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Quando me dirigo á casa de banho para lavar os dentes antes de dormir olho-me ao espelho e nem reconheço a rapariga que é reflectida como sendo eu. Estou pálida e com manchas vermelhas ao redor dos meus olhos e a minha cara marcada com as gotas que deixei escorrer. Estou mesmo adequada a esta pensão.

Deito-me na cama e esta faz um barulho horrível preenchendo o silêncio que se tinha instalado. Fecho os olhos e imagino um menino loiro e uma menina morena a rir e a correr pelo jardim.

Sou acordada por sons a vir da porta cada vez mais fortes.

-Já vai.-digo.

- Kate, sou eu o Niall.

Quando abro a porta encaro os olhos mais bonitos do mundo mas desta vez eles estão vermelhos... parece que ele esteve a chorar. Cheguei a esta conclusão mais devagar que o habitual pois ainda estava meia a dormir.

-Niall, o que se passa? Magoaste-te? O que foi?.- quando a realidade me atinge a preocupação inunda o meu ser.

-São os meus pais... eles... eles...- ele ajoelha-se á porta e chora e quando dou por mim estou agarrada a ele e a sussurrar-lhe para ter calma e que está tudo bem.

-Ligaram do hospital, eles estão em estado grave sofreram um acidente de carro.- ele diz com a voz cheia de dor e angustia. A sensação que ele deve estar a ter não deve ser boa, mas ao menos ele pode a ter. Ele ama os seus pais e eu nunca amei os meus... não sei o que é sofrer por alguém que gostamos. Só tive um namorado e mesmo assim não era nada de especial, ele era muito imaturo a nossa relação era mais de curtição.

-Pronto Niall vamos ter ao hospital, eu vou contigo. Vais ver que tudo vai correr bem.- digo na tentativa de o tentar acalmar.

Eu e o Niall dirigimo-nos ao underground com destino ao hospital de St.Mary.

Quando chegamos lá o Niall pergunta onde é que estão os pais e a senhora enfermeira pergunta se ele é o Niall Horan e ele afirma. Niall Horan... Não sei porque mas senti as tais borboletas que dizem que se sente quando se está apaixonado... eu apenas ouvi o nome dele, não sei sequer porque me senti assim.

A enfermeira pediu-nos que aguardássemos na sala de espera do piso 4. Corremos praticamente até ao elevador. Uma vez lá dentro pergunto:

-Niall, não há mais ninguém que precise de saber o que aconteceu um irmão,primo,tio...?

-Sim eu já contei á minha irmã mas ela vive na Irlanda só chegará amanha.

Não disse mais nada, o elevador dá o sinal que chegámos e o Niall atirasse literalmente a recepção respectiva deste piso... é lhe pedido de novo que aguarde na sala de espera.

Quando nos sentamos não se encontra ninguém na sala e eu decido dar forças ao Niall, abraço-o e digo que está tudo bem.

-Obrigado Kate.

-De nada babe.- quando percebo do que o acabei de chamar coro que nem um tomate e desvio o olhar do dele.

Ficamos abraçados mais alguns minutos quando a enfermeira entra na sala de espera.

-Tenho boas e más notícias.- Neste momento sinto o Niall a ficar tenso em redor dos meus braços.

-Bom, vou começar pelas boas... Eles sobreviveram.- uma onda de alivia percorreu-me e um suspiro saiu da boca do Niall.

-A má notícia é que com a batida a coluna do seu pai desviou-se bastante e temo que pudera ficar de cadeira de rodas pelo menos alguns anos.- o meu amigo começa a chorar de novo e quando dou por mim, lágrimas escorrem-me pela cara. 

-Aconselho a irem para casa pois os seus pais só vão puder receber visitas amanhã a partir do meio dia... Niall mantém-te forte o pior já passou.- e com esta frase a enfermeira deixa-nos, abandonando a sala.

-Eu vou cá ficar.-

-Niall, é melhor irmos para casa ouviste o que a enfermeira disse, tu precisas de descansar senão não tens força para estar com os teus pais... amanhã vimos ás 10 com uma hora de antecedencia para ficares mais descansado, eles não vão piorar, até porque o pior já passou.

Depois de o tentar convencer consegui finalmente fazer com que o meu amigo fosse para casa.

Quando chegamos á estação ele pergunta:

-Ficas comigo esta noite?

-Claro que sim, não te vou deixar.

Subimos as escadas do seu prédio e ele abre a porta. O apartamento é médio mas é muito bonito. Mal se entra temos vista para uma lareira na parede de tijolos e dois sofás que parecem ser bastante confortáveis. Do outro lado há uma parede com uma janela com vista para a cozinha.

-Tens uma casa muito bonita.

-Obrigado.- diz ele com um sorriso torto.

-Podes dormir no meu quarto eu fico no sofá.

-Nem penses, eu fico no sofá.

-Não Kate, tu já estás aqui comigo mereces ao menos uma cama confortável para dormir.

-Mas tu precisas de descansar já são 3h00 da manhã.

-Fazemos assim, como há dois sofás eu fico num e tu noutro assim descansamos os dois.- ele proproem.

-Feito.

Quando nos deitamos não consigo adormecer. Tentei de tudo mas o sono não quer vir. Depois de não me mexer mais e tentar adormecer oiço o Niall a chorar baixinho.

Levanto-me e vou até ao sofá dele deitando-me ao seu lado, dou-lhe um beijinho na testa e digo-lhe que vai tudo acabar bem. Caimos ambos num sono calmo e sereno.

My Anchor ➸ n.hOnde histórias criam vida. Descubra agora