Oi gente, eu queria dar um recado sobre a história, eu acho que ela está tomando rumos que eu não esperava, eu gostaria de deixar meus personagens mais humanos, e é isso que vou fazer. Todo mundo erra e não vai ser diferente com a Maria e o Lucca.
Bom, é isso.
Até a proxima—••—
Maria
Lucca ja estava na França conosco durante duas semanas, a situação realmente estava insustentável, eu consegui me esquivar de todas as investidas dele, mas ele era insistente e eu sabia muito bem disso. Lilli estava adorando a companhia de Matteo, eles eram inseparáveis, com todo esse tempo que eles passaram aqui eu comecei a me perguntar se Matteo não ia para escola, ele parecia muito inteligente. Cheguei a questionar Lucca sobre isso mas ele só deu de ombros e me ignorou. Meus negócios estavam indo muito bem! E tive a ideia de inaugurar uma nova confeitaria, e transformar a minha marca em uma franquia. Iria demorar bastante para o projeto sair do papel, mas eu estava confiante.
Eu havia chegado cansada da confeitaria, Lucca estava sentado no sofá e Matteo estava provavelmente no quarto de Lilli brincando, aquela situação estava ficando impossível , ele simplesmente se instalou na minha casa. Ele de vez em quando aparecia com sacolas cheias de comidas caras, e eu tinha vontade de espremer a cabeça dele em um espremedor de limão! Minha borboletinha correu para o quarto dela e eu fui para cozinha deixar as compras que eu tinha feito, quando entrei quase tive um infarto, eu comecei a tremer de raiva e deixei as sacolas em cima do balcão.
Voltei para sala e disse bem alto.
-Por que você não lavou a louça?!-Lucca se virou para mim e disse.
-Eu estava trabalhando.
-Não está agora! Lucca! Você poderia ter pelo menos lavado a louça.
-Ta bem! Eu vou agora!-Ele se levantou e eu bufei irritadíssima.
-Esta impossível lidar com isso Lucca! Por que você voltou?! Estava tudo bem! Você está arrastando todos para os nossos problemas! Você não percebe?!-Eu gritei.
-Quem eu arrastei para os nossos problemas?!-Ele falou mais alto se aproximando de mim, parecendo ainda mais alto que ja era, e por alguns segundos eu fiquei com vontade de me encolher.
-Giullia, Lorenzo, Matteo! Você errou! Foi você que errou Lucca!
-Você adora apontar o dedo para mim! Mas não fui eu que sumi do mapa, sem mais nem menos! Você poderia agir como uma adulta de vez em quando! Você fugiu com a minha filha!-Agora os dois estavam gritando.
-ELA É MINHA FILHA, E SÓ MINHA! VOCÊ ME ABANDONOU GRÁVIDA LUCCA!! E NADA, NUNCA VAI MUDAR ISSO! NADA VAI MUDAR O QUE EU SENTI!! PARA COM ESSE TEATRINHO! PARE DE FINGIR QUE ESTÁ TUDO BEM! PORQUE NÃO ESTA NADA BEM!-Eu berrei fui em direção a porta e peguei meu casaco sai e bati a mesma com força.
Desci as escadas rapidamente, demorou alguns segundos para perceber que minhas mãos tremiam, de raiva. Eu não ia continuar com aquilo, não mesmo. Ele havia deixado um vazio profundo dentro de mim, e nada iria tapa-lo. Ele não podia voltar a achar que tudo ficaria bem.
Andei cabisbaixa pela calçada, quando notei que flocos de neves caiam singelamente sobre o meu casaco, meu humor ficou mais ameno, mas logo meu casaco ficou úmido e eu procurei um lugar para me proteger, a confeitaria não ficava muito longe de casa. Mas eu queria ir para outro lugar.
Andei por bastante tempo, até chegar na pequena lojinha de livros, entrei e escutei o familiar som do sino.
-Pensei que tinha esquecido desse velho aqui.-Sorri um pouquinho e me sentei na velha poltrona de veludo verde-esmeralda.
-O que houve minha princesa?-Ele se aproximou de mim e se sentou ao meu lado, pude contemplar seus olhos idênticos aos meus, seus dedos começaram a agir agilmente em meus fios de cabelo.
-Papa...parece que meu mundo está desabando...-Ele sorriu gentilmente para mim e me incentivou a continuar a contar, e foi isso que fiz.
Ainda me lembro de quando o encontrei, bom...na verdade ele me encontrou. Parece que meu pai havia ido para Italia me procurar, mas acabou descobrindo que eu havia vindo morar em Paris, sua cidade natal. Eu me lembro de estar reformando a loja, quando ele apareceu todo ansioso na porta, nosso reencontro foi um pouco conturbado, eu fiquei com muita atordoada, de repente um homem surge na minha vida dizendo que era meu pai, achei muito suspeito. Eu exigi um exame de DNA, que acabou confirmando o que ele sempre afirmou. Depois do teste eu me afastei um pouco, eu estava com Lilli pequena em casa, e com muitos problemas. Mas acabei voltando o contato com ele, e agora nós temos uma boa relação, ele é um ótimo avô e pai, sempre que preciso ele está la para me ajudar.
Ele limpou algumas lagrimas que tinham escorrido pelo meu rosto, e sorriu.
-Eu me lembro de quando conheci a sua mãe, eu tinha ido à uma festa, e quando eu a vi...ah! Ela era a mulher mais bonita que eu ja havia visto na minha vida. Ela dançava com o vento, seu sorriso era tão bonito que me fazia sorrir também. Nós nos apaixonamos, mas então eu tive que voltar para França, eu jurei que voltaria, mas então quando voltei, eu nunca mais a encontrei. Quando descobri que você existia, eu fiquei tão feliz, eu perdi muitos anos com você minha filha, e você sofreu demais, mais do que eu, acredito. Apesar de tudo eu não apoio o que este homem esta fazendo, Lilliana é uma criança, e ele tem um filho, na verdade acho que ele está sendo muito egoísta.-Deitei minha cabeça no colo do meu pai e suspirei.
-Papa...você acha que se a minha mãe estivesse aqui, tudo seria diferente?-Ele ficou em silêncio por alguns segundos.
-Sua mãe era uma mulher sábia, mas também muito teimosa...o destino é algo imprevisível minha filha, às vezes os caminhos que ele traça para nós é torto, mas no fim, tudo acaba se endireitando. Tenha fé, não perca aquele amor e felicidade que você carrega dentro do peito, se permita ser livre, talvez não seja ele o homem da sua vida, ou talvez seja. Basta ter paciência e fé.-Me levantei e o abracei, meu pai era ótimo com conselhos, eu senti que fiz a coisa certa em vir visita-lo.
-Eu tenho que voltar, até a próxima papa.-Nos abraçamos novamente e eu parti rumo a casa.
A temperatura estava caindo muito rápido, a neve não parava de cair. Respirei fundo antes de abrir a porta silenciosamente, tirei meu casaco e o pendurei ao lado da porta, um silêncio mortal havia tomado todo o apartamento. Eu notei que ja se passava das 22h provavelmente as crianças estavam na cama.
Abri a porta do meu quarto grata por não ter que conversar com ninguém, eu não estava com fome, então apenas comecei a andar em direção ao meu banheiro. Quando ouvi um resmungo e me virei.
-Olha...eu não quero conversar agora, pode deixar isso pra amanha?
-Não, amanhã eu e Matteo vamos voltar para Italia, você tinha razão, eu me esqueci das minhas obrigações, esqueci da escola de Matteo, apenas para procura-lá.-Agora foi a minha vez de me sentir egoista.
-Lucca, você não precisa ir...
-Sim, eu preciso, eu negligenciei a empresa, e a minha vida tem que continuar, não é?
-Me desculpe...pela discussão.
-Você nunca esteve errada Maria, eu errei, mas só queria que as coisas voltassem ao normal, mas eu sou muito idiota em acreditar nisso, eu errei demais, e compreendo isso.-Suspirei e fui até ele.
Eu o abracei, assim como eu, ele carregava o preço do seu passado, a dor de ser enganado, e a dor de Matteo. Ele sorriu, mas não era um sorriso de felicidade, e sim de tristeza. Ele se afastou e antes de sair do quarto disse.
-E Lilli agora sabe da verdade.-Prendi a respiração e cravei as unhas na minha mão, a ponto de doer.
Com toda a gritaria e ela no lado ao quarto, foi impossível não ouvir. Senti meus ombros pesados e me deitei na cama, eu deixaria o banho para depois, agora eu precisava descansar.
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Jogos do Passado - Série Jogos Da Vida
RomanceLucca Apozzi era o típico homem galinha, porém um erro do passado o fez guardar um segredo, um segredo que ele protegia com as próprias mãos, ele havia se fechado para todos. Mas ao longo do tempo ele voltou a ser um homem que tudo o que ele queria...