Capítulo XIV

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Maria

Eu me virei várias vezes durante a noite, mas não conseguia dormir, pensar que Lucca estava a apenas alguns metros de mim, me levantei irritada e sai do quarto. Minha intenção era ir para cozinha, mas parei na metade do caminho para checar as crianças, abri a porta devagar e observei eles dormindo serenamente.

Fui até Lilliana e a cobri, ela costuma se mexer muito de noite, acariciei seu cabelo e afastei, observei Matteo dormindo, mas ele parecia incomodado, pois estava agitado e soava muito, me aproximei dele e coloquei a mão em seu rosto, fiquei desesperado ao sentir sua pele quente.

Me levantei rapidamente e corri para o quarto de Lucca, abri a porta subitamente e o encarei dormindo tranquilamente, lembrei da nossa noite, e estremeci. Fui até ele e o balancei.

-Me deixa dormir mais um pouco...

-Lucca! Lucca!-Ele abriu os olhos e se levantou rapidamente.

-O que houve?!

-Matteo está com muita febre.-Ele arregalou os olhos e se levantou, fomos até o quarto das crianças novamente e fui até a maleta de primeiro-socorros, peguei o termômetro e voltei para o quarto.

Coloquei em Matteo e acariciei sua cabeça, ele ja estava acordado mas ainda estava sonolento, Lucca provavelmente foi se trocar. Fiquei conversando com o pequeno para distraí-lo.

-Mamãe...o que ta acontecendo?-Ouvi a voz sonolenta de Lilliana e fiquei entre as duas camas.

-Matteo está dodói, mas não fale muito alto, porque ele está com sono ainda.

-Da um beijinho nele, igual você faz comigo quando eu fico doente, mamãe.-Sorri e peguei o Rufius que havia caído e entreguei para ela.

Voltei minha atenção a Matteo, ele me olhava mas parecia estar quase dormindo, o termômetro apitou e eu o peguei, me levantei na hora, 39º! Lucca entrou no quarto e eu mostrei o termômetro para ele. Lucca balançou a cabeça negativamente e então ajudou Matteo a se levantar e o foi trocar em seu quarto, troquei Lilliana também, pois não poderíamos deixá-la sozinha.

Eu dirigi até o pronto-socorro infantil que não ficava muito longe de casa, Matteo estava ficando mais pálido, e notei que Lucca estava bem nervoso no banco ao lado. Estacionei o mais rápido que eu pude e então entramos no PS. Fiquei com e Matteo e Lilli na sala de espera, enquanto Lucca andava de um lado para o outro nervoso, eu me irritei e o mandei sentar, ele me olhou com cara feia mas obedeceu.

Lilliana ja havia dormido no meu colo há tempos, e Matteo estava quase lá, meu sono havia sumido completamente. Fomos chamados e levamos Matteo.

O médico receitou alguns remédios, e disse que se tratava de uma virose forte, quando chegamos em casa era mais ou menos 4h da manhã, o remédio que Matt tomou o deixou com muito sono, então assim que se deitou dormiu, eu carreguei Lilli para sua cama e ela resmungou um pouco mas voltou a dormir.

Fui até a sala para fazer um chá para mim, notei Lucca sentado na mesa de jantar e peguei duas xícaras.

-Ele já está melhor Lucca.

-É que...ele adoece muito fácil, ja o levei em vários médicos e a maioria sempre diz a mesma coisa...que o sistema imunológico dele é fraco porque ele não tomou leite materno logo quando nasceu.-Olhei para Lucca em silêncio, será que aquela mulher tem noção do que causou?-E as vezes eu fico pensando...e se eu tivesse deixado ela vê-lo, o que aconteceria?

-Lucca, não se culpe, você da todo amor e carinho que consegue para Matteo, e ele te idolatra, a culpa não é sua!-Ele me olhou e fiquei por alguns segundos tentando decifrar a sua expressão.-Vou pegar o chá.

Voltei para a cozinha e coloquei aprontei os saquinhos nas duas xícaras e coloquei a agua quente. Quando me virei levei um susto, Lucca estava há apenas alguns centímetros de mim, o encarei, e antes que eu reclamasse seus lábios encontraram os meus agressivamente, suas boca invadiu a minha e por alguns segundos eu matei a saudade de seus lábios nos meus, mas eu me recuperei e o empurrei.

-Nunca mais faça isso! Eu só te hospedei aqui por causa de Matteo, acha que eu vou voltar para você, depois de tudo?! Patético!-Eu bufei e levei minha xícara de chá para o quarto, deixando um Lucca cabisbaixo para trás.

Me deitei na cama e deixei algumas lágrimas escaparem, tudo tinha sido tão desgastante, Lucca não ia me ter de volta, nunca mais.

—•—

Desisti de tomar meu café e peguei um dos energéticos que eu havia trazido, e nem era 10h da manhã. Eu estava muito cansada, não conseguia prestar atenção em quase nada. Tomei um gole do energético e o deixei ao lado do caixa.

Voltei a atender os clientes, dando umas pausas de vez em quando. Suspirei ao me lembrar da conversa que tive com Lilli de manhã.

•»FlashBack On«•

-Mamãe, Matt é meu amiguinho, mas e aquele moço? Quem é ele?-Eu estava tão cansada que quase disse que Lucca era seu pai.

-É um amigo da mamãe. Você ja se trocou?

-Sim.

-Então vamos logo, se não vamos nos atrasar.-Lilli pareceu engolir a minha resposta.

•»FlashBack Off«•

Me olhei no espelho e suspirei ao notar as enormes olheiras, passei um pouco de maquiagem e pareceu resolver. Voltei para o balcão e continuei a trabalhar. O dia seria longo.

—•—
Lucca

Eu sou um idiota! Um babaca!

Por que eu tive que beija-la?! Porque aquela boca estava me tentando desde que a reencontrei, e Maria parecia mais gostosa, talvez tenha sido a gravidez. O que eu recebi em troca? Um fora, dos grandes.

Então agora estou aqui sentado em meu quarto, respondendo e-mails, eu não sei mais o que fazer para te-lá de volta...

Baguncei meu cabelo e me levantei, eu precisava de ar, fui até a sala e Matt ja veio atrás de mim, vesti o casaco nele e demos algumas voltas pelo quarteirão, Lilliana tinha ido para a escola, doía demais não poder abraça-la e lhe contar a verdade, ela não tinha se aproximado de mim ainda, eu esperava que Maria me apresentasse mas tudo foi por água a baixo quando ela mandou Matt e Lilliana para o quarto.

Matt estava sorridente, e observava a nova paisagem com muita curiosidade, ele sempre foi muito inteligente, e agora com oito anos mais ainda. Entramos em uma sorveteria e eu fui comprar o sorvete para nós dois. Enquanto pagava ouvi um grito surpreso e me virei na hora, por alguns segundos meu humor foi de mal a pior.

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