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-Boa tarde, mesa para dois.- diz o Niall ao empregado do restaurante.

-Com certeza, sigam-me.- responde o empregado. Já passa um pouco do 12h00 quando acabamos de fazer os nossos pedidos.

-Então, que idade tens?- pergunta o Niall.

-Tenho 20 anos e tu?

-Tenho 22... bom já vi que hoje estas a ter um dia difícil.- mal ele sabia...

-Não é isso... é só que... não sei parece que estou com uma dor no peito.

-Mas estás-te a sentir bem?- pergunta ele com um ar preocupado. Perco-me dois segundos nos seus olhos... nunca vi um azul tão profundo... é como se ele conseguisse ler o meu interior e tenho medo que isso aconteça.

-Sim... está tudo bem, não te preocupes.- digo com a sensação de que estou vermelha.

-Então, queres me contar porque é que estavas a andar de metro sem rumo, sem bilhete, e sem noção do tempo?

-humm... eu realmente não sei o que me deu.- menti, sabia perfeitamente que queria me escapar da injustiça que estava a ser feita.

- Porque é que tenho a sensação de que me estás a mentir?- como é que ele sabe? Ele só me conhece á 1 hora.

-Ok, pronto. Queria escapar.- digo um pouco envergonhada.

- Ah já sei, tens de lidar com a tua mãe que não te deixa em paz.

- Olha, tu não falas assim da minha mãe ouviste? Nem sequer me conheces, nem sabes de onde venho. Eu nem sei porque é que vim falar com um estranho que tem uns olhos lindos de morrer e um cabelo de cortar o fôlego.- agora quem estava sem fôlego era eu depois de explodir. Quando me apercebi do que tinha dito, encarei-o  mais vermelha ainda e vi os seus olhos marejados... eram como ondas prestes a romper na costa.

-Desculpa, desculpa,desculpa... eu sei que só estas a tentar ajudar e eu só digo disparates... é que... hoje é o funeral do meu pai... e antes que lamentes de novo digo já que não tenho qualquer tipo de tristeza dentro de mim.

-O que? O teu pai vai ser enterrado hoje? E tu estás aqui a almoçar como se nada tivesse acontecido?

Passaram-se pelo menos 10 segundos até ele voltar a falar num sussurro.

-Porque?- diz ele baixinho.

-É complicado, a minha relação com o meu pai era... diferente.

-Isso justifica para ti o facto de não compareceres ao funeral?

-Sim Niall, justifica.

POV Niall

-Sim Niall, justifica.- Assim que o meu nome foi pronunciado pelos lábios dela, o meu coração derreteu. Os seus olhos castanhos a combinar com o cabelo dão-lhe uma beleza natural, ainda mais com o seu cabelo todo bagunçado no topo da cabeça. O que ela acabou de me dizer chocou todo o meu interior... mas o que será que aconteceu para que ela tenha tanto ódio pelo seu progenitor?

- Kate, eu sei que não somos amigos e até percebo que não me queiras contar o que se passou entre ti e o teu pai, mas há uma coisa que eu penso saber.- Ela olha-me com uns olhos confusos

- Eu acho que a dor que estás a sentir é de culpa... Estás a sentir que deverias de comparecer, mesmo depois de tudo o que aconteceu o teu coração não consegue guardar rancor por ele.

- NÃO NÃO NÃO.- ela meio que grita chamando a atenção de algum público que se encontrava agora a olhar para a nossa mesa.

POV Kate

-NUNCA MAIS DIGAS ISSO, EU ODEIO-O.-não acredito que ele acabou de defender aquele monstro, ainda para mais que ele não sabe o inferno que era a minha vida. Por ele não saber o que aconteceu escolho acalmar-me.

-Desculpa Niall, eu sei que não sabes o que aconteceu e eu ainda não estou preparada para contar a ninguém, mas eu não consigo voltar para ao pé da minha família enquanto eles lamentam a morte de alguém que... enfim.- digo já com uma dor de cabeça que se começa a criar.

-Não precisas de estar ao pé deles... podemos ir os dois assistir de longe... pode ser que consigas mandar aquela parte da tua vida para trás e despedes-te dele para sempre.- diz ele muito mais compreensivo.

-Eu não sei se consigo.- acabei de considerar ir ver o meu pai e nem acredito no que acabei de fazer.

-Faz isso por mim prometo que não te iras arrepender e ninguém nos irá ver.

-Está bem, eu vou, mas só porque acho que vai me fazer bem fechar todas as portas.

-Pode até ser que um dia o perdoes.- diz ele tão baixinho, que nem sei como consegui ouvir. Decido não dizer nada enquanto caminhamos para o metro a pensar naquilo que ele me disse. Acho que isso nunca irá acontecer.

My Anchor ➸ n.hOnde histórias criam vida. Descubra agora