Capitulo XVIII

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3 meses depois...
Maria

Respirei fundo algumas vezes antes de tomar coragem e tocar a campainha, esperei por alguns segundos até a porta ser aberta por uma jovem de avental.

-Sim? O que deseja?

-Gostaria de falar com o Sr. Apozzi.

-Sinto muito, ele não esta no momento.-Ouvi um grito infantil e então o som de algo sendo quebrado.

-Cazzo!-Ela xingou e entrou na casa.-Matteo! Largue já esse tablet! Matteo!

Lilli que até o momento estava quieta ao meu lado, ao ouvir o nome do irmão correu para dentro da enorme casa. Tentei a chamar mas foi em vão.

-Matt! Matt!-Pude ver Matteo arregalando os olhos e deixando o tablet cair no sofá.

-Lilli!-Ela o abraçou com força, ele pareceu se acalmar e a abraçou também.-Vocês vieram!

-Eu disse que iria vir.-Eu disse sorrindo.

-Papai saiu, mas disse que ja voltava.-Ele se sentou no chão e ficou nos encarando, Matteo estava diferente.

Ouvi a porta abrindo e Lilli ficou toda animada ao ver o pai, era estranho para mim vê-la interagindo com Lucca normalmente, ele ficou muito surpreso quando nos viu.

-Vocês vieram para Italia.

-Sim, achou que eu deixaria você se aproveitar da minha casa de graça?-Eu disse brincando e Lucca sorriu.

Precisávamos manter um clima agradável para as crianças, a babá se aproximou e falou algo para Lucca sua expressão mudou completamente e ele disse sério.

-Maria, a Patrícia vai te levar para o quarto, eu preciso ter uma conversinha com Matteo.-Peguei Lilli no colo e segui a mulher.

Aquela casa é enorme, me surpreendi com a quantidade de portas, a jovem mulher abriu uma porta e a abriu sorridente, entrei e me surpreendi com o tamanho do quarto, era enorme! Com certeza meu quarto cabia aqui duas vezes!

-Aquela porta à esquerda é o seu closet, e a da direita é do banheiro.-Assenti agradecendo.-Quer que eu leve a pequenina para o seu quarto?

-Ela tem?

-Ah, sim.

-Tudo bem, pode levá-la, só me deixei deixar essas malas no closet que ja vou com vocês.-Ela assentiu.

Eu empurrei as malas de rodinhas para a porta aberta e me surpreendi novamente com tantos cabides e gavetas vazias, deixei as malas em um canto e sai do closet. Segui Patrícia e Lilli até outra porta no corredor e quando ela abriu a porta fiquei boquiaberta. Era outro quarto enorme, porém as paredes estavam pintadas de lilás com várias borboletas de vidro penduradas, havia uma cama com um dossel de madeira branca e havia bonecas e todo o tipo de brinquedos em uma caixa de madeira, e um delicado mobile com cristais em forma de borboletas pendia em frente à porta que provavelmente levava para a varanda.

-Mamãe, esse quarto é meu?

-É sim, senhorita. -Patricia disse sorrindo.

Um sorriso enorme se abriu em seu rosto infantil e ela começou a correr e explorar seu quarto, ri e Patricia saiu do quarto.

-Mamãe! Olha esses vestidos!-Ela gritou animada e me puxou para dentro de seu closet repleto de roupas infantis.-Tem vestido de princesa! Tem um monte de vestido de princesa!

-É meu amor...-Eu fiquei observando o tanto de roupas e sapatos que estavam la.

-Você gostou minha princesa?-Ela sorriu e pulou no colo do pai.

-Eu amei!

-Filha, que tal você buscar sua mala no meu quarto?-Ela assentiu e desceu do colo de Lucca, enfim sós.

-Você veio.

-Talvez eu fique por mais tempo que esperava, vou abrir uma confeitaria aqui, como vendi a minha casa não havia para onde ir.

