Capitulo VIII

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Maria

Eles tiraram meu sangue para fazer alguns exames e me deixaram no soro descansando, comecei a ficar ansiosa para voltar logo para casa, e também incomodada por saber que Lucca estava na outra sala.

Fechei o olhos e me concentrei em descansar, mas sua voz me despertou.

-Está melhor?

-Sim, mas é bem provável que seja uma intoxicação alimentar, então vou precisar ficar mais um tempo afastada.-Ele me observou em silêncio.

—•—
Lucca

Assim que a vi mais corada pude respirar aliviado, nós precisamos conversar, não podemos continuar nos evitando desse jeito.

Um médico abriu a cortina que separava os leitos, desviei a atenção para ele, esperando que ele começasse a falar.

-Nós fizemos os exames, e descobrimos que a paciente está grávida de duas semanas, isto explica os enjoos e os vômitos, vou pedir que a ginecologista venha aqui mais tarde para receitar as vitaminas e os remédios para evitar os sintomas e iniciar o tratamento pré-natal.-Eu fiquei em silêncio, mas eu estava atordoado.

•Flashback on•

-Lucca!-Ouvi sua voz me chamando, então me levantei do sofá.

Andréia entrou radiante na sala, ela se aproximou de mim e me beijou.

-Tenho uma surpresa para você.-Eu sorri a puxando para o meu colo.

-Me conta.

-Estou grávida!-Eu fiquei surpreso por alguns segundos, e então sorri e a abracei, aquele era o melhor dia da minha vida.

•Flashback Off•

O medico saiu da sala, eu fiquei encarando a parede por alguns segundos, até ouvir Maria começar a chorar, me lembro como Andreia estava feliz, mas Maria...ela está inconsolável, eu não sei o que fazer.

Me levantei e tentei me aproximar dela, seu corpo tremia por causa dos soluços.

-Maria...

-O que eu vou fazer?! Eu nem fiz 24 anos, e ja vou ser mãe! Lucca, eu...

-Escuta, eu não posso lidar com isso.-Eu disse passando a mão pelo cabelo.-Talvez, se você...

-Mesmo assim, eu não vou abortar Lucca, é uma vida, um inocente que está sendo arrastado pra toda essa confusão.

-Mas Maria, eu não vejo outra opção.-Ela estreitou os olhos um pouco inchados e disse irritada.

-Eu já disse que não vou tirar esse bebê.-Me lembrei de Andreia hospitalizada por ter se jogado da escada, ela dizia que queria que Matteo morresse, e então lembrei de tudo que ela fez para mim, e por que Maria seria diferente?

-Então...não temos mais nada para conversar, aliás, foi para isso que fui até a sua casa, passe na empresa para assinar sua demissão.-Vi seus olhos se encherem de lágrimas novamente.

-Lucca! Não faça isso, eu cresci sem um pai, e não quero isso pro meu filho, por favor...

Sai a deixando sozinha, eu sei que pareceu errado, mas eu não podia passar por todo aquele sofrimento de novo.

—•—
Maria

Liguei a tv e abracei a almofada, eu não ia chorar, não agora, eu estava perdida. Sem trabalho, como vou sustentar o bebê? Por que ele teve que ser tão cruel? Me deitei e olhei para o teto, eu apenas queria que tudo voltasse ao normal, como era antes da viagem.

—•—
•1 mês depois•

Vomitei mais uma vez, voltei a me sentar no chão do banheiro, e controlei a respiração, apoiei a mão na minha barriga, e pedi silenciosamente que meu bebê se acalmasse.

Me levantei e fui até a minha cama, que era tem sido meu refugio no último mês, fechei meus olhos e desisti de passar mais um dia na cama.

Me troquei e sai para a rua, eu precisava de sol, fui caminhando até a farmácia, peguei meu remédio para enjoos e fui até o caixa e enquanto pagava, ouvi alguém chamando meu nome. Era Laura, uma ex-colega do trabalho, peguei minha sacola e fui em sua direção.

-Tudo bem, Maria?

-Sim, só está um pouco difícil arranjar outro emprego.-Sua expressão mudou um pouco.

-Olha, eu não deveria falar isto, mas vou. Eu estava conversando com a secretária do Sr. Apozzi, e parece que toda vez que requisitaram sua carta de recomendação, ele não fazia uma boa imagem de você.

-O que?!-Eu gritei, por isso eles nunca ligavam.

-Olha, eu tenho alguns contatos, e posso tentar ajudar.-Sorri por sua gentileza, mas eu ainda estava nervosa.

-Eu agradeceria de coração por isso.

Nos despedimos e eu voltei para casa, na verdade, fui direto para a garagem. Dirigi até a empresa, estacionei na rua de trás do prédio, entrei no saguão e fui até o balcão da recepção. Implorei um pouco para o lado emocional das recepcionistas, dizendo quase chorando, e dizendo que eu precisava falar com Lucca. Elas liberaram a minha entrada, e eu fui direto para o elevador, fui para o andar de Lucca, a secretária não estava em sua mesa, então abri a sua porta com força.

Ele estava concentrado em seu notebook, mas assim que me viu ficou nervoso.

-O que você está fazendo aqui?!

-Qual é o seu problema Lucca?! Você quer que sua filha morra de fome?!-Ela arregalou os olhos.

-Como você sabe que é uma menina?

-Eu não sei, eu só...sei. Mas não importa! Eu preciso de um emprego, eu preciso sobreviver, e você não vai acabar com a minha vida!-Ele se levantou.

-E quem é você para dizer isso para mim?!-Caminhei raivosa para ele e dei um tapa em seu rosto, no momento seguinte me arrependi amargamente por aquilo, mas eu simplesmente fiz, então comecei a chorar descontroladamente.

Me encostei na parede e sentei no chão, eu não conseguia controlar as minhas lagrimas e meus soluços, depois da morte da minha mãe tudo foi de mal a pior. E agora estou gravida e acabei de agredir o único homem que poderia me ajudar.

Enterrei meu rosto nas minhas mãos e continuei a chorar.

-Maria...

-Só...me deixe em paz, nós não merecemos sofrer por sua ignorância.-Eu disse me levantando e caminhando para a porta.

Limpei minha lágrimas rapidamente e fui em direção ao elevador, Roberta estava la dentro, e era tudo que eu menos precisava.

-Parece que alguém levou um chute na bunda.

-Pelo menos, ele veio atrás de mim, diferente de você, que mesmo se humilhando é menosprezada.-Eu disse olhando em sua cara nojenta, ela abriu a boca, mas eu a ignorei andando para fora do elevador.

Sai do edifício e andei em direção ao meu carro, agora só espero que tudo comece a dar certo.

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