tanya, estou querendo dizer a Julian que faremos alguns testes com ele, sobre o problema dele, não tem nada aver com você. - Eu já havia entendido o que Richard quis dizer com aquilo.
– Ok, Dr. Richard. Então Julian, está satisfeito agora? Você será papai e nem precisará mais ir atrás da Mary, afinal você vai ter um filho em casa também. - Tanya já alisava a barriga.
– Falamos sobre isso em casa, Tanya. - Me despedi de Richard e saímos do hospital.
– Julian, parece que não quer nosso bebê. - Ela não parava de alisar a barriga.
– Tanya, por favor, eu estou ficando nervoso com você alisando tanto essa barriga que você nem sequer tem ainda. - Ela me olhou séria. - Você mesmo vivia dizendo que não queria filhos, para não ficar deformada, com estrias, e outras coisas mais.
– Mas eu mudei de ideia Julian, acho que uma pessoa tem direito de mudar de ideia, não acha?
– Tanya, atualmente outra pessoa precisa mais de mim do que você, ela também tem uma menina na barriga, e é minha, minha menina, entendeu?
– Eu pensei que ela tivesse morrido. - Tanya falou baixinho, mas foi o suficiente para que eu entendesse.
– O quê, Tanya? Poderia repetir o que disse?
– Nada Julian, estava falando com nosso bebê, não era nada demais. - Chegamos em casa e ela logo entrou toda saltitante, dizendo mil coisas sobre o bebê, que ia comprar isso e aquilo, e as palavras dela não saíam da minha cabeça, que ela achava que Mary tivesse morrido.
Tanya não parava de falar, meu Deus, se eu soubesse não teria casado com ela. Mas preciso voltar ao hospital para ver Mary e falar com Richard sobre a gravidez de Tanya.
– Aonde vai, Julian?
– Vou ao hospital ver minha filha e Mary, e falar com Richard.
– Vou com você. - Ela deu passos em direção a mim.
– Não! Você fica em casa, e trate de cuidar dessa criança que está dentro de você, entendeu, Tanya? - Quase gritei. Ela assentiu e saí. Peguei meu carro e fui para o hospital. Ao chegar, fui logo falar com Richard.
– Voltei. Desculpe, Tanya me deixa louco. - Richard sorriu.
– Sem problemas.
– Então, o que queria falar comigo?
– Bem, eu não queria falar na frente de Tanya, mas a gravidez dela não me parece ter dois meses, apesar do coração já estar batendo, ela está com semanas. O embrião ainda está se formando. Se ela estivesse grávida de dois meses já deveria estar começando a se formar, já teria a cabecinha, os olhos, o corpinho, entende?
– Sim, entendo. Então quer dizer que o bebê dela não é meu?
– Exatamente, não tem como ser seu, até porque você sabe que não pode mais ter filhos. Pelo que aconteceu aqui na clínica, houve um vazamento de nitrogênio e perdemos todo o resto do seu sêmen depois da inseminação.
– Mas eu já encontrei a mulher que espera um filho meu. - Richard arregalou os olhos.
– Não está me dizendo que é a menina...
– Sim, exatamente. A Mary é a mãe do meu filho, quero dizer da minha filha. - eu sorri e Richard me deu um abraço, me dando os parabéns.
Falei com Renée e depois fui para casa descansar, pois precisava dormir. Tanya, queria jogar para cima de mim um bebê que não é meu? Como ela tem essa coragem? E ainda não esqueci o sussurro dela falando que Mary deveria estar morta.
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A VIRGEM - COMPLETO
Literatura Feminina#wattys2015 Sinopse: Mary Brandon é londrina, reside em Paris e acaba de receber a noticia que foi aceita na universidade de Londres. Antes de viajar, ela deveria enviar alguns exames de rotina, dentre eles, exames ginecológicos. Foi ai que sua...