-Não tem problema, vocês são muito mais que bem-vindas aqui.-Sorri um pouco e passei a mão por alguns vestidos pendurados.

-Lucca, o que houve com Matt, ele esta tão diferente...

-Estamos tentando um tratamento novo, só que os remédios estão deixando ele muito inquieto.

-Mas ele é tão novo...

-Eu sei...mas quando ele crescer não terá que passar por uma cirugia e...eu me sinto culpado por o que aconteceu com ele, então quando tenho algo ao meu alcance, eu quero que ele se cure, que ele consiga enxergar com o outro olho também.-Assenti em silêncio e Lilli entrou com sua mala no closet.

—•—

Me deitei cansada e fechei os olhos, mas uma gritaria me fez levantar subitamente. Sai do quarto e desci as escadas, para encontrar Lucca tentando fazer Matteo tomar alguns comprimidos.

-Filho! Você precisa! É para o seu bem!

-Sai! Eu não quero!-Matteo o empurrou e tentou fugir mas Lucca o pegou no colo.

-Matteo, você esta me irritando! Tome seus remédios!

-NÃO!-Matt gritou e bateu no braço de Lucca, para ele solta-lo.

-Não me bata! Eu sou seu pai!

-Foda-se!-Arregalei os olhos e abri a boca chocada.

Lucca o colocou no chão e segurou seus braços.

-Aonde você aprendeu isso?!-Lucca berrou o sacudindo.

-N-Na escola.-Matteo ficou amedrontado.

-Nunca mais fale isso de novo! Eu sou seu pai!! Me respeite!-ele pegou os comprimidos em cima do balcão e abriu na marra a boca de Matteo e jogou os remédios, o menino começou a chorar.-É para o seu bem, Matteo!

-Eu odeio você!!-Ele gritou e saiu correndo para cima.

Eu fiquei quieta o tempo inteiro, e então decidi me aproximar, Lucca estava com a cabeça apoiada no mármore frio do balcão, ele estava muito nervoso. Então fiz o que achei certo, e o abracei por trás, aos poucos sua respiração se acalmou e ele se virou. Ele parecia...desolado.

-O que eu fiz de errado?-Pousei minha mão em seu rosto e suspirei.

-A culpa não é sua Lucca, não seja duro consigo mesmo, Matteo está muito diferente, talvez fosse melhor...parar com a medicação...

-Não! Ele pode ser curado! Eu não vou desistir agora!-Suspirei cansada e assenti.

-Eu vou para cama agora. Acho melhor você ir também.-Sorri e tirei uma mecha de cabelo que havia caído em seu rosto, ele assentiu e eu me afastei.

Subi as escadas e entrei em meu quarto, me deitei e fechei os olhos, em poucos segundos eu adormeci.

—•—

Acordei com uma trovoada e uma batida de porta, abri os olhos e notei que havia sido a minha porta que havia sido aberta.

-M-Maria, eu posso ficar aqui com você?-Me surpreendi ao ouvir a voz de Matteo.

-Claro pode vir.

Ele se deitou do meu lado e se enfiou em baixo das cobertas, outro trovão foi ouvido e ele se encolheu. Eu o abracei e ele ficou parado.

-Meu pai está muito bravo comigo.

-Ele está, mas logo vai ficar tudo bem, você tem que entender que só quer te ver bem. Ele ja te explicou o por quê dos remédios?

-S-Sim.

-Então, você tem que ser paciente, ficar irritado não vai ajudar em nada.-Ele bocejou e se ajeitou em meus braços.

-Sabe Maria...eu gostaria que você fosse a minha mãe.-Arregalei os olhos.

-Eu posso ser sua mãe, Matteo.-Ele ficou em silêncio e então falei.-Amanhã eu vou visitar a minha amiga, ela tem dois filhos da idade da Lilli, você gostaria de ir?

-Sim.

-Então feche os olhos e durma que amanhã o dia vai ser longo.

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