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Anahi

Ouvi a porta se abrir mais uma vez e passos em minha direção, senti um cheiro amadeirado, forte, um perfume muito bom. É interessante estar em coma, ouvir e sentir tudo, mas os olhos fechados.
Senti um toque em minhas mãos e a sensação de segurança voltou. Queria retribuir, apertar a mão de volta e dizer 'olá Poncho' mas não conseguia.
Poncho: bem Anahi, você está ótima. Só falta abrir seus olhos e voltar pra sua vida normal.
A voz dele era suave e calma, reconfortante.
Só queria que ele soubesse que não posso e não quero voltar pra minha vida normal, porque minha vida normal me faz querer continuar em coma.
Poncho: olha só, meu turno hoje tá acabando, mas amanhã bem cedo eu tô aqui de volta. Quem vai assumir agora é a enfermeira Dolores, ela deve ter uns quarenta anos e vai cuidar de você como uma filha porque é o que ela faz com todas as pacientes mais novinhas. Você vai gostar dela. - senti sua mão em minha testa - Fica bem e acorda logo pequena.
Ao ouvir aquilo, uma lágrima escapou dos meus olhos, era assim que minha mãe me chamava, a única pessoa que realmente me amou nesse mundo.
Poncho: ei, você pode realmente me ouvir? - a voz dele tinha um tom de incredulidade - Não sei porque tá chorando, mas tudo vai ficar bem. Você logo vai sair daqui e ser muito feliz.
Queria tanto poder acreditar nessas palavras.
Ele mais uma vez tocou minha mão e me desejou boa noite antes de sair do quarto.
'Boa noite Poncho' eu quis responder.

Mais tarde a tal enfermeira Dolores apareceu, e realmente como Poncho disse, ela foi super carinhosa, atenciosa e até conversava comigo. Não sabia que era possível, mas em algum momento, minha mente se apagou e eu dormi. Simplesmente dormi estando em coma, estranho não é?!

Tu Voz Me DespiertaOnde histórias criam vida. Descubra agora