Capítulo XV

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Lucca

Coloquei um chumaço de notas perto do caixa e me afastei, peguei a mão de Matteo e comecei a caminhar para fora o mais rápido possível, meu filho me olhava confuso, mas então ouvi aquela voz de novo me chamando, e apressei ainda mais o passo.

-Lucca! Pare de fugir!-Rosnei baixinho e continuei a andar, e então uma mão me parou e eu me virei.

-Não chegue perto de mim!

-Lucca...só...me deixe vê-lo!-Rosnei baixinho e me virei.

-Vá embora, Andreia! Fique longe de nós.-Vi um homem se aproximar dela, e colocar as mãos em seus ombros.

-Esta tudo bem, meu amor?-Ela olhou para trás e para nós de novo, indecisa.

-Tome cuidado com ela, essa cobra é gosta espalhar seu veneno por onde passa.-Eu disse me dirigindo para o homem desconhecido e voltei a caminhar em direção a casa de Maria.

Matt apertou sua mão contra minha e perguntou baixinho.

-Quem é ela?

-Ninguém, Matteo, ninguém...

—•—
Maria

Ouvi alguém me chamando e me levantei na hora.

-Maria, você estava dormindo?-Ouvi a voz de Giullia no telefone e passei a mão pelos olhos.

-Eu só estou cansada, não dormi nada a noite, eu e Lucca tivemos que levar Matt para o hospital.

-Espera, o que?!

-Eu não te contei? Lucca me achou, e ele tem um filho, é uma loucura, eu sei, mas ele é muito educado, e parece gostar de mim.

-Quantos anos tem o menino?

-Oito anos, ah,Giullia...eu não sei o que fazer, eu devo contar a Lilli já ou não?

-Maria, se ele foi atrás de vocês depois de tanto tempo, eu não cederia tão fácil, e se ele sumir de novo? Vai magoar você, e pior, magoar a Lili.-Suspirei.

-Está bem, obrigada, Giullia. Vou fechar a confeitaria.

-Ok, tchau Maria.

Fechei o caixa e tranquei a loja, fui até meu carro e dirigi até a escola de Lilliana, e depois de alguns minutos já estávamos em casa. Abri a porta e notei que a casa estava silenciosa demais, coloquei as chaves em cima do hack da tv e fechei a porta.

Lilliana levou sua mala para perto da mesa de jantar, e eu caminhei pelo apartamento, estranhando a quietude. Fui até o quarto de hóspedes e abri a porta devagarinho, encontrei Lucca e Matteo dormindo, sorri e fechei a porta. Talvez nós poderíamos ser uma família, mas isso nunca aconteceria, Lucca errou de mais. E eu havia vivido muito bem todos esses anos, apesar de ter que acordar todo dia e me deparar com o resultado dos meus erros, uma cópia em tamanho menor de Lucca, eu não me arrependia, Lilliana era o meu tesouro mais precioso, a minha borboletinha.

Voltei para a sala, e minha filha estava esparramada no sofá assistindo desenho, sorri e baguncei seu cabelo, eu sabia que ela odiava quando eu fazia isso, mas eu não conseguia evitar. Fui até a cozinha e comecei a preparar o jantar, eu estava com vontade de comer macarrão, então o fiz com molho de tomate.

Eu estava tão entretida que quando ouvi alguns passos apressados atrás de mim eu tomei um susto, Lilli e Matt apareceram me observando.

-O que querem aqui?

-O tio Lucca pediu pra gente ver se o molho ta bom.-Olhei pela janela da cozinha e notei que Lucca estava sentado na mesa de jantar em seu notebook sorrindo.

-Esta bem.-Eu peguei um pratinho e coloquei um pouco de molho, servi dois pedaços de pão para os dois e eles saíram contentes da cozinha.

Depois de alguns minutos senti uma presença atrás de mim, e não precisei me virar para saber quem era.

-Eles podem experimentar o molho e eu não?

-Não.-Eu disse simplesmente, jogando o macarrão na água quente.-Quando você pretende ir embora?-Ele ficou em silêncio, e então saiu, me deixando sem resposta.

Eu não sei o que ele estava fazendo aqui, eu não o queria aqui. Estava tudo indo muito bem, só eu e a minha borboletinha. Mas Lucca não iria me deixar em paz, e eu sabia disso.

Quando deitei minha cabeça no travesseiro algumas horas mais tarde, eu pude dormir por bastante tempo. Ja de manhã eu ainda parecia um caco, foi só sentir meu nariz entupido que tive vontade de ficar na cama o dia inteiro. Tomei um banho e me agasalhei bem, fui até o quarto de Lilli e a acordei. Dei um banho nela também, e coloquei seu uniforme, a levei para escola, e deixei Lucca e Matt dormindo. Decidi não ir para loja, uma das minhas funcionárias tinha a chave então ficaria tudo bem, no caminho de casa liguei para ela e combinei tudo. Voltei pra casa e fiquei deitada no sofá.

Fechei os olhos por alguns segundos até ouvir sentir levantando as minhas pernas, eu ja sentia a minha garganta dolorida.

-Você está doente?-Abri os olhos e encarei Lucca.

-Sim, por isso odeio o inverno, eu sempre fico doente, tenho que ficar saindo de casa toda agasalhada, o quintal da minha casa ficava cheio de neve, e eu não conseguia brincar.

-Mas você nunca construiu um boneco de neve?-Eu olhei para ele.

-Não.-Ele riu e me olhou incrédulo.

-Precisamos montar um boneco de neve, eu ainda mostrarei para você que o inverno é a melhor estação do ano.-Sorri e me ajeitei no sofá.

-Tente.-Lucca começou a fazer massagem nos meus pés e eu relaxei. Logo estava dormindo serenamente.

—•—
Lucca

A observei dormindo e suspirei, deixei Matt dormir até mais tarde, mas meus pensamentos estavam longe, eu fiquei me lembrando de Andreia, de todos os nossos momentos, e também me lembrei de quando ela endoidou. Apoiei a minha cabeça no encosto do sofá e fiquei em silêncio, se ela voltasse de vez para a nossa vida, eu juro que não sei do que seria capaz.

Matteo provavelmente vai sofrer pelo resto da vida, e eu não sei como impedir isto. Peguei meu celular e fiquei checando meus e-mails, depois de um tempo notei que Maria havia acordado, e ela ficou distante de repente e eu estranhei.

—•—
Maria

O que eu estava fazendo?

Eu estava me deixando levar de novo, e deixando Lucca se aproximar novamente, parece que eu não aprendi com meu primeiro erro, eu daria um fim nisso logo. Só que não sabia como.

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