Capítulo I

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•»4 Anos antes«•
Maria

Joguei um lírio vermelho em direção ao buraco no chão , e observei a terra sendo jogada no mesmo, e eu me despedi de minha mãe silenciosamente. Ela sim, foi uma grande mulher, que sempre lutou para me manter.

Os amigos dela me entregavam palavras de consolo vazias, que não haviam sentido para mim, a minha única família havia partido. E a dor era imensamente pior do que qualquer coisa que eu ja havia sentido.

Minha mãe vinha lutando contra um câncer de mama, aquela maldita doença a levou de mim, e ela nem pode me ver em minha formatura. Lágrimas grossas continuavam a escorrer pelo meu rosto, aquele que deveria ser o dia mais feliz da minha vida, foi só uma lembrança sem fundamento. Ignorando a todos eu entrei em meu carro e dirigi para nossa casinha.

Tudo parecia estar em seu devido lugar, menos ela, ela não estaria mais na cozinha, ou no quarto. Eu estava sozinha no mundo. Fui até meu quarto ignorando a porta de madeira escura que me separava do dela, e me deitei na minha cama, agarrei o travesseiro e as lágrimas haviam voltado, me lembrando de como doía perder algo tão importante.

Abri meus olhos, e levantei, mas eu apenas queria ficar naquela cama por dias, porém eu precisava achar um emprego, sem a renda do salário de minha mãe eu ficaria no vermelho em breve.

Abri meu velho notebook, e tamborilei os dedos na mesa gasta da cozinha, enviei meu curriculum para várias empresas, e agora eu só poderia cruzar os dedos e rezar para que eu conseguisse um emprego.

—•—
Lucca

Limpei o nariz de Matteo e o ouvi resmungar, fui até o balcão da cozinha e coloquei o xarope em um pequeno copinho, me virei para entregar a ele, porém meu pequeno ja havia sumido.

-Matteo! Matteo!-Ouvi uma risada baixinha, e me virei.-Matteo, você tem que tomar seu remédio!

Ouvi um baque e depois um grito, corri para sala e vi meu filho caído no chão, fui até ele e o peguei no colo.

-Calma, ja passou filho...-Eu disse tentando acalma-lo.

-E-Eu não vi.-Ele disse soluçando.

-Esta tudo bem agora.-Subi as escadas e o coloquei em sua cama.

-P-papai, por quê eu não sou normal?-Ele perguntou agarrado em mim, e eu senti meu ódio crescendo por aquela mulher a cada lágrima que meu filho derramava.

-Filho, você é normal, pare com isto.-Abracei seu pequeno corpinho, e disse.-Você consegue correr, falar, ver, ouvir, certo?-Ele assentiu.

-Mas papai...eu não consigo ver com esse olho.-Ele disse apontando para o seu olhinho esbranquiçado.-Todo mundo consegue, menos eu...

-Você não é todo mundo Matteo, todos são diferentes, e é isso que nos faz especiais.-Ele assentiu e voltou a se agarrar em mim.

Em todos esses anos eu sempre me questionei por que não notava as atitudes de Andreia, tudo o que ela fez acarretou no sofrimento do meu filho. Se eu pudesse nunca teria discutido com ela, e meu filho seria completamente saudável.

—•—
Maria

-Sinto muito, mas o seu currículo não se adequa as nossas especificações.-A mulher a minha frente disse com uma expressão de desgosto.

-Senhora March, por favor, só me de uma chance, eu prometo não decepciona-lá.

-Sinto muito Senhorita Certtare, mas não há nada que eu possa fazer.-Ela disse como se estivesse se divertindo comigo.

-Por favor...-Eu implorei, deixando algumas lagrimas escorrerem.

-Vou pedir que se retire senhorita, ou vou ser obrigada a chamar os seguranças.-Me levantei da cadeira derrotada.

Sai daquela sala segurando as lágrimas, as coisas não podiam piorar, ja era o sexto emprego que me negavam vaga, eu não tinha mais dinheiro para se quer comprar comida, minha mãe tinha dividas, que eu não conseguiria pagar, ela havia escondido isso de mim.

Olhei para o chão e limpei uma lágrima fujona, quando menos percebi dei de cara com uma parede de músculos, por pouco eu não fui ao chão, pois dois braços fortes me seguraram.

-Desculpe.-Eu disse baixinho.

-Está tudo bem?-Encarei a pessoa de onde a voz grossa saia, era um homem alto, com cabelos e barba loiros, e os olhos azuis mais penetrantes que eu ja havia visto.

-E-Esta.-Eu gaguejei, tentando me livrar de seus braços.

-O que está menina ainda está fazendo aqui?! Alessandra, chame os seguranças!-Me virei assustada.

-Roberta, posso saber o que está acontecendo aqui?

-Nada Senhor, só uma candidata insistente, mas ja vou resolver este problema.-Me soltei daquele e homem e aproveitei que o elevador estava se fechando e entrei nele.

Me encontrei soltando o ar que nem sabia que estava segurando, quem era aquele homem?! Minha pele estava em chamas, com um simples toque.

Assim que as portas do elevador se abriram eu sai rapidamente, cheguei em meu carro ofegante, apertei o volante nervosa. Dirigi até a minha casa, antes de entrar dei uma olhada no carro, em breve eu teria que vendê-lo.

Me sentei no sofá empoeirado, e apoiei a cabeça em minhas mãos.

Quem era ele?

—•—
Lucca

Deixei Matteo na escola, ele estava gripado nos últimos dias, então o agasalhei bem, e dirigi até a empresa.

O dia estava particularmente entediante, fui até meu andar, decidi me adiantar, e fiquei checando os e-mails pelo celular enquanto o elevador subia.

As portas apitaram e eu sai concentrado em meus assuntos, então senti um impacto contra meu corpo, olhei para baixo e notei uma mulher loira em minha frente, ela quase caiu mas eu consegui segura-lá.

-Desculpe.-Ela murmurou.

-Está tudo bem?-Ela finalmente me olhou, e eu não consegui identificar o que senti, quando vi seus olhos azuis, em seguida sua boca carnuda, e notei seu traseiro avantajado, ela era realmente linda.

-E-Está.-Ela disse rapidamente tentando se soltar.

-O que está menina ainda está fazendo aqui?! Alessandra, chame os seguranças.-Encarei Roberta visivelmente indignada.

-Roberta, posso saber o que está acontecendo aqui?-Perguntei insatisfeito.

-Nada Senhor, só uma candidata insistente, mas ja vou resolver este problema.-Ela disse orgulhosa.

Quando percebi a mulher ja havia desaparecido, bufei impaciente.

-Candidata de uma vaga?

-Sim, senhor.

-A contrate.

-Mas...

-Nada de mas, a contrate!-Eu disse por fim entrando na minha sala.

Quando olhei para as minhas calças tive uma surpresa, eu estava excitado. Por Deus! Eu precisava desestressar, e ja sabia como. Disquei o numero de Patrícia, ela sabia que era só sexo, sem relacionamento. Esse tipo de mulher é raro hoje em dia. Marquei para nos encontrarmos um pouco depois do meu expediente.

Mas durante o dia eu não consegui parar de pensar naquela garota.

Quem era ela?

